Transporte Inter-hospitalar da Pessoa em Situação Crítica: Realidade dos Enfermeiros numa Ilha de Cabo Verde

Publication year: 2024

O transporte inter-hospitalar da pessoa em situação crítica é uma atividade essencial no sistema de saúde, especialmente em regiões geograficamente fragmentadas ou com recursos limitados. Este processo visa o transporte seguro e eficaz da pessoa em situação crítica entre diferentes estruturas de saúde.

Objetivo Geral:

Conhecer a realidade dos enfermeiros relativamente ao transporte inter- hospitalar da pessoa em situação crítica, numa ilha de Cabo Verde.

Metodologia:

Estudo qualitativo, envolvendo uma amostra de nove enfermeiros, a quem se aplicou uma entrevista semiestruturada para auscultar as suas perceções e práticas (vivências) relativamente ao transporte inter-hospitalar da pessoa em situação crítica. Para a análise dos dados qualitativos recorreu-se à análise de conteúdo.

Resultados:

Obteve-se uma amostra predominantemente do sexo feminino, com uma média de idades de 40,9 anos e uma vasta experiência profissional. Quanto ao conceito da pessoa em situação crítica, a amostra enquadra-o maioritariamente como o doente com necessidade de meios avançados de monitorização/doente que corre risco de vida. Quanto ao conceito de transporte inter-hospitalar da pessoa em situação crítica (TIHPSC), a amostra associa à transferência do doente para uma estrutura com condições avançadas/cuidados especializados e diferenciados. No que concerne às fases do TIHPSC (decisão, planeamento e efetivação) a maioria da amostra reconheceu apenas as duas últimas.

A amostra destacou como principais dificuldades relativamente ao transporte da pessoa em situação crítica:

a falta de recursos materiais e humanos, a inexistência de protocolos claros e a comunicação unilateral das estruturas de saúde. No que concerne aos materiais disponíveis para o TIHPSC, enquadrados ao nível da estrutura de saúde e ambulância, de um leque de 20 materiais apresentados para seleção, apenas 11 foram selecionados. Entre os nove enfermeiros entrevistados, 100% afirmaram ter acesso a recursos essenciais. As estratégias adotadas pelos enfermeiros para superar as dificuldades envolvem adaptação aos recursos disponíveis e mobilização de apoio médico e de enfermagem.

Conclusão:

A discrepância na identificação das três fases do TIHPSC ressalta a necessidade de uma maior clareza e consenso na compreensão e prática deste processo. Apesar da disponibilidade de recursos básicos, há uma necessidade evidente de investimento em equipamentos mais avançados, como desfibriladores e dispositivos de monitorização. As dificuldades expressadas relativamente ao transporte inter-hospitalar da pessoa em situação crítica podem impactar negativamente ao nível da rotina dos enfermeiros, bem como na segurança e bem-estar dos doentes. Face aos resultados propõe-se um leque de estratégias de melhoria, como o maior investimento em recursos materiais e humanos, a criação de equipas específicas para o TIHPSC, o estabelecimento de parcerias para formação e capacitação contínua em urgência/emergência, entre outros.
The inter-hospital transportation of critically ill people is an essential activity in the healthcare system, especially in fragmented geographical regions or those with limited resources. This process aims to ensure the safe and effective transportation of the critically ill person between different healthcare facilities.

General Objective:

To understand the reality of nurses in relation to the inter-hospital transportation of people in critical situations, on an island in Cape Verde.

Methodology:

This was a qualitative study involving a sample of nine nurses who were given a semi-structured interview to find out their perceptions and practices (experiences) regarding the inter-hospital transportation of people in critical situations. Content analysis was used to analyze the qualitative data.

Results:

A predominantly female sample was obtained, with an average age of 40.9 years and extensive professional experience. With regard to the concept of the person in critical condition, the majority of the sample sees it as a patient in need of advanced means of monitoring/patient who is at risk of their life. improvements, such as greater investment in material and human resources, the creation of specific teams for the TIPSC, the establishment of partnerships for training and continuous training in urgency/emergency, among others. As for the concept of inter-hospital transport of the critically ill person (TIPSC), the sample associated it with transferring the patient to a facility with advanced conditions/specialized and differentiated care. With regard to the stages of TIPSC (decision, planning and implementation), the majority of the sample only recognized the last two.

The sample highlighted the following as the main difficulties in transporting people in critical situations:

the lack of material and human resources, the absence of clear protocols and one-sided communication between health structures. With regard to the materials available for TIPSC, at the level of the health structure and ambulance, only 11 out of a total of 20 materials were selected. Of the nine nurses interviewed, 100% said they had access to essential resources. The strategies adopted by the nurses to overcome the difficulties involve adapting to the available resources and mobilizing medical and nursing support.

Conclusion:

The discrepancy in the identification of the three phases of TIPSC highlights the need for greater clarity and consensus in the understanding and practice of this process. Despite the availability of basic resources, there is a clear need to invest in more advanced equipment, such as defibrillators and monitoring devices. The difficulties expressed regarding the inter-hospital transportation of critically ill people can have a negative impact on nurses' routines, as well as on patient safety and well-being. In view of the results, a range of improvement strategies is proposed, such as greater investment in material and human resources, the creation of specific teams for TIPSC, the establishment of partnerships for training and continuous training in urgency/emergency, among others.