Hipertensão arterial sistêmica na população urbana e rural de Sacramento/MG: prevalência e não adesão ao tratamento medicamentoso
Systemic arterial hypertension in urban and rural population of Sacramento/MG: prevalence and non-adherence to medication treatment
Publication year: 2015
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública devido aos altos índices de prevalência da doença, baixa adesão ao tratamento medicamentoso e controle insatisfatório da Pressão Arterial (PA) na população hipertensa. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da HAS e identificar os índices e fatores relacionados à não adesão e abandono ao tratamento medicamentoso e não controle da PA nas áreas rural e urbana do município de Sacramento/MG. Trata-se de um inquérito epidemiológico de amostragem aleatória que envolveu 1.528 indivíduos com idade igual ou superior a 20 anos. Foram coletados dados relacionados a variáveis socioeconômicas, características clínicas e informações relativas a terapêutica medicamentosa e acesso ao serviço de saúde. A prevalência da HAS foi calculada a partir do relato do participante, uso declarado de anti- hipertensivos e constatação diagnóstica entre aqueles que desconheciam sua condição. A não adesão foi medida com o "Questionário de Adesão a Medicamentos - Qualiaids" (QAM-Q), validado no Brasil. Foi considerado abandono do tratamento a situação em que o participante informou estar há pelo menos uma semana sem tomar nenhum anti-hipertensivo; a avaliação do não controle considerou os hipertensos em tratamento que apresentaram a PA elevada no momento da entrevista. Na análise univariada utilizou-se o Odds ratio como medida de efeito. Para o ajuste das variáveis de confusão foi utilizado o modelo de regressão logística com nível de significância de p<0,05. Foram entrevistados 153 sujeitos residentes da área rural e 1375 da área urbana. A prevalência de HAS foi de 38,6%, sendo 38,6% na área urbana e 38,5% na rural. Entre os hipertensos (n=590), 8,5% desconheciam esta condição. Dentre os que conheciam sua condição de hipertenso (n=540), 90,6% estavam em tratamento, 58,9% não aderiam ao tratamento, 9,4% abandonaram a terapia medicamentosa e 47,4 % apresentaram a PA não controlada.
As variáveis que apresentaram associação com a HAS foram:
idade igual ou superior a 40 anos, obesidade, baixa escolaridade, falta de trabalho e histórico familiar de HAS. O desconhecimento da condição de hipertenso foi associado à baixa escolaridade.As variáveis associadas a não adesão foram:
sedentarismo, uso do saleiro, consumo de alimentos industrializados, exercício do trabalho e não comparecimento às consultas médicas.O abandono do tratamento medicamentoso foi associado a:
sexo masculino, idade jovem, baixa renda, tabagismo, consumo de alimentos industrializados, estresse, não comparecimento periódico a consultas médicas, medida esporádica da PA e viver sem companheiro (a).As variáveis associadas ao não controle da PA foram:
renda per capita maior que um salário mínimo, etilismo, diagnóstico de HAS há mais de cinco anos, não comparecimento à consulta médica e não seguimento da prescrição medicamentosa. A identificação da prevalência e variáveis associadas à HAS e não adesão ao tratamento medicamentoso colabora para a elaboração de políticas públicas de saúde que visam reduzir complicações da doença e melhorar a qualidade de vida da população hipertensa
The Systemic Hypertension (SH) is a public health problem due to high rates of disease prevalence, low adherence to drug therapy and unsatisfactory control of Blood Pressure (BP) in the hypertensive population. The aim of this study was to evaluate the prevalence of SH and identify the indices and factors related to non- adherence and discontinuation of drug treatment, and lack of BP control, in rural and urban areas of Sacramento Municipality, Minas Gerais. This is an epidemiological survey of random sampling, involving 1,528 individuals aged 20 years or above. Data were collected based on socioeconomic variables, clinical characteristics and information related to drug therapy and access to health services.