Estratégias para a superação das barreiras de acesso aos serviços de saúde por mulheres e homens transgênero
Strategies for overcoming barriers to access to health services for transgender women and men

Publication year: 2022

Introdução:

O objeto do estudo são as estratégias para o enfrentamento das barreiras de acesso aos serviços de saúde, por homens e mulheres transgênero.

Objetivo:

Analisar e propor estratégias para a superação das barreiras identificadas no acesso aos serviços de saúde, por pessoas transgênero.

Método:

Percorreu-se a metodologia da Rede de Políticas Informadas por Evidências, nas seis etapas: 1) prioridade para a definição dos programas e políticas: oficina problematizadora (julho de 2021) para definição do problema de pesquisa; 2) busca de evidências e seleção dos estudos, por meio de duas revisões bibliográficas que buscaram responder à pergunta: Quais estratégias estão disponíveis para o enfrentamento das barreiras no acesso aos serviços de saúde de mulheres e homens transgênero? (setembro de 2021).

Acesso às 16 bases de dados em busca de revisões sistemáticas:

BDenf, LILACS, Medline, PubMed, Cinahl, Epistemonikos, Nice evidence, EMBASE, Psyinfo, Scopus, Carpha evidence, Cochrane Library, Health Systems Evidence, JBI, Web of Science e Social systems evidence.

Descritores:

transgênero AND acesso aos serviços de saúde; e transgênero AND barreiras de acesso AND serviços de saúde. A seleção dos estudos foi feita por dois pesquisadores independentes, e utilizou-se o aplicativo Rayyan - Intelligent Systematic Review e; 3) Extração de dados relevantes das revisões sistemáticas selecionadas e avaliação da qualidade metodológica dos estudos, com a aplicação do instrumento AMSTAR 2 (A Measurement Tool to Assess Systematic Reviews); 4) definição da(s) opção(ões) e possível estratégia(s) para abordagem do problema; 5) categorização das barreiras de acesso aos serviços de saúde e possibilidades de estratégias para sua superação; 6) Diálogo de Política (abril de 2022). A oficina problematizadora e o Diálogo de Política foram realizados por meio da plataforma Google Meet e contou com a participação de gestor de serviço, pesquisador da temática, membro de organização não governamental, homens e mulheres transgênero. O conteúdo das revisões sistemáticas foi analisado, de acordo com os núcleos de sentido, extraindo-se como categoria central Estigma, discriminação e preconceito, transversal às demais subcategorias: educação; políticas públicas e; organização das ações e serviços de saúde. As falas dos participantes da oficina problematizadora e do Diálogo de Política foram compostas pela transcrição não literal da gravação e pelas anotações realizadas pela moderadora. Procedeu-se a sua leitura, agrupando os diálogos de acordo com os problemas identificados e relacionados ao acesso aos serviços de saúde pela população transgênero na oficina problematizadora e, por núcleo de sentidos, no Diálogo de Política. O conteúdo do Diálogo de Política foi analisado, a fim de compreender se as propostas de estratégias de intervenção poderiam ser eficazes para superar as barreiras de acesso aos serviços de saúde da população transgênero.

Resultados:

As 19 revisões sistemáticas selecionadas foram publicadas de 2016 a 2021, majoritariamente em países de alta e média renda. Somente em uma revisão há avaliação da implementação de estratégia para ampliação do acesso da população trans aos serviços de saúde, com foco na oferta de teste rápido do HIV. As demais revisões indicaram sugestões ou proposições de ações para superação das barreiras. O ponto central para superação das barreiras é o enfrentamento do estigma, da discriminação e do preconceito de forma ampla na sociedade, por meio da implementação de políticas públicas, inclusão da temática na graduação, pós-graduação e na educação permanente dos profissionais de saúde e na organização dos serviços de saúde.

Conclusão:

Reconhece-se que as barreiras de acesso aos serviços de saúde impostas às pessoas transgênero são persistentes e estão presentes em diversos níveis, e sua superação não se restringe ao setor da saúde.

Introduction:

The objects of the study are the strategies to face the barriers of access to health services by transgender men and women.

Objective:

To analyze and propose strategies to overcome the barriers identified in the access to health services by transgender people.

Method:

The methodology of the Network of Policies Informed by Evidence was used, in six stages: 1) priority for the definition of programs and policies: problem-solving workshop (July 2021) to define the research problem; 2) search for evidence and selection of studies, through two bibliographic reviews that sought to answer the question: What strategies are available to face barriers in accessing health services for transgender women and men? (September 2021).

Access to 16 databases in search of systematic reviews:

BDenf, LILACS, Medline, PubMed, Cinahl, Epistemonikos, Nice evidence, EMBASE, Psyinfo, Scopus, Carpha evidence, Cochrane Library, Health Systems Evidence, JBI, Web of Science and Social systems evidence.

Descriptors:

transgender AND access to health services; and transgender AND barriers to access AND health services. The selection of studies was carried out by two independent researchers, using the application Rayyan - Intelligent Systematic Review and; 3) Extraction of relevant data from selected systematic reviews and assessment of the methodological quality of the studies, using the AMSTAR 2 instrument (A Measurement Tool to Assess Systematic Reviews); 4) definition of the option(s) and possible strategy(ies) to approach the problem; 5) categorization of barriers to accessing health services and possibilities of strategies to overcome them; 6) Policy Dialogue (April 2022). The problem-solving workshop and the Policy Dialogue were carried out through the Google Meet platform and had the participation of a service manager, a researcher on the subject, a member of a non-governmental organization, transgender men and women. The content of the systematic reviews was analyzed, according to the core of meaning, extracting as a central category Stigma, discrimination and prejudice, transversal to the other subcategories: education; public policies and; organization of health actions and services. The speeches of the participants in the problem-solving workshop and in the Policy Dialogue were composed of the non-literal transcription of the recording and the notes made by the moderator. It was read, grouping the dialogues according to the problems identified and related to access to health services by the transgender population in the problematizing workshop and, by core of meanings, in the Policy Dialogue. The content of the Policy Dialogue was analyzed in order to understand whether the proposed intervention strategies could be effective in overcoming barriers to accessing health services for the transgender population.

Results:

The 19 selected systematic reviews were published from 2016 to 2021, mostly in high- and middle-income countries. Only in one review is there an evaluation of the implementation of a strategy to expand the access of the trans population to health services, with a focus on the provision of rapid HIV testing. The remaining reviews indicated suggestions or proposals for actions to overcome barriers. The central point for overcoming barriers is to face stigma, discrimination and prejudice in a broad way in society, through the implementation of public policies, inclusion of the theme in undergraduate, graduate and permanent education of health professionals and in the organization of health services.

Conclusion:

It is recognized that barriers to accessing health services imposed on transgender people are persistent and present at different levels, and their overcoming is not restricted to the health sector.