Tradução, adaptação transcultural e validação da Play-Performance Scale for Children para o português brasileiro

Publication year: 2021

A Play-Performance Scale for Children (PPSC), conhecida como Escala de Lansky, é uma escala de avaliação da capacidade funcional que proporciona à equipe multiprofissional uma visão do estado clínico atual da criança e do adolescente com câncer. A gradação da funcionalidade é avaliada por meio da observação das atividades desenvolvidas de acordo com a possibilidade da criança e do adolescente com o avanço da doença.

Os objetivos do estudo são:

traduzir a PPSC para o português brasileiro; adaptar a versão traduzida da PPSC com a verificação pelo Comitê de Juízes da equivalência semântica, idiomática, cultural e conceitual em relação à versão original em inglês para a cultura brasileira, e validar a versão brasileira da PPSC para uso em crianças e adolescentes com câncer. Trata-se de um estudo metodológico de adaptação transcultural em seis etapas: tradução inicial, síntese das traduções, retrotradução, revisão por um comitê de especialistas, pré-teste e submissão aos autores da escala. Para a validação, procedeu-se: à validação semântica; às validades de conteúdo e de critério e; à avaliação da fidedignidade. A amostra foi composta de 59 crianças e adolescentes com câncer entre 01 e 16 anos internados nas enfermarias de oncologia pediátrica e de hematologia infantil e na sala de observação da emergência. A coleta de dados foi constituída da aplicação da escala por meio da observação de quatro enfermeiros pediatras e do familiar/acompanhante nas referidas unidades.

Resultados:

Duas tradutoras bilingues e brasileiras fizeram a tradução e a síntese das traduções, sendo que para a síntese foi acrescentada uma terceira tradutora. A retrotradução foi realizada por dois tradutores bilingues norte-americanos. O Comitê de Juízes foi composto de três enfermeiras pediatras doutoras que realizaram a avaliação das traduções e das equivalências semântica, idiomática, cultural e conceitual, obtendo IVC 95,8 % com consistência interna de 0,908. A validação de conteúdo foi realizada por quinze enfermeiros pediatras com IVC geral total de 85,9 % e consistência interna de 0,885. Para a validade de critério, verificou-se que a idade das crianças, o tratamento paliativo, o tratamento curativo integrado com os cuidados paliativos e o nível de instrução do familiar/acompanhante influenciaram o aumento médio dos escores da escala PPSC. Quanto aos tratamentos atuais, as crianças e os adolescentes em tratamento quimioterápico, cirúrgico e controle dos sintomas tiveram escores mais baixos que àquelas em tratamento radioterápico.

Conclusões:

O processo de adaptação transcultural da escala PPSC ocorreu de forma satisfatória. Quanto à validação, a escala PPSC pode ser utilizada para avaliação da funcionalidade de crianças e adolescentes com câncer, pois foi considerada confiável. Verificou-se que o familiar/acompanhante é um aplicador confiável desde que receba orientações prévias e seja o cuidador principal. A PPSC não é dividida por faixa etária, exigindo do enfermeiro pediatra que ele esteja atento quanto ao crescimento e desenvolvimento normal da criança e do adolescente para não subestimar a funcionalidade. A PPSC necessita ser aplicada em outros níveis de atendimento como ambulatório e domicílio, a fim de que a referida escala possa ser disponibilizada para a utilização no contexto brasileiro.
The Play-Performance Scale for Children (PPSC), known as the Lansky Scale, is a functional capacity assessment scale that provides the multi-professional team with insight into the current clinical status of children and adolescents with cancer. The functionality gradation is evaluated through the observation of the activities that the child and the adolescent can develop as the disease progresses. The objectives of the study are to translate the PPSC into Brazilian Portuguese; to adapt the translated version of the PPSC with the Committee of Judges verifying the semantic, idiomatic, cultural, and conceptual equivalence in relation to the original English version for the Brazilian culture, and to validate the Brazilian version of the PPSC for use in children and adolescents with cancer. This is a methodological study of cross-cultural adaptation in six stages: initial translation, synthesis of translations, back-translation, review by a committee of experts, pre-test, and submission to the authors of the scale. For the validation, we carried out the semantic validation, the content and criterion validations, and the reliability evaluation. The sample was composed of 59 children and adolescents with cancer between 01 and 16 years old hospitalized in pediatric oncology and hematology wards, and in the observation room of the emergency room. Data collection consisted of the application of the scale through the observation of four pediatric nurses and the family member/attendant in the mentioned units.

Results:

Two bilingual and Brazilian translators did the translation and the synthesis of the translations, and a third translator was added for the synthesis. The back translation was performed by two North American bilingual translators. The Judge’s Committee was composed of three pediatric nurse doctors who evaluated the translations and the semantic, idiomatic, cultural, and conceptual equivalence, obtaining a CVI of 95.8% with an internal consistency of 0.908. The content validation was performed by fifteen pediatric nurses with a total overall CVI of 85.9% and an internal consistency of 0.885. For criterion validity it was found that the age of children, palliative treatment, curative treatment integrated with palliative care and the level of education of the family/caregiver influenced the average increase in the scores of the PPSC scale. As for current treatments, children and adolescents in chemotherapy, surgical treatment and symptom control had lower scores than those in radiotherapy treatment.

Conclusions:

The cross-cultural adaptation process of the PPSC scale occurred satisfactorily. As for validation, the PPSC scale can be used to assess the functionality of children and adolescents with cancer, as it was considered reliable. It was verified that the family member/accompanying person is a reliable applicator if he/she receives previous orientations and is the main caregiver. The PPSC is not divided by age group, requiring the pediatric nurse to be aware of the normal growth and development of the child and adolescent, so as not to underestimate functionality. The PPSC needs to be applied in other levels of care such as outpatient and home care, so that this scale can be made available for use in the Brazilian context.
La Escala de Desempeño para Niños (PPSC), conocida como la Escala Lansky, es una escala de evaluación de la capacidad funcional que proporciona al equipo multiprofesional una visión del estado clínico actual de los niños y adolescentes con cáncer. La gradación de la funcionalidad se evalúa observando las actividades que el niño y el adolescente pueden desarrollar con la progresión de la enfermedad.

Los objetivos del estudio son:

traducir el PPSC al portugués brasileño; adaptar la versión traducida del PPSC con el Comité de Jueces verificando la equivalencia semántica, idiomática, cultural y conceptual en relación con la versión original en inglés para la cultura brasileña, y validar la versión brasileña del PPSC para su uso en niños y adolescentes con cáncer.

Se trata de un estudio metodológico de adaptación transcultural en seis etapas:

traducción inicial, síntesis de las traducciones, retro traducción, revisión por un comité de expertos, pretest y presentación a los autores de la escala. Para la validación, se realizó la validación semántica, la validez de contenido y de criterio y la evaluación de la fiabilidad. La muestra estuvo compuesta por 59 niños y adolescentes con cáncer de entre 01 y 16 años hospitalizados en las salas de oncología y hematología pediátrica y en la sala de observación de urgencias. La recogida de datos consistió en la aplicación de la escala a través de la observación de cuatro enfermeras de pediatría y del familiar/acompañante en dichas unidades.

Resultados:

Dos traductores bilingües brasileños realizaron la traducción y la síntesis de las traducciones, y se añadió un tercer traductor para la síntesis. La traducción inversa fue realizada por dos traductores bilingües norteamericanos. El Comité de Jueces estuvo compuesto por tres enfermeras pediátricas doctoras que evaluaron las traducciones y las equivalencias semánticas, idiomáticas, culturales y conceptuales, obteniendo un IVC del 95,8% con una consistencia interna de 0,908. La validación del contenido fue realizada por quince enfermeras pediátricas con un CVI total de 85,9% y una consistencia interna de 0,885. En cuanto a la validez de criterio, se comprobó que la edad de los niños, el tratamiento paliativo, el tratamiento curativo integrado con los cuidados paliativos y el nivel de educación de la familia/cuidador influyeron en el aumento medio de las puntuaciones de la escala PPSC. En cuanto a los tratamientos actuales, los niños y adolescentes que reciben tratamiento quimioterápico, quirúrgico y de control de los síntomas tienen puntuaciones más bajas que los que reciben tratamiento radioterápico.

Conclusiones:

el proceso de adaptación transcultural de la escala PPSC se produjo de forma satisfactoria. En cuanto a la valoración, la escala PPSC puede utilizarse para evaluar la funcionalidad de los niños y adolescentes con cáncer, ya que se considera fiable. Se comprobó que el familiar/acompañante es un aplicador fiable siempre que reciba orientación previa y sea el cuidador principal. El PPSC no está dividido por grupos de edad, lo que obliga a la enfermera pediátrica a conocer el crecimiento y desarrollo normal de los niños y adolescentes para no subestimar su funcionalidad. Es necesario aplicar el PPSC en otros niveles de atención, como el ambulatorio y el domiciliario, para que esta escala pueda estar disponible para su uso en el contexto brasileño.