Qualidade de vida da equipe multidisciplinar oncológica, segundo os critérios de fadiga por compaixão e satisfação por compaixão e presenteísmo
Quality of life of the multidisciplinary oncology team, according to the criteria of fatigue for compassion and satisfaction for compassion and presenteeism

Publication year: 2022

Introdução:

As altas demandas de trabalho no ambiente hospitalar são, muitas vezes, norteadas por situações insalubres para os profissionais de saúde que prestam cuidados aos pacientes oncológicos. Na literatura pouco se conhece sobre as variáveis que interferem na melhor qualidade de vida no trabalho e na condição de saúde desses trabalhadores.

Objetivos:

Analisar a qualidade de vida profissional e o presenteísmo entre profissionais de uma equipe multiprofissional oncológica.

Método:

Estudo observacional, transversal, de abordagem quantitativa, que analisou uma equipe multiprofissional de um hospital oncológico de grande porte no Estado de São Paulo. Os dados foram obtidos por meio do Instrumento de Qualidade de Vida Profissional (ProQuol-4), o Instrumento Stanford Presenteeism Scale (SPS-6) e os dados do questionário sociodemográfico, profissional e de saúde. Os dados foram coletados de janeiro de 2019 a janeiro de 2020. Foram utilizados os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e correlação de Spearman, com nível de significância de 5%.

Resultados:

Participaram do estudo 442 profissionais da equipe multidisciplinar, sendo técnicos de enfermagem (42,98%), enfermeiros (28,5%), fisioterapeutas (10,4%), nutricionistas (8,14%), psicólogos (4,97%), assistentes sociais (3,39%), farmacêuticos (0,67%), educadores físicos (0,45%) e terapeutas ocupacionais (0,45%). A idade média dos participantes foi de 36,51 anos (DP: 7,89), em sua maioria do sexo feminino (83,48%). Os profissionais da equipe multidisciplinar apresentaram escores entre alto (49,55%) e moderado (48,19%) para satisfação por compaixão; baixo (70,14%) e moderado para burnout (29,64%); e baixo (79,41%) e moderado (20,59%) para estresse traumático secundário. Verificou-se alto escore (49%) e baixo (41%) para o presenteísmo. Na análise das correlações, verificou-se que satisfação por compaixão se correlacionou negativamente com burnout (p=<0,001) e estresse traumático secundário (p=<0,001), e positivamente com concentração mantida (p=<0,001). Burnout se correlacionou positivamente com estresse traumático secundário (p=0,001) e trabalho finalizado (p=<0,04), e negativamente com concentração mantida (p=<0,001). Estresse traumático secundário se correlacionou negativamente com concentração mantida (p=<0,001), e a fadiga por compaixão se correlacionou negativamente com concentração mantida (p=<0,001).

Conclusão:

A equipe multidisciplinar apresentou qualidade de vida profissional satisfatória, porém com redução de desempenho no trabalho. Os resultados desta pesquisa auxiliarão os gestores na construção de estratégias que permitam maior satisfação e melhor desempenho profissional, assim como maior segurança no cuidado do paciente oncológico.

Introduction:

High demands of work in the hospital environment are often guided by unhealthy situations for health professionals who care for cancer patients. In the literature, little is known about the variables that interfere with the best quality of life at work and the health condition of these workers.

Objectives:

To analyze the quality of professional life and presenteeism among professionals in a multidisciplinary oncology team.

Method:

Observational, cross-sectional study with a quantitative approach that analyzed an multidisciplinary team from a large cancer hospital in São Paulo. Data were obtained using the Professional Quality of Life Instrument (ProQuol-4), the Stanford Presenteeism Scale Instrument (SPS-6) and data from the sociodemographic, professional and health questionnaire. Data were collected from January 2019 to January 2020. Mann-Whitney, Kruskal-Wallis and Spearman correlation tests were used, with a significance level of 5%.

Results:

442 professionals from the multidisciplinary team participated in the study, including nursing technicians (42.98%); nurses (28.5%); physical therapists (10.4%); nutritionists (8.14%); psychologists (4.97%); social workers (3.39%); pharmacists (0.67%); physical educators (0.45%) and occupational therapists (0.45%). The mean age of the participants was 36.51 years (SD: 7.89), and most of them were female (83.48%). The professionals of the multidisciplinary team presented scores between high (49.55%) and moderate (48.19%) for compassion satisfaction; low (70.14%) and moderate for burnout (29.64%); and low (79.41%) and moderate (20.59%) for secondary traumatic stress. There was a high score for presenteeism (49%) and low (41%). In the analysis of correlations, it was found that satisfaction from compassion was negatively correlated with burnout (p=<0.001), secondary traumatic stress (p=<0.001) and positively with maintained concentration (p=<0.001). Burnout was positively correlated with secondary traumatic stress (p=<0.001), completed work (p=<0.04) and negatively with maintained concentration (p=<0.001). Secondary traumatic stress correlated negatively with sustained concentration (p=<0.001), and compassion fatigue was negatively correlated with sustained concentration (p=<0.001).

Conclusion:

The multidisciplinary team presented satisfactory professional life quality but reduced performance at work. The results of this research will potentially help managers to develop strategies that allow greater satisfaction, better professional performance, and greater safety in the care of cancer patients.