O parto verticalizado como estratégia de empoderamento da mulher

Publication year: 2024

O presente relatório visa a reflexão do processo de desenvolvimento de competências comuns e específicas do enfermeiro especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, assim como de competências de mestre. A institucionalização do parto e a sua crescente medicalização, têm vindo a interferir desnecessariamente nos mecanismos fisiológicos do mesmo, nomeadamente no que respeita ao posicionamento da mulher. É preciso resgatar o parto como um evento natural e fisiológico onde a protagonista é a mulher, evitando que esta seja submetida a procedimentos muitas vezes desnecessários. Embora a evidência científica reconheça os benefícios da adoção de posições verticalizadas, e esta seja uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde para uma experiência de parto positiva, a falta de empoderamento das mulheres e a resistência por parte dos profissionais e das instituições, impedem a sua concretização. Neste sentido tornou-se importante conhecer a experiência das mulheres acerca do parto em posições verticais. Com o objetivo de mapear a evidência científica mais atual sobre a experiência de parto de mulheres em relação ao parto verticalizado foi realizada uma scoping review. Numa segunda fase foi desenvolvido um estudo exploratório descritivo, de abordagem mista, com os objetivos de identificar o conhecimento das grávidas sobre a adoção de posições verticais durante o trabalho de parto e conhecer a experiência de puérperas que adotaram posições verticais no segundo estádio do trabalho de parto. Os resultados obtidos revelaram que a adoção de posições verticais no segundo estádio do trabalho de parto contribui para o alívio da dor, maior conforto, menos intervenções desnecessárias e partos mais rápidos. O parto verticalizado é reconhecido também como uma estratégia de empoderamento da mulher. Ao optar por posições verticais a mulher assume uma postura ativa, permitindo-lhe sentir-se mais conectada e envolvida no nascimento do seu filho. É promovida a autonomia da mulher, proporcionando-lhe uma maior sensação de controlo e protagonismo, contribuindo para o início positivo da maternidade. Ao oferecer esta opção e apoiar as preferências individuais de cada mulher, o enfermeiro contribui para o seu empoderamento e, consequentemente, para uma experiência de parto positiva.(AUT)
The present report aims to reflect on the process of developing common and specific competencies of the specialist nurse in Maternal and Obstetric Nursing, as well as master's level competencies. The institutionalization and increasing medicalization of childbirth have unnecessarily interfered with its physiological mechanisms, particularly regarding women's positioning. It is necessary to reclaim childbirth as a natural and physiological event where the woman is the protagonist, avoiding her being subjected to often unnecessary procedures. Although scientific evidence recognizes the benefits of adopting upright positions, and this is one of the recommendations of the World Health Organization for a positive childbirth experience, the lack of empowerment of women and resistance from professionals and institutions prevent its implementation. Therefore, it has become important to understand women's experiences regarding childbirth in upright positions. With the aim of mapping the most current scientific evidence on women's childbirth experiences related to upright childbirth, a scoping review was conducted. In a second phase, an exploratory descriptive study with a mixed-methods approach was developed, aiming to identify pregnant women's knowledge about adopting upright positions during labor and to understand the experiences of postpartum women who adopted upright positions in the second stage of labor. The results obtained revealed that adopting upright positions in the second stage of labor contributes to pain relief, greater comfort, fewer unnecessary interventions, and faster deliveries. Upright childbirth is also recognized as a strategy for women's empowerment. By choosing upright positions, women take an active stance, allowing them to feel more connected and involved in the birth of their child. Women's autonomy is promoted, providing them with a greater sense of control and protagonism, contributing to a positive start to motherhood. By offering this option and supporting each woman's individual preferences, the nurse contributes to her empowerment and consequently to a positive childbirth experience.(AUT)