Avaliação da cultura de segurança do paciente no âmbito da atenção primária à saúde
Evaluation of patient safety culture in primary health care

Publication year: 2022

Introdução:

A segurança do paciente vem sendo discutida por gestores/profissionais frente à necessidade de mitigar a ocorrência de eventos adversos. Na atenção primária à saúde (APS) essa discussão torna-se, ainda, mais premente, devido ao alto volume de atendimentos, tornando-se crucial a implementação de uma cultura de segurança do paciente (CSP), a fim de que a qualidade assistencial seja consolidada.

Objetivo:

Avaliar a CSP na rede da APS, de um Município da região do Oeste Paulista.

Método:

Estudo quantitativo, transversal e correlacional; realizado na APS, do Município de Presidente Prudente (SP). A população foi constituída por 206 profissionais, lotados tanto na Estratégia Saúde da Família (ESF) como nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os dados foram coletados de dezembro de 2019 a março de 2020 e de dezembro de 2020 a março de 2021, por meio do questionário Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária e analisados pela estatística descritiva, testes de associação e de correlação. Os aspectos éticos foram observados mediante a Resolução 466/2012.

Resultados:

Quanto às características profissionais: 121 (84%) atuavam na ESF e 49 (87,1%) em UBS há mais de três anos; a carga horária predominante foi de 33 a 40 horas semanais e referente à categoria profissional destacaram-se os agentes comunitários de saúde 58 (40,3%) nas ESF e os médicos 16 (25,9%) nas UBS. Concernente à CSP as dimensões Questões relacionadas a segurança do paciente e qualidade, Troca de informações com outras instituições e Seguimento da assistência ao paciente apresentaram os melhores escores, com 94,8%, 93,1% e 89,8%, respectivamente; em contrapartida a dimensão Pressão e ritmo de trabalho apresentou o menor escore. Comparando as dimensões da CSP entre a ESF e a UBS houve diferenças significativas nas dimensões Treinamento da equipe (0,0281); Comunicação aberta (0,0001); Comunicação sobre o erro (0,0004); Apoio dos gestores na segurança do paciente (0,0094); Aprendizagem organizacional (0,0018) e Percepção geral da segurança do paciente e qualidade (0,0009). As dimensões de CSP apresentaram resultados significativos na associação com tempo de serviço, jornada de trabalho semanal e categoria profissional.

Ao correlacionar as dimensões foi identificada correlação positiva moderada entre:

Treinamento da equipe e Trabalho em equipe (r = 0,44); Pressão no trabalho e ritmo e Trabalho em equipe (r=0,40), Pressão no trabalho e ritmo e Treinamento da equipe (r=0,45), Comunicação aberta e Seguimento da assistência ao paciente (r=0,43), Comunicação aberta e Comunicação sobre o erro (r = 0,58), Aprendizagem organizacional e Treinamento da equipe (r = 0,43), Aprendizagem organizacional e Processo de trabalho e padronização (r= 0,47), Aprendizagem organizacional e Comunicação aberta (r = 0,42), Aprendizagem organizacional e Comunicação sobre o erro (r = 0,55), Percepção geral da segurança do paciente e qualidade e Aprendizagem organizacional (r = 0,45), Troca de informações com outros setores e Questões relacionadas à segurança do paciente e qualidade (r = 0,46).

Conclusão:

Os achados permitiram conhecer os resultados acerca da avaliação da CSP, podendo contribuir para a implementação de intervenções, disseminar a segurança do paciente entre os trabalhadores e reduzir os riscos aos usuários da APS.

Introduction:

Patient safety has been discussed by managers/professionals due to the need to mitigate the occurrence of adverse events. In primary health care (PHC) this discussion becomes even more pressing due to the high volume of care, making it crucial to implement a patient safety culture (PSC) in order to consolidate the quality of care.

Objective:

To evaluate the PSC in the PHC network of a city in the western region of São Paulo.

Method:

Quantitative, cross-sectional, and correlational study; carried out in the PHC of the city of Presidente Prudente (SP). The population was composed of 206 professionals, allotted to both the Family Health Strategy (ESF) and Basic Health Units (BHU). Data were collected from December 2019 to March 2020 and from December 2020 to March 2021, through the questionnaire Survey on Patient Safety Culture for Primary Care and analyzed by descriptive statistics, association, and correlation tests. The ethical aspects were observed by means of Resolution 466/2012.

Results:

Regarding professional characteristics: 121 (84%) had worked in the FHS and 49 (87.1%) in BHU for more than three years; the predominant workload was 33 to 40 hours per week and regarding the professional category, 58 community health agents (40.3%) in the FHS and 16 physicians (25.9%) in the BHU. With regard to the PHC, the dimensions Issues related to patient safety and quality, Information exchange with other institutions and Follow-up of patient care showed the best scores, with 94.8%, 93.1% and 89.8%, respectively; on the other hand, the dimension "Pressure and pace of work" showed the lowest score. Comparing the PHC dimensions between the FHS and the BHU, there were significant differences in the dimensions Team training (0.0281); Open communication (0.0001); Communication about the error (0.0004); Support from managers in patient safety (0.0094); Organizational learning (0.0018) and General perception of patient safety and quality (0.0009). The PHC dimensions showed significant results in the association with length of service, weekly working hours, and professional category. When correlating the dimensions, a moderate positive correlation was identified between Team training and Teamwork (r = 0.44); Pressure at work and pace and Teamwork (r=0.40), Pressure at work and pace and Team training (r=0.45), Open communication and Follow up of patient care (r=0.43), Open communication and Communication about the error (r = 0.58), Organizational learning and Team training (r = 0.43), Organizational learning and Work process and standardization (r= 0.47), Organizational learning and Open communication (r = 0.42), Organizational learning and Communication about the error (r = 0.55), General perception of patient safety and quality and Organizational learning (r = 0.45), Information exchange with other sectors and Issues related to patient safety and quality (r = 0.46).

Conclusion:

The findings allowed to know the results about the assessment of PSC, and may contribute to the implementation of interventions, disseminate patient safety among workers and reduce risks to users of the PHC.