Publication year: 2024
Introdução:
os transtornos do espectro do autismo (TEA) são uma condição de início precoce, cujas dificuldades estão relacionadas à ausência ou limitações no uso da linguagem, na interação social e das atividades imaginativas, bem como padrões restritos/repetitivos de comportamento. Geralmente, as primeiras manifestações dos TEA aparecem antes dos 36 meses de idade, o que envolve a adoção de medidas de detecção precoce dos sinais de alerta já nesses primeiros meses de vida. No âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), práticas de Enfermagem podem ser empreendidas para a detecção precoce desses sinais de alerta, partindo-se da premissa de que o enfermeiro possui papel estratégico neste processo, cujas ações podem impactar positivamente na qualidade de vida e bem estar de crianças e de suas famílias. Objetivos:
descrever a participação de enfermeiros no processo de detecção precoce dos sinais de alerta dos TEA em crianças de até três anos de idade, no âmbito da Atenção Primária à Saúde; e analisar as relações interpessoais enfermeiros e familiares dessas crianças no processo de detecção precoce dos sinais de alerta dos TEA. Método:
estudo de abordagem qualitativa, descritivo, desenvolvido por meio de entrevistas semiestruturadas com enfermeiros de cinco unidades de Clínica da Família (CF) do município do Rio de Janeiro. Para tratamento dos dados foi utilizado o software IRaMuTeQ®. As interpretações e teorização foram orientadas pela aplicação da Teoria das Relações Interpessoais, de Hildegard Peplau. A pesquisa foi aprovada por Comitês de Ética em Pesquisa (Pareceres nº 5.370.466 e nº 5.443.956). Resultados:
participaram 27 enfermeiros, com idades variando entre 25 e 50 anos (média de 36,3 anos). A área predominante de formação em especialização/residência foi a de Saúde da Família (22 enfermeiros). O tempo de graduação entre os entrevistados obteve média de 9,5 anos; o tempo de trabalho na CF obteve média de 2,9 anos; e o tempo de trabalho na assistência a crianças, com média de 7,2 anos. O corpus advindo das entrevistas foi processado por meio de classificação hierárquica descendente, cuja estruturação se deu em dois blocos temáticos e cinco classes. O bloco I (composto pela classe 2) reuniu 229 segmentos de texto (ST), o que representou 20,3% do corpus textual; e o bloco II (composto pelas classes 1, 3, 4 e 5)
contemplou 866 ST, ou seja, 79,7% do corpus textual. A análise lexical foi estruturada a partir dessas cinco classes, que abordaram os seguintes temas: classe 2) as relações interpessoais nas consultas puericultura; classe 1) capacitação de enfermeiros para a detecção dos sinais de alerta dos TEA; classe 3) papéis dos enfermeiros na atenção a familiares de crianças com sinais de alerta dos TEA; classe 4) a comunicação e o vínculo na relação interpessoal terapêutica; e classe 5) o trabalho multidisciplinar na suspeição precoce dos TEA. Considerações Finais:
a participação dos enfermeiros no processo de detecção precoce dos sinais de alerta dos TEA revelou-se essencial, estratégica e necessária, a despeito das dificuldades constatadas em relação às demandas de trabalho, problemas de fluxos de atendimento, demoras nos acompanhamentos subsequentes pelo sistema de regulação, desconhecimento sobre aplicabilidade de escalas e protocolos de avaliação, e ainda autorreconhecimento precário de seus papéis e questões relacionadas à treinamento e capacitação. As implicações para a Enfermagem estão centradas no fortalecimento das relações interpessoais família-criança-enfermeiro, com vistas a melhorar a qualidade de vida futura, proporcionando suporte adequado e oportuno desde os primeiros passos do desenvolvimento. A articulação do conhecimento técnico-científico com a sensibilidade humana pode ser compreendida como o caminho para uma prática de Enfermagem mais efetiva, libertadora e inclusiva.
Introduction:
autism spectrum disorders (ASD) are an early-onset condition, whose difficulties are related to the absence or limitations in the use of language, social interaction and imaginative activities, as well as restricted/repetitive patterns of behavior. Generally, the first manifestations of ASD appear before 36 months of age, which involves adopting measures to detect early warning signs in the first months of life. Within the scope of Primary Health Care (PHC), Nursing practices can be undertaken for the early detection of these warning signs, based on the premise that nurses have a strategic role in this process, whose actions can positively impact quality of life and well-being of children and their families. Objectives:
to describe the participation of nurses in the process of early detection of warning signs of ASD in children up to three years of age, within the scope of Primary Health Care; and analyze the interpersonal relationships between nurses and families of these children in the process of early detection of warning signs of ASD. Method:
qualitative, descriptive study, developed through semi-structured interviews with nurses from five Family Clinic (CF) units in the city of Rio de Janeiro. The IRaMuTeQ® software was used to process the data. The interpretations and theorization were guided by the application of Hildegard Peplau's Theory of Interpersonal Relations. The research was approved by Research Ethics Committees (Opinions nº 5,370,466 and nº 5,443,956). Results:
27 nurses participated, with ages ranging between 25 and 50 years (average of 36.3 years). The predominant area of specialization/residency training was Family Health (22 nurses). The time since graduation among those interviewed had an average of 9.5 years; working time at CF averaged 2.9 years; and time working in childcare, with an average of 7.2 years. The corpus arising from the interviews was processed through descending hierarchical classification, which was structured into two thematic blocks and five classes. Block I (composed of class 2) brought together 229 text segments (ST), which represented 20.3% of the textual corpus; and block II (composed of classes 1, 3, 4 and 5) included 866 ST, that is, 79.7% of the textual corpus. The lexical analysis was structured based on these five classes, which addressed the following themes: class 2) interpersonal relationships in childcare consultations; class 1) training nurses to detect the warning signs of ASD; class 3) nurses' roles in caring for family members of children with warning signs of ASD; class 4) communication and bonding in the therapeutic interpersonal relationship; and class 5) multidisciplinary work in the early suspicion of ASD. Final Considerations:
the participation of nurses in the process of early detection of warning signs of ASD proved to be essential, strategic and necessary, despite the difficulties observed in relation to work demands, problems with care flows, delays in subsequent follow-ups by the regulation system, lack of knowledge about the applicability of assessment scales and protocols, and also precarious self-recognition of their roles and issues related to training and qualification. The implications for Nursing are centered on strengthening family-child-nurse interpersonal relationships, with a view to improving future quality of life, providing adequate and timely support from the first steps of development. The articulation of technical-scientific knowledge with human sensitivity can be understood as the path to a more effective, liberating and inclusive Nursing practice.
Introducción:
los trastornos del espectro autista (TEA) son una condición de aparición temprana, cuyas dificultades están relacionadas con la ausencia o limitaciones en el uso del lenguaje, la interacción social y las actividades imaginativas, así como con patrones de conducta restringidos/repetitivos. Generalmente, las primeras manifestaciones del TEA aparecen antes de los 36 meses de edad, lo que implica adoptar medidas para detectar signos precoces de alerta en los primeros meses de vida. En el ámbito de la Atención Primaria de Salud (APS), se pueden emprender prácticas de enfermería para la detección temprana de estos signos de alerta, partiendo de la premisa de que el enfermero tiene un papel estratégico en este proceso, cuyas acciones pueden impactar positivamente la calidad de vida y el bienestar. ser de los niños y sus familias. Objetivos:
describir la participación del enfermero en el proceso de detección temprana de signos de alerta de TEA en niños de hasta tres años de edad, en el ámbito de la Atención Primaria de Salud; y analizar las relaciones interpersonales entre enfermeras y familias de estos niños en el proceso de detección precoz de signos de alerta del TEA. Método:
estudio cualitativo, descriptivo, desarrollado a través de entrevistas semiestructuradas con enfermeros de cinco unidades de Clínica de la Familia (CF) de la ciudad de Río de Janeiro. Para procesar los datos se utilizó el software IRaMuTeQ®. Las interpretaciones y teorización estuvieron guiadas por la aplicación de la Teoría de las Relaciones Interpersonales de Hildegard Peplau. La investigación fue aprobada por los Comités de Ética en Investigación (Dictamen nº 5.370.466 y nº 5.443.956). Resultados:
Participaron 27 enfermeros, con edades comprendidas entre 25 y 50 años (promedio de 36,3 años). El área de formación de especialización/residencia predominante fue Salud de la Familia (22 enfermeros). El tiempo de egreso entre los entrevistados tuvo un promedio de 9,5 años; el tiempo de trabajo en CF fue de 2,9 años en promedio; y tiempo trabajado en guarderías, con una media de 7,2 años. El corpus surgido de las entrevistas fue procesado mediante clasificación jerárquica descendente, la cual se estructuró en dos bloques temáticos y cinco clases. El bloque I (compuesto por la clase 2) reunió 229 segmentos textuales (ST), que representaron el 20,3% del corpus textual; y el bloque II
(compuesto por las clases 1, 3, 4 y 5) incluyó 866 ST, es decir, el 79,7% del corpus textual. El análisis léxico se estructuró a partir de estas cinco clases, las cuales abordaron los siguientes temas: clase 2) relaciones interpersonales en las consultas de puericultura; clase 1) formación de enfermeras para detectar las señales de alerta del TEA; clase 3) funciones de las enfermeras en el cuidado de familiares de niños con signos de advertencia de TEA; clase 4) comunicación y vinculación en la relación interpersonal terapéutica; y clase 5) trabajo multidisciplinar en la sospecha temprana de TEA. Consideraciones finales:
la participación de los enfermeros en el proceso de detección temprana de signos de alerta de TEA resultó esencial, estratégica y necesaria, a pesar de las dificultades observadas en relación a las demandas laborales, problemas con los flujos de cuidados, retrasos en los seguimientos posteriores por parte de los sistema de regulación, desconocimiento sobre la aplicabilidad de escalas y protocolos de evaluación, y también precario reconocimiento de sus roles y cuestiones relacionadas con la formación y la cualificación. Las implicaciones para la Enfermería se centran en fortalecer las relaciones interpersonales familia-niño-enfermero, con miras a mejorar la calidad de vida futura, brindando apoyo adecuado y oportuno desde los primeros pasos del desarrollo. La articulación del conocimiento técnico-científico con la sensibilidad humana puede entenderse como el camino hacia una práctica de Enfermería más eficaz, liberadora e inclusiva.