Tecnologias sociais na atenção primária à saúde voltadas à gestão do risco de desastres no contexto da pandemia de COVID-19

Publication year: 2024

As tecnologias sociais são métodos, produtos ou processos que têm impacto social comprovado, são de baixo custo e facilmente reaplicáveis, especialmente em contextos de problemas sociais específicos. Durante a pandemia de COVID-19, problemas crônicos foram exacerbados, levando indivíduos e comunidades a desenvolver práticas inovadoras para enfrentar os desafios impostos por essa crise. Nesse sentido, esta tese tem o objetivo geral de analisar o desenvolvimento de tecnologias sociais no âmbito da atenção primária à saúde em unidades básicas do município do Rio de Janeiro, com enfoque na gestão do risco de desastres no contexto da pandemia de COVID-19.

Os objetivos específicos foram:

identificar as vulnerabilidades envolvidas na resposta emergencial praticada em unidades básicas de saúde no contexto da pandemia de COVID-19; descrever os processos de reorganização da atenção primária à saúde e o desenvolvimento de tecnologias sociais para resposta emergencial à pandemia de COVID-19; e discutir o emprego de tecnologias sociais no âmbito da atenção primária à saúde como estratégia de gestão do risco de desastres. O estudo adotou uma abordagem qualitativa e exploratória, a partir da análise de casos múltiplos em quatro unidades básicas de saúde do município do Rio de Janeiro. A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2021 a junho de 2022, utilizando observação participante, análise documental, entrevistas semiestruturadas e photovoice. Uma revisão de escopo complementou a análise do emprego do conceito de tecnologias sociais em contextos de desastres entre grupos vulneráveis. Os resultados demonstraram vulnerabilidades relacionadas à falta de recursos humanos, insuficiência de equipamentos de proteção individual, limitações na infraestrutura das unidades básicas de saúde e dificuldades na comunicação e coordenação de ações entre diferentes níveis de atenção à saúde. Os processos de reorganização da atenção primária à saúde envolveram a adaptação das práticas assistenciais para garantir a continuidade do cuidado durante a crise sanitária, a criação de novas rotinas de atendimento, a redistribuição de recursos para áreas mais necessitadas e desafios de governança que impactaram negativamente a segurança e efetividade da assistência. A colaboração entre profissionais de saúde e lideranças comunitárias foi estratégica. Ao compartilhar e combinar suas vivências e experiências por meio de uma ecologia de saberes, foi possível criar, desenvolver e implementar tecnologias sociais oportunas. Exemplos dessas tecnologias estruturadas nos territórios durante a pandemia de COVID-19 incluem agroflorestas, caixas d’água comunitárias, rádios comunitárias, redes sociais e máscaras de tecido. Conclui-se que, em períodos de crise sanitária e social, agravados por desastres ampliados e situações de desassistência, as tecnologias sociais são estratégicas para o desenvolvimento de ações de gestão do risco. A articulação entre saberes locais e profissionais é essencial para a criação de soluções adaptadas às necessidades e vulnerabilidades específicas das comunidades, promovendo resiliência e sustentabilidade no enfrentamento de crises futuras.
Social technologies are methods, products or processes that have a proven social impact, are low-cost and easily reapplied, especially in the context of specific social problems. During the COVID-19 pandemic, chronic problems have been exacerbated, leading individuals and communities to develop innovative practices to face the challenges posed by this crisis. In this sense, this thesis has the general objective of analyzing the development of social technologies within the scope of primary health care in basic units in the municipality of Rio de Janeiro, with a focus on disaster risk management in the context of the COVID-19 pandemic.

The specific objectives were:

to identify the vulnerabilities involved in the emergency response practiced in basic health units in the context of the COVID-19 pandemic; to describe the processes of reorganization of primary health care and the development of social technologies for emergency response to the COVID-19 pandemic; and to discuss the use of social technologies in primary health care as a disaster risk management strategy. The study adopted a qualitative and exploratory approach, based on the analysis of multiple cases in four basic health units in the municipality of Rio de Janeiro. Data collection took place between August 2021 and June 2022, using participant observation, document analysis, semi-structured interviews and photovoice. A scoping review complemented the analysis of the use of the concept of social technologies in disaster contexts among vulnerable groups. The results showed vulnerabilities related to a lack of human resources, insufficient personal protective equipment, limitations in the infrastructure of basic health units and difficulties in communicating and coordinating actions between different levels of health care. The processes of reorganizing primary health care involved adapting care practices to ensure continuity of care during the health crisis, creating new care routines, redistributing resources to areas most in need and governance challenges that had a negative impact on the safety and effectiveness of care. Collaboration between health professionals and community leaders was strategic. By sharing and combining their experiences through an ecology of knowledge, they have been able to create, develop and implement timely social technologies. Examples of these technologies structured in the territories during the COVID-19 pandemic include agroforestry, community water tanks, community radios, social networks and fabric masks. It can be concluded that in times of health and social crisis, aggravated by widespread disasters and situations of lack of assistance, social technologies are strategic for the development of risk management actions. The articulation between local and professional knowledge is essential for creating solutions adapted to the specific needs and vulnerabilities of communities, promoting resilience and sustainability in facing future crises.
Las tecnologías sociales son métodos, productos o procesos que tienen una repercusión social demostrada, son de bajo coste y de fácil reaplicación, especialmente en el contexto de problemas sociales específicos. Durante la pandemia del COVID-19, los problemas crónicos se han exacerbado, lo que ha llevado a individuos y comunidades a desarrollar prácticas innovadoras para hacer frente a los retos planteados por esta crisis. Teniendo esto en cuenta, el objetivo general de esta tesis es analizar el desarrollo de las tecnologías sociales en el ámbito de la atención primaria de salud en las unidades básicas del municipio de Río de Janeiro, con un enfoque en la gestión de riesgos de desastres en el contexto de la pandemia COVID-19.

Los objetivos específicos fueron:

identificar las vulnerabilidades involucradas en la respuesta de emergencia practicada en las unidades de atención primaria de salud en el contexto de la pandemia COVID-19; describir los procesos de reorganización de la atención primaria de salud y el desarrollo de tecnologías sociales para la respuesta de emergencia a la pandemia COVID19; y discutir el uso de tecnologías sociales en la atención primaria de salud como estrategia de gestión de riesgo de desastres. El estudio adoptó un enfoque cualitativo y exploratorio, basado en el análisis de casos múltiples en cuatro unidades básicas de salud del municipio de Río de Janeiro. La recolección de datos se realizó entre agosto de 2021 y junio de 2022, mediante observación participante, análisis de documentos, entrevistas semiestructuradas y fotovoz. Una revisión del alcance complementó el análisis del uso del concepto de tecnologías sociales en contextos de catástrofe entre los grupos vulnerables. Los resultados mostraron vulnerabilidades relacionadas con la falta de recursos humanos, insuficiencia de equipos de protección personal, limitaciones en la infraestructura de las unidades básicas de salud y dificultades en la comunicación y coordinación de acciones entre los diferentes niveles de atención sanitaria. Los procesos de reorganización de la atención primaria implicaron la adaptación de las prácticas asistenciales para garantizar la continuidad de la atención durante la crisis sanitaria, la creación de nuevas rutinas asistenciales, la redistribución de los recursos hacia las zonas más necesitadas y retos de gobernanza que repercutieron negativamente en la seguridad y la eficacia de la atención. La colaboración entre profesionales sanitarios y líderes comunitarios fue estratégica. Al compartir y combinar sus experiencias a través de una ecología del conocimiento, fue posible crear, desarrollar e implementar tecnologías sociales oportunas. Ejemplos de estas tecnologías estructuradas en los territorios durante la pandemia de COVID-19 son la agroforestería, los tanques de agua comunitarios, las radios comunitarias, las redes sociales y las máscaras de tela. La conclusión es que en épocas de crisis sanitaria y social, agravadas por desastres generalizados y situaciones de falta de asistencia, las tecnologías sociales son estratégicas para el desarrollo de acciones de gestión de riesgos. La articulación del conocimiento local y profesional es esencial para crear soluciones adaptadas a las necesidades y vulnerabilidades específicas de las comunidades, promoviendo la resiliencia y la sostenibilidad frente a futuras crisis.