Publication year: 2021
Introdução:
Durante sua permanência no alojamento conjunto, o recém-nascido é submetido a diversos procedimentos considerados dolorosos, sendo a punção do calcanhar um dos mais dolorosos e mais realizados em recém-nascidos saudáveis e a termo. Com isso, é importante tratar a dor em recém-nascidos para reduzir qualquer impacto negativo no desenvolvimento e funcionamento do cérebro em longo prazo. Objetivos:
Comparar o efeito do contato pele a pele e da amamentação isolados nas respostas de dor através do tempo basal, em recém-nascidos a termo submetidos à punção do calcanhar para verificação da glicemia no alojamento conjunto. Metodologia:
Trata-se de um estudo piloto de ensaio clínico randomizado, realizado no período de setembro de 2019 a março de 2020, no alojamento conjunto de uma Maternidade Escola localizada no Rio de Janeiro com amostra de 18 recém-nascidos alocados no grupo intervenção (contato pele a pele) ou grupo controle ativo (amamentação). O estudo foi composto por três períodos:
período basal, período de intervenção e período pós-punção. A face dos recém-nascidos foi filmada durante todas os períodos da coleta de dados para posterior análise através dos movimentos faciais fronte saliente, fenda palpebral estreitada e sulco nasolabial aprofundado. A frequência cardíaca e a saturação de oxigênio também foram monitoradas e posteriormente avaliadas. Os dados foram analisados através de estatística descritiva e inferencial utilizando o Programa estatístico R® versão 4.0.3. O estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da instituição proponente e da coparticipante com os números dos pareceres 3.192.251 e 3.210.073, respectivamente, e encontra-se registrado na Plataforma Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos com o registro RBR-5trktfy. Resultados:
Dos 46 recém-nascidos elegíveis, 18 foram incluídos no estudo, sendo 09 alocados no grupo intervenção e 09 no grupo controle ativo. No grupo intervenção pode-se observar diferença significativa na frequência cardíaca máxima durante o período de intervenção em relação ao período basal, indicando que houve um aumento da frequência cardíaca máxima enquanto em contato pele a pele. No grupo controle ativo, não houve diferença significativa na frequência cardíaca máxima quando comparado o período de intervenção com o período basal. Já no período pós-punção, ambos os grupos apresentaram diferença significativa para a frequência cardíaca máxima quando comparada aos níveis apresentados no período basal. Em ambos os grupos, a saturação de oxigênio mínima foi significativamente diferente no período de intervenção quando comparado ao período basal. Porém, observou-se que a saturação de oxigênio retornou aos níveis apresentados no período basal somente no grupo contato pele a pele. Constatou-se que a intervenção contato pele a pele diminuiu a média de saturação de oxigênio quando comparado à intervenção amamentação. Pode-se afirmar que os recém-nascidos do grupo contato pele a pele tiveram um aumento significativo na média de tempo dos movimentos faciais fronte saliente e sulco nasolabial aprofundado quando comparados aos do grupo amamentação. Conclusão:
Não houve diferença significativa entre as intervenções contato pele a pele e amamentação para as variáveis fisiológicas e para as variáveis comportamentais. Portanto, deve-se estimular cada vez mais a utilização do contato pele a pele e da amamentação como medidas não farmacológicas para o alívio da dor dos recém-nascidos que se encontram no alojamento conjunto.
Introduction:
During their stay in rooming-in-care, the newborn is submitted to several procedures considered painful, being the heel puncture one of the most painful and most performed in healthy and full-term newborns. Thus, it is important to treat pain in newborns to reduce any negative impact on long-term brain development and functioning. Objectives:
To compare the effect of skin-to-skin contact and breastfeeding isolated on pain responses through baseline, in term newborns submitted to heel puncture to check blood glucose in rooming-in-care. Methodology:
This is a pilot study of a randomized clinical trial, carried out from September 2019 to March 2020, in the rooming-in-care of a Maternity School located in Rio de Janeiro with a sample of 18 newborns allocated to the intervention group (skin-to-skin contact) or active control group (breastfeeding). The study consisted of three periods:
baseline period, intervention period and post-puncture period. The newborns' faces were filmed during all periods of data collection for further analysis through facial movements brow bulge, eye squeeze and nasolabial furrow. Heart rate and oxygen saturation were also monitored and later evaluated. Data were analyzed using descriptive and inferential statistics using the Statistical Program R® version 4.0.3. The study was approved by the Research Ethics Committees of the proposing institution and of the co-participant with the numbers 3.192.251 and 3.210.073, respectively, and is registered in the Brazilian Clinical Trials Platform with registration RBR-5trktfy. Results:
Of the 46 eligible newborns, 18 were included in the study, with 09 allocated to the intervention group and 09 to the active control group. In the intervention group, a significant difference can be observed in the maximum heart rate during the intervention period in relation to the baseline period, indicating that there was an increase in the maximum heart rate while in skin-to-skin contact. In the active control group, there was no significant difference in maximum heart rate when comparing the intervention period with the baseline period. In the post-puncture period, both groups showed a significant difference for the maximum heart rate when compared to the levels presented in the baseline period. In both groups, the minimum oxygen saturation was significantly different in the intervention period when compared to the baseline period. However, it was observed that oxygen saturation returned to the levels presented in the baseline period only in the skin-to-skin contact group. It was found that the skin-to-skin contact intervention decreased the mean oxygen saturation when compared to the breastfeeding intervention. It can be stated that the newborns in the skin-to-skin contact group had a significant increase in the average time of facial movements, protruding forehead and deepened nasolabial fold, when compared to those in the breastfeeding group. Conclusion:
There was no significant difference between skin-to-skin contact and breastfeeding interventions for physiological and behavioral variables. Therefore, the use of skin-to-skin contact and breastfeeding should be increasingly encouraged as non-pharmacological measures to relieve the pain of newborns who are in rooming-in-care.