Publication year: 2022
Introdução:
As doenças crônicas não transmissíveis afetam o bem-estar, exigem gerenciamento diário e assistência médica por tempo prolongado. O autocuidado é cada vez mais reconhecido como fundamental no manejo das doenças crônicas. O autocuidado, segundo a teoria do autocuidado na doença crônica, é um processo de tomada de decisão naturalista envolvendo práticas de promoção da saúde e gestão do processo de doença. A fim de avaliar o autocuidado de indivíduos com enfermidades crônicas foi desenvolvido e validado o instrumento Self-Care of Chronic Illness Inventory. Esse instrumento, composto por 20 itens distribuídos em três escalas (autocuidado de manutenção, autocuidado de monitoramento e autocuidado de gerenciamento), ainda não está adaptado para uso no Brasil. Objetivos:
Adaptar o Self-Care of Chronic Illness Inventory para uso na população brasileira; verificar a validade de construto e a consistência interna da versão adaptada; descrever o autocuidado de pessoas com uma ou mais doenças crônicas; e analisar possível associação entre autocuidado e qualidade de vida. Método:
Estudo metodológico de adaptação e validação de instrumento. A pesquisa teve início após aprovação do comitê de ética em pesquisa e foi desenvolvida em duas fases:
Fase I foi a adaptação cultural do Self-Care of Chronic Illness Inventory, por meio de tradução, retro-tradução e avaliação da compreensibilidade por um grupo de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis; Fase II foi o estudo das propriedades psicométricas do instrumento adaptado e incluiu procedimentos para descrever o autocuidado na doença crônica. Os dados (características sociodemográficas e clínicas, autocuidado e qualidade de vida) foram coletados por entrevista e/ou autorrelato de adultos com pelo menos uma doença crônica, em acompanhamento ambulatorial, no interior e na capital de São Paulo, Brasil. Os dados foram analisados por estatística descritiva, análise fatorial confirmatória, coeficientes de consistência interna, e testes de correlação. Resultados:
o instrumento foi adaptado para o Brasil ficando denominado Self-Care of Chronic Illness Inventory Versão Brasileira. A avaliação de validade de construto e de consistência interna foi realizada com dados obtidos de 227 pessoas com pelo menos uma doença crônica (74,89% do sexo feminino, média de idade de 58,03 (DP13,18) anos, escolaridade média de 8,91 (DP 5,1) anos de estudo, com média de 1,77 doenças por pessoa. Análise fatorial confirmatória confirmou a estrutura teórica das três escalas do instrumento (CFI 0,979; TLI 0,976; RMSEA 0,053; e SRMR 0,072) e todos os itens, com exceção dos itens 1 e 17 (Procura dormir o suficiente? e Tomar um remédio para diminuir ou eliminar o sintoma) tiveram cargas acima de 0,3. A consistência interna das escalas (alfa de Cronbach) variou de 0,606 a 0,813 e o coeficiente ômega foi de 0,929 para o conjunto das três escalas. Houve predominância de pessoas com autocuidado inadequado no autocuidado de manutenção (52,4%) e de gerenciamento (73,9%); no autocuidado de monitoramento 44,9% tinham autocuidado inadequado. Houve correlação moderada entre autocuidado de manutenção e qualidade de vida (r=0,581). Conclusão:
o Self-Care of Chronic Illness Inventory Versão Brasileira reúne boas evidências de validade para utilização no Brasil para o estudo do autocuidado nas doenças crônicas. O autocuidado na amostra estudada precisa ser melhorado.
Introduction:
Chronic non-communicable diseases affect well-being and require daily management and medical assistance for a prolonged time. Self-care is increasingly recognized as fundamental in the management of chronic diseases. According to the Theory of Self-Care of Chronic Illness, self-care is a naturalistic decision-making process involving health promotion practices and management of the disease process. To assessself-care in individuals with chronic diseases, the Self-Care of Chronic Illness Inventory was developed and validated. This instrument, composed of 20 items distributed on three scales (Self-Care Maintenance, Self-Care Monitoring, and Self-Care Management), is not yet adapted for use in Brazil. Aim:
To adapt the Self-Care of Chronic Illness Inventory for use with the Brazilian population; verify the construct validity and internal consistency of the adapted version; describe self-care in people with one or more chronic diseases; and analyze a possible association between self-care and quality of life. Methods:
Methodological study of instrument adaptation and validation. The research began after approval by the Research Ethics Committee and was developed in two phases:
Phase I was the cultural adaptation of the Self-Care of Chronic Illness Inventory, through translation, back-translation, and assessment of comprehensibility by a group of people with chronic non-communicable diseases; Phase II wasthe study of the psychometric properties of the adapted instrument and included procedures to describe self-care in chronic disease. The data (sociodemographic and clinical characteristics, self-care, and quality of life) were collected by interview and/or self-reports by adults with at least one chronic disease in outpatient followup, in the countryside and capital of São Paulo, Brazil. Data were analyzed by descriptive statistics, confirmatory factor analysis, internal consistency coefficients, and correlation tests. Results:
The instrument was adapted for Brazil and was named the Self-Care of Chronic Illness Inventory--Brazilian Version. The evaluation of construct validity and internal consistency was undertaken with data obtained from 227 people with at least one chronic illness (74.89% female, mean age 58.03 (SD 13.18) years, mean education 8.91 (SD 5.1) years, with a mean of 1.77 illnesses per person. Confirmatory factor analysis confirmed the theoretical structure of the three scales of the instrument (CFI 0,979; TLI - 0.976; RMSEA 0,053; and SRMR 0,072) and all items except itens 1 and 17 (Make sure to get enough sleep? and Take a medicine to make the symptom decrease or go away?) had loadings above 0.3. The internal consistency of the scales (Cronbachs alpha) ranged from 0.606 to 0.813 and the omega coefficient was 0.929 for the set of three scales. There was a predominance of people with inadequate self-care in maintenance self-care (52.4%) and management self-care (73.9%); in monitoring self-care, 44.9% had inadequate self-care. There was a moderate correlation between self-care maintenance and quality of life (r=0,581). Conclusion:
The Self-Care of Chronic Illness Inventory-- Brazilian Version demonstrates good evidence of validity for the study of self-care in chronic diseases in Brazil. Self-care in the sample studied needs to be improved.