Saúde mental das mulheres negras brasileiras: uma revisão de escopo
Mental health of black Brazilian women: a scope review
Publication year: 2023
É categórico afirmar que, historicamente, as mulheres negras vivenciam a base da estrutura social. As especificidades das condições dessas mulheres estão estampadas em documentos e retratos estatísticos, revelando um cenário devastador que incide sobre todos os aspectos de suas vidas, da saúde, sobrevivência e moradia ao cárcere, violência e desemprego. Pelo exposto, pensar sobre saúde mental da mulher negra no Brasil demanda um aprofundamento nas entranhas do percurso histórico da formação social brasileira em correlação direta com a organização das sociedades de capitalismo central. A saúde mental é compreendida nesse texto enquanto termo e significado em disputa e movimento, e que corresponde a um vasto campo de alcance e que quando projetado numa direção emancipadora, gera revolta contra os mecanismos naturalizados hegemonicamente. Assim, este estudo objetivou mapear a produção científica nacional e internacional sobre a saúde mental das mulheres negras brasileiras, identificando lacunas e como o campo tem se apresentado. Para sua operacionalização, optou-se pela revisão de escopo que foi conduzida de acordo com a metodologia do Joanna Briggs Institute, com estratégias de busca completas para sete bases de dados e literatura de difícil alcance, a saber: BVS; Scielo; PubMed; Web Of Science; PsyInfo; Embase; Google Scholar e uma revista específica, a Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros. A pergunta que mobiliza esta revisão de escopo, formulada a partir da estratégia PCC, é: Qual a abrangência da produção científica sobre a saúde mental das mulheres negras brasileiras? Os dados demonstraram que as informações sobre a saúde mental das mulheres negras brasileiras são diversas e retratam, majoritariamente, as condições de mulheres negras residentes nas regiões Nordeste e Sudeste.
Os resultados foram apresentados através de quatro categorias:
Sofrimento psíquico, sobrecarga e saúde mental; Resistência e território; Sobre nós, mulheres negras; e Violência racial de gênero contra todas as mulheres negras. Conclui-se que as mulheres negras brasileiras, cotidiana, cíclica e intergeracionalmente têm a saúde mental exposta de maneira cruel por estarem envoltas à violência-racial-estrutural de gênero e classe
It is categorical to state that, historically, black women experience the base of the social structure. The specifics of these women's conditions are stamped in documents and statistical portraits, revealing a devastating scenario that affects all aspects of their lives, from health, survival and housing to prison, violence and unemployment. Based on the above, thinking about the mental health of black women in Brazil demands a deeper understanding of the historical path of Brazilian social formation in direct correlation with the organization of central capitalist societies. Mental health is understood in this text as a term and meaning in dispute and movement, which corresponds to a vast field of reach and which, when projected in an emancipatory direction, generates revolt against hegemonically naturalized mechanisms. Thus, this study aimed to map the national and international scientific production on the mental health of black Brazilian women, identifying gaps and how the field has presented itself. For its operation, we opted for a scope review, which was conducted in accordance with the Joanna Briggs Institute methodology, with complete search strategies for seven databases and hard-to-reach literature, namely: VHL; Scielo; PubMed; Web Of Science; PsyInfo; Base; Google Scholar and a specific journal, the Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros. The question that mobilizes this scope review, formulated from the PCC strategy, is: What is the scope of scientific production on the mental health of black Brazilian women? The data showed that information about the mental health of black Brazilian women is diverse and portrays, mostly, the conditions of black women living in the Northeast and Southeast regions.