Fatores de risco psicossocial e estresse no trabalho de enfermagem em hospital universitário: modelo desequilíbrio esforço - recompensa
Psychosocial risk factors and stress in nurses’ work at a university hospital: effort-reward imbalance model
Publication year: 2018
O presente estudo tem como tema “fatores de risco psicossocial e estresse em trabalhadores de enfermagem em unidade de internação clínica de um hospital universitário”. Em minhas observações empíricas no hospital que serviu de campo para o presente estudo, identifiquei que parte dos trabalhadores da instituição acumulava duplo vínculo empregatício, cumpria jornadas extensas e se sentia desgastada física e mentalmente, em função das exigências do próprio do trabalho, em termos de esforços físicos, cognitivos e psicomotores. Acrescenta-se a problemática da precarização de parte do serviço de enfermagem, cujo quadro de pessoal vinha sendo composto por trabalhadores com vínculos instáveis. A partir do exposto, os objetivos do estudo são: verificar os esforços e as recompensas a partir do modelo desequilíbrio esforço-recompensa em uma amostra de trabalhadores de enfermagem; discutir a associação entre o desequilíbrio esforço-recompensa e as características sociodemográficas e ocupacionais, em uma amostra de trabalhadores de enfermagem; analisar o estresse resultante da ausência de reciprocidade entre esforços e recompensas do trabalho hospitalar, em uma amostra de trabalhadores de enfermagem. Estudo transversal, quantitativo e descritivo, cujos campos foram as unidades de internação clínica de um hospital universitário público situado no município do Rio de Janeiro. O recrutamento dos participantes foi realizado mediante um levantamento, sendo eleitos para o estudo os trabalhadores que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: trabalhadores de enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem) com vínculo estatutário e temporário, que exerciam suas atividades laborais a partir de 06 meses no serviço. Excluídos os trabalhadores com menos de 06 meses de atuação, em licença para tratamento de problemas de saúde, outros afastamentos e as chefias das unidades. O instrumento utilizado para coleta de dados foi o Questionário Desequilíbrio Esforço Recompensa (ERI, Siegrist, 1996), validado para uso no Brasil por Chor et al (2008) e um questionário para a caracterização dos dados sociodemográficos, ocupacionais e de saúde da amostra. A coleta foi realizada na própria instituição, após a autorização do estudo pelo Conselho de Ética em Pesquisa (CEP) e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
Resultados:
de uma população de 160 trabalhadores, a amostra foi constituída por 110 participantes, em sua maioria, do sexo feminino (87%), faixa etária acima de 45 anos (48%), nível médio (51%), casados (50%), estatutários (64%), temporários (36%) com renda familiar de 3 a 5 salários mínimos. Sobre os esforços e recompensas no trabalho, na aplicação da escala Desequilíbrio Esforço-Recompensa verificou-se que dos 110 trabalhadores, 88 (80%) “não foram expostos” (equilíbrio) e os demais 22 (20%) “expostos” (desequilíbrio), portanto, com risco de estresse psicossocial. Apenas a renda familiar e o tipo de vínculo trabalhista foram associados ao desequilíbrio esforço-recompensa (p < 0,005). Conclui-se a necessidade de novas investigações, tendo em vista a atual reestruturação produtiva ser fator de risco psicossocial para o estresse ocupacional. Há a necessidade de se realizar uma adequada avaliação dos riscos psicossociais no trabalho da enfermagem hospitalar, para poder corrigi-los ou preveni-los, com vistas à redução dos problemas decorrentes do estresse psicossocial.
The present study has as its theme the “factors of psychosocial risk and stress in nursing workers in hospital clinical unit of a university hospital”. In my empirical observations in the hospital that served as a field for this study, I identified that part of the institution’s workers accumulated double employment bond, worked extensive shifts and felt worn out physically and mentally due to the requirements of the work itself in terms of physical, cognitive and psychomotor efforts. Added to the problem is the outsourcing of part of the nursing service, whose staff was being composed of workers with unstable employment bonds. From the above, the objectives of the study are: check the efforts and rewards from the effort-reward imbalance (ERI) model in a sample of nursing workers; discuss the relationship between ERI and the sociodemographic and occupational characteristics in a sample of nursing workers; analyze the stress resulting from the absence of reciprocity between effort and rewards of clinical work in a sample of hospital nursing workers. Cross-sectional, quantitative and descriptive study, whose fields were the clinical hospitalization units of a public university hospital situated in the city of Rio de Janeiro. Recruitment of participants was conducted through data survey, being elected as participants to the study the employees who met the following inclusion criteria: nursing workers (nurses, technicians and nursing assistants) with statutory or temporary employment bonds who exercised their activities as of 6 months in the service. Workers with less than 6 months in service, on leave for treatment of health problems, other medical leaves and sector managers were excluded. The instruments used for data collection were the Effort Reward Imbalance Questionnaire (SIEGRIST, 1996), validated for use in Brazil by Chor (2008), and a tool for the characterization of sociodemographic, health and occupational data of the sample. The data collection was performed at the institution itself, after the authorization of the study by the Board of Ethics in Research (BER) and signature of the Informed Consent Form (ICF).