Publication year: 2024
Introdução:
A violência obstétrica é um tipo de violência de gênero, pois é contra a mulher durante a gravidez, o parto ou o puerpério, afetando a ela, ao filho, à família e à sociedade em geral. Nas últimas décadas, tem sido descrita e classificada de várias maneiras, existindo dois temas que parecem coincidir em todos os estudos, que são a perda de autonomia para decidir e o dano físico ou psicológico dela ou de seu filho, em curto e longo prazos. Este estudo foi realizado visando a contribuir para a formação de futuros profissionais de saúde sobre violência obstétrica no Equador. Objetivo:
Adaptar linguística e culturalmente e validar o instrumento Percepção da Violência Obstétrica em Estudantes (PercOV-S). Método:
O processo de adaptação e validação cultural consiste em quatro etapas: 1) Harmonização linguística da língua; 2) Consulta a informantes-chave; 3) Entrevista cognitiva com estudantes de ciências da saúde; 4) Teste piloto. O processo de validação do instrumento adaptado linguística e culturalmente consiste em mensurar, estatisticamente, se o instrumento criado em um idioma para ser aplicado no país de origem, após sofrer as mudanças linguísticas e culturais de outro país, possui a mesma validade estatística. Resultados:
Na adaptação cultural e linguística, o instrumento original teve alterações sugeridas pela linguista e pelos oito especialistas. Na entrevista cognitiva com dois estudantes da área da saúde, não foram realizadas alterações, obtendo-se o novo instrumento denominado PercOV-S-A. Para validação, o teste piloto foi realizado com estudantes de enfermagem e de medicina, com 269 questionários válidos. Dos entrevistados, 50,9% (n=137) estudavam medicina e 49,1% (n=132) estudavam. A análise fatorial explicou 52,6% da variância em três fatores ou domínios. O primeiro domínio, identificado como Tratamento Insensível e Cruel, explicou 41,1% da variância e é composto por 18 itens. O segundo domínio explicou 8,6% da variância e é composto por 9 itens; é a chamada Violência Normatizada. O terceiro domínio explicou 2,9% da variância, é composto por 6 itens e é identificado como Negligência e Manipulação. A confiabilidade global do questionário e por domínios, analisados através do alfa de Cronbach () e do indicador McDonald's (), é de 95%. Conclusão:
O novo instrumento adaptado linguística e culturalmente para medir a percepção da violência obstétrica em estudantes de ciências da saúde PercOV-S-A tem alta confiabilidade e pode ser utilizado com o propósito para o qual foi originalmente criado. É imperativo considerar a prevenção da violência obstétrica na formação dos futuros profissionais de saúde, para que as mulheres possam ser protagonistas de própria sua gestação e parto.
Introduction:
Obstetric violence is a type of gender-based violence directed against women during pregnancy, childbirth, or the postpartum period, affecting the woman, her child, family, and society in general. In recent decades, it has been described and classified in various ways, with two themes that seem to coincide in all studies: the loss of autonomy to decide and the physical or psychological damage to her or her child in the short or long term. This study was carried out to contribute to training future health professionals on obstetric violence in Ecuador. Objective:
To linguistically and culturally adapt and validate the tool Perception of Obstetric Violence in Students (PercOV-S). Method:
The process of cultural and linguistic adaptation and validation consists of four stages: 1) linguistic harmonization of the language; 2) consultation with key informants; 3) cognitive interviews with health sciences students; and 4) pilot test. The validation process of the linguistically and culturally adapted instrument involves statistically measuring whether the instrument created in a language intended for application in one country retains the same statistical validity after undergoing linguistic and cultural changes in another country. Results:
In the cultural and linguistic adaptation, the original instrument underwent changes suggested by a linguist and eight experts. No changes were made during the cognitive interview with two health sciences students, resulting in the new instrument called PercOV-S-A. For validation, a pilot test was conducted with nursing and medical students by 269 valid surveys. Of those, 50.9% (n=137) were from the medicine program and 49.1% (n=132) from the nursing program. The factor analysis explained 52.6% of the variance across three factors or domains. The first domain, identified as Insensitive and Cruel Treatment, explained 41.1% of the variance and comprised 18 items. The second domain explained 8.6% of the variance, consisted of 9 items and is called Normalized Violence. The third domain explained 2.9% of the variance, comprising six items and is identified as Neglect and Manipulation. The overall reliability of the questionnaire and by domains, analyzed through Cronbach's alpha () and McDonald's omega (), is 95%. Conclusions:
The new linguistically and culturally adapted instrument to measure the perception of obstetric violence in health sciences students PercOV-S-A demonstrates high reliability and can be effectively used for its intended purpose. Incorporating obstetric violence prevention into the training of future health professionals is imperative, enabling women to control their pregnancies and childbirth experiences.