Publication year: 2024
Enquadramento:
O processo de comunicação com a pessoa traqueostomizada em Cuidados Paliativos (CP) apresenta desafios significativos para a maioria dos enfermeiros. O conhecimento de estratégias de comunicação alternativas por parte dos enfermeiros é essencial, para que a pessoa participe na tomada de decisão sobre o seu plano terapêutico e expresse as suas últimas mensagens.
Objetivos:
Descrever o processo de comunicação e as estratégias mobilizadas pelos enfermeiros na promoção da narrativa com a pessoa traqueostomizada em cuidados paliativos e identificar a informação a incorporar numa ferramenta tecnológica de apoio à comunicação com a pessoa traqueostomizada em cuidados paliativos.
Metodologia:
Estudo descritivo-exploratório de natureza qualitativa. Colheita de dados realizada através de entrevista semiestruturada. Amostra constituída por oito participantes, enfermeiros que exercem funções numa unidade de internamento de CP.
Utilizada técnica de análise de conteúdo de Bardin (2016), que permitiu organizar e estruturar o corpus de dados em categoria e subcategorias. Obtido consentimento informado dos participantes e autorização da Comissão de Ética da Unidade de Saúde onde o estudo foi desenvolvido.
Resultados:
O processo de comunicação entre o enfermeiro e a pessoa traqueostomizada é complexo, dinâmico, comprometido e com consequências negativas. As estratégias para um processo comunicacional eficaz foram:
a comunicação verbal, não-verbal, paraverbal, a mobilização de recursos, as técnicas de reabilitação da voz, a gestão do ambiente, a disponibilidade e o envolvimento da família como parceira no processo de cuidar. Os domínios a contemplar numa ferramenta tecnológica de apoio à comunicação foram:
as pessoas significativas, os desejos, preocupações, avaliação de sintomas, avaliação da dor, emoções, solicitação da equipa, Necessidades Humanas Fundamentais (NHF), os
cuidados com a ostomia respiratória e a avaliação inicial. Como características, a ferramenta deve ser intuitiva, objetiva, ter um código de cores, imagens associadas a frases, teclas de grandes dimensões, teclas de sim/não, sistema de SOS e uma área livre.
Conclusão:
O estudo permitiu descrever o processo de comunicação entre enfermeiro/pessoa traqueostomizada em CP, assim como as estratégias de comunicação utilizadas para efetivar e facilitar esse processo. Identificou a informação a incorporar numa ferramenta de apoio à comunicação, bem como as suas características, que no futuro devem ser consideradas na construção de um dispositivo de Comunicação Alternativa e
Aumentativa (CAA) para pessoas traqueostomizadas em CP, a fim de melhorar a sua qualidade de vida.