Stress ocupacional nos enfermeiros em contexto hospitalar

Publication year: 2024

O stress ocupacional tem sido uma área muito debatida no domínio da investigação científica, devido aos custos e efeitos a nível individual e organizacional. Os autores tem demonstrado interesse crescente na compreensão deste fenómeno, em termos da sua incidência e prevalência nas mais variadas profissões. Em Portugal, verificou-se que esse estudo é muito escasso nos profissionais de saúde. A evidência científica refere que o stress ocupacional tem efeito negativo na saúde e no bem-estar dos profissionais de saúde, em termos de satisfação profissional, das queixas físicas e psicológicas e do absentismo, para além de implicar na eficácia do seu desempenho profissional e na qualidade dos cuidados prestados, assim como nos outcomes para o cliente. Os enfermeiros são o grupo profissional mais sujeito a altos níveis de stress pois vivenciam na sua prática, situações de maior exaustão emocional, contato com o sofrimento e dor. Assim, realizamos um estudo quantitativo, descritivo e transversal, tendo como pergunta de investigação: “Qual o nível de stress dos Enfermeiros que desempenham funções num serviço hospitalar de Ginecologia/ Obstetrícia?” O objetivo geral foi: Avaliar o stress ocupacional dos Enfermeiros num serviço de internamento hospitalar de Ginecologia/Obstetrícia, e os objetivos específicos foram: a) Avaliar o stress profissional dos enfermeiros, através do instrumento Escala de Stress Profissional em Enfermeiros nas suas quatro dimensões, Sobrecarga de trabalho dos enfermeiros; Interação/relação com os outros profissionais de saúde, utentes e família; Contato com os utentes em sofrimento ou dor; Perceção sobre o seu papel na equipa de cuidados. b) Identificar a relação entre o stress profissional e os fatores sociodemográficos e profissionais. Dos 84 enfermeiros inquiridos, responderam 61 enfermeiros, dos quais 60 são do sexo feminino e 1 do sexo masculino. Em relação à idade dos participantes ela varia entre os 25 e os 68 anos, com uma média de 44,38 anos. No que diz respeito à situação familiar, 67,2% são casados. Quanto às habilitações literárias, 82% são licenciados, sendo que 60,7% são enfermeiros especialistas. Em relação ao tempo de atividade profissional, apresentam uma média de 20,52 anos e no serviço atual apresentam uma média de 11,03 anos. Tendo em conta o instrumento de avaliação utilizado (ESPE), as suas dimensões, e tendo em conta o primeiro objetivo especifico deste estudo, podemos concluir que a dimensão que apresenta maiores níveis de stress profissional é, à semelhança de estudos idênticos, o “Contato com a morte e dor” com um valor de média de 3,40, seguido pela dimensão “Sobrecarga” com um valor de média 3,24. A dimensão que apresentou níveis mais baixos de stress profissional foi a dimensão “Ambiguidade de papel” com uma média de 2,28. Não se verificou relação entre as variáveis sociodemográficas e profissionais com o stress profissional nos enfermeiros estudados, o que nos permite dizer que não existe uma relação direta entre estas variáveis e o stress profissional.(AUT)
Occupational stress is a common debated issue in scientific investigation due to its costs to individuals and in an organizational level. Authors show growing interest in understanding stress incidence and prevalence in a variety of professional groups. In Portugal, however, there is a lack of data regarding health care workers. The scientific data available shows the occupational stress negative effects in healthcare workers in respect of their health, well-being, professional satisfaction, absenteeism, and physical/psychological complaints. Stress also compromises the efficacy and quality of healthcare with further negative effects in patients’ outcomes. Nurses have the highest levels of stress in their jobs as they deal in a daily basis with emotional exhaustion, suffering and pain. In this context, we conducted a quantitative, descriptive, and transversal study to answer a main question: “What level of stress have hospital nurses working in a Gynecology/Obstetrics Department?” This study main outcome was to evaluate the occupational stress of hospital nurses working in the Gynecology/Obstetrics Department. The specific outcomes were a) Evaluate nurses occupational stress using a validated stress scale in four topics (Working overload; Relationship/Interaction conflicts with other working groups, patients, and families; Contact with patients in suffering/pain; Nurse auto-perception of team function/roll), b) Study the relation of occupational stress with sociodemographic and professional variables. The scale was applied in 84 nurses. 61 had valid answers, 60 were female nurse and 1 male nurse. The age range was 25-68 years old with an average age of 44,38 years old. 67.2% are married. Regarding academic level 82% have nursing degree and 60.7% have advanced nursing degree. Regarding years of duty, we found an average of 20.52 years and an average of 11.03 years of duty in the current department. Occupational stress was evaluated in the topics “Overload”, “Interaction conflicts”, “Pain/Suffering dealing”, “Team roll auto-perception”. The average score ranged 2.28 and 3.4. In this study, no statistical correlation was found between occupational stress and the sociodemographic and professional variables.(AUT)