Publication year: 2024
Introdução:
Os avanços tecnológicos se evidenciam nos novos modos de viver, de se
relacionar, de se comunicar, se informar e de se autocuidar. Pessoas idosas têm utilizado cada vez mais aparatos tecnológicos para manterem-se informadas e fomentar interação social. Na pandemia da Covid-19, as tecnologias eletrônicas/digitais foram cruciais no campo da educação, com a implantação do ensino remoto. Professores idosos precisaram readequar suas práticas de trabalho. O ensino remoto emergiu como uma novidade a ser compreendida, gerando novos saberes e novas práticas. Objetivos:
Conhecer as representações sociais sobre o trabalho remoto viabilizado por tecnologias eletrônicas/digitais para os professores idosos em tempos de pandemia da Covid-19; identificar as ferramentas on-line utilizadas por eles; analisar as estratégias aplicadas para lidar com tais tecnologias e descrever as reconfigurações de formas de trabalho on-line praticadas durante a pandemia de Covid-19 à luz de suas representações sociais. Método:
Pesquisa qualitativa, analítica, com referencial da Teoria das Representações Sociais. Participaram 15 docentes idosos, captados por bola de neve. A coleta de dados foi por instrumento estruturado sobre o perfil psicosociodemográfico e semiestruturado para a entrevista em profundidade. Aplicou-se a estatística descritiva e percentual nos dados do perfil e o software Alceste nas entrevistas. Resultados:
Participaram 13(87%) mulheres e dois (13%) homens, com idade entre 60 e 78 anos. Os dados majoritários são:
nove (60%) com Pós-graduação stricto sensu, nove (60%) trabalham em instituições públicas, 13 (87%) trabalham mais de oito horas por dia, e 11 (73%) atuam no ensino superior. O processamento das entrevistas indicou 71% de aproveitamento, com geração de cinco classes lexicais. Os docentes idosos aderiram ao ensino remoto, mas com sobrecargas e inseguranças pela pandemia, potencializadas pela necessidade de aprender novas formas de ensinar no decorrer do próprio trabalho. As representações sociais se organizaram na relação entre aluno, professor e espaço virtual, com esforços cognitivos e afetivos de reinterpretação da sala de aula, da aula em si, da relação professor-aluno e das formas de ensinar e aprender. O ensino remoto evidenciou as desigualdades sociais dos grupos e a precariedade do acesso às redes, culminando em baixa participação nas atividades. A readequação da rotina com reconfiguração do cotidiano implicou em reorganização pessoal-laboral e novos aprendizados para manusear os equipamentos virtuais, bem como as novas estratégias de ensino mais participativas. Houve ampliação da carga horária de trabalho, adensamento das responsabilidades que reverberou na saúde física, mental e emocional dos docentes idosos. Conclusão:
Políticas públicas de inserção tecnológica e inclusão digital são urgentes, pois ficaram evidentes a capacidade dos docentes idosos de se reinventarem para atenderem às demandas da pandemia de Covid-19. A educação permanente é uma estratégia para que os professores se atualizem e aprendam a lidar com os equipamentos e recursos eletrônicos/digitais com mais eficiência. Conhecer o contexto do trabalho e o quanto o docente idoso está apto para desempenhar suas funções são condições para se traçar estratégias inclusivas nas novas modalidades de ensino, além de cuidados planejados alinhados ao seu cotidiano e às suas condições de realização para bem cuidá-lo.
Introduction:
Technological advances are evident in new ways of living, relating, communicating, getting information, and self-care. Elderly people have increasingly used technological devices to stay informed and encourage social interaction. In the Covid-19 pandemic, electronic/digital technologies were crucial in the field of education, with the implementation of remote teaching. Elderly teachers needed to readapt their work practices. Remote teaching emerged as a novelty to be understood, generating new knowledge and new practices. Objectives:
To understand social representations about remote work made possible by electronic/digital technologies for elderly teachers in times of the Covid-19 pandemic; identify the online tools they use; analyze the strategies applied to deal with such technologies and describe the reconfigurations and forms of online work practiced during the Covid-19 pandemic in light of their social representations. Method:
Qualitative, analytical research, concerning the Theory of Social Representations. 15 elderly teachers participated, captured through snowball sampling. Data collection will be done using a structured instrument on the psycho-sociodemographic profile and semi-structured for in-depth interviews. Descriptive and percentage statistics were applied to the profile data and the Alceste software was applied to the interviews. Results:
13 (87%) women and two (13%) men participated, aged between 60 and 78 years. The majority of data are nine (60%) with a stricto sensu postgraduate degree, nine (60%) work in public institutions, 13 (87%) work more than eight hours a day, and 11 (73%) work in higher education. The processing of the interviews indicated 71% success, with the generation of five lexical classes. Elderly teachers joined remote teaching, but with overloads and insecurities due to the pandemic, heightened by the need to learn new ways of teaching in the course of
their work. Social representations were organized in the relationship between student, teacher, and virtual space, with cognitive and affective efforts to reinterpret the classroom, the class itself, the teacher-student relationship, and the ways of teaching and learning. Remote teaching highlighted the social inequalities of the groups and the precariousness of access to networks, culminating in low participation in activities. The readjustment of the routine with the reconfiguration of daily life resulted in personal-work reorganization and new learning to use virtual equipment, as well as new, more participatory teaching strategies. There was an increase in the working hours, and an increase in responsibilities that had an impact on the physical, mental, and emotional health of elderly teachers. Conclusion:
Public policies for technological insertion and digital inclusion are urgent, as the ability of elderly teachers to reinvent themselves to meet the demands of the Covid-19 pandemic has become evident. Continuing education is a strategy for teachers to update themselves and learn to deal with electronic/digital equipment and resources more efficiently. Knowing the context of the work and how able the elderly teacher are to perform their duties are conditions for designing inclusive strategies in new teaching modalities, in addition to planned care aligned with their daily lives and their conditions for providing good care.