Publication year: 2022
Introdução:
A Parada Cardiorrespiratória (PCR) ainda permanece como problema mundial de saúde pública. Embora os enfermeiros sejam os primeiros a presenciarem a PCR intra-hospitalar, poucos estudos foram realizados para analisar a qualidade da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) desempenhada por esses profissionais, utilizando dispositivos de feedback de RCP. Objetivo:
Analisar a qualidade da RCP de enfermeiros de unidades críticas e não críticas, em ambiente simulado e por meio de dispositivo de feedback de RCP. Método:
Trata-se de um estudo com delineamento experimental, de natureza quantitativa, de intervenção do tipo Estudo Clínico Randomizado Controlado, realizado no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) entre os anos de 2019 e 2021. O Projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HU-USP (CAAE: 06241119.0.0000.0076). A coleta de dados foi realizada em três etapas. Na primeira, os enfermeiros foram divididos de acordo com a unidade onde trabalham, em unidades críticas e não críticas e foi avaliada a atuação deles no atendimento de PCR em uma atividade simulada. Na segunda etapa, os enfermeiros participaram de um treinamento teórico de Suporte Básico de Vida (SBV). Na terceira etapa, os participantes foram randomizados quanto à utilização ou não do dispositivo de feedback de RCP em um atendimento simulado de PCR. Estatísticas descritivas e inferenciais foram realizadas na análise dos dados e o nível de significância adotado foi 5%. Resultados:
Dos 121 enfermeiros assistenciais das unidades adulto do HUSP, foram incluídos 68 enfermeiros, 34 (50%) no grupo de enfermeiros que trabalham em unidades críticas e 34 (50%) no grupo de enfermeiros que trabalham em unidades não críticas. Apenas 2 (5,9%) enfermeiros das unidades críticas e 3 (8,8%) das unidades não críticas possuíam a certificação de BLS com menos de 2 anos de validade. Na etapa 1, não houve diferença estatisticamente significante, entre os grupos de enfermeiros das unidades críticas e não críticas, na avaliação das métricas de compressões com frequência adequada (p=0,790), profundidade adequada (p=0,483), retorno adequado do tórax (p=0,078), fração de compressão torácica (p=0,199) score de compressão (p=0,171), ventilações adequadas (p=0,383) e score de ventilações (p=0,300). Na etapa 2, as questões que tiveram diferença significativa após o treinamento teórico, nos grupos de enfermeiros das unidades críticas e não críticas, foram as que se referem ao passo que deve ser realizado após a confirmação da ausência de responsividade do paciente (p<0,001) e às métricas de RCP (p=0,016). Na etapa 03, os enfermeiros das unidades críticas e não críticas, que utilizaram o dispositivo de feedback, apresentaram maior porcentagem de compressões realizadas com adequada frequência (90% e 74%, respectivamente), em relação aos enfermeiros das unidades críticas e não críticas que não utilizaram o dispositivo (33,5% e 51,0%, respectivamente). Os grupos que se diferenciaram, de forma significativa, foram enfermeiros das unidades críticas com e sem feedback (p=0,004). A porcentagem de ventilações realizadas adequadamente foi significativa entre os grupos de enfermeiros das unidades críticas com e sem feedback (p=0,031). Ao comparar os mesmos enfermeiros nas etapas 1 e 3, observou-se que, quando os enfermeiros das unidades críticas e não críticas utilizaram o dispositivo de feedback de RCP, houve aumento significativo na mediana da porcentagem das seguintes métricas: compressões com adequada frequência (de 19,5% para 90%, p<0,001 e 11,5% para 74,0%, p<0,001, respectivamente), profundidade adequada (de 93% para 97,5%, p=0,039 e 27,0% para 93,0%, p=0,008, respectivamente), score de compressões (de 50% para 92%, p<0,001 e 51,5% para 81,5%, p=0,010, respectivamente) e ventilações realizadas adequadamente (de 38,9% 100%, p=0,001 e 50,0% para 88,9%, p=0,020, respectivamente). Conclusão:
Confirmou-se a plausibilidade da hipótese da pesquisa, com melhora nas métricas de RCP e na aprendizagem entre os enfermeiros das unidades críticas e não críticas, ao utilizar o dispositivo de feedback de RCP no atendimento simulado, corroborando para a contribuição do uso deste dispositivo na melhoria das habilidades de RCP dos enfermeiros.
Background:
Cardiac arrest (CA) remains a global public health problem. Although nurses are the first to witness in-hospital CA, few studies have been conducted to analyze the quality of cardiopulmonary resuscitation (CPR) performed by these professionals using CPR feedback devices. Aim:
to analyze the quality of CPR of nurses from critical and non-critical units, in a simulated environment and with the use of a CPR feedback device. Methods:
This is a study with an experimental design, of a quantitative approach, of a Controlled Randomized Clinical Trial, carried out at the University Hospital of the University of São Paulo (HU-USP) Data were collected from 2019 to 2021. The study protocol wasapproved by the Ethics Committee for Analysis of Research Projects of the HU-USP (CAAE: 06241119.0.0000.0076). Data collection happened in 3 stages. In the first, nurses were divided according to the unit where they work, into critical and non-critical units, and their performance in CA care was evaluated in a simulated activity. In the second stage, the nurses participated in a theoretical Basic Life Support (BLS) training. In the third stage, participants were randomized as to use the CPR feedback device or not in a simulated BLS. Descriptive and inferential statistics were performed in the data analysis and the significance level adopted was 5%. Results:
Of the 121 assistant nurses from the adult units of the HUSP, 68 nurses were included, (50%) in the group of nurses who work in non-critical units. Only 2 (5.9%) nurses from critical units and 3 (8.8%) from non-critical units had the BLS certification with less than 2 years of validity. In step 1, there was no statistically significant difference between the groups of nurses from the critical and non-critical units, in the evaluation of metrics for compressions with adequate frequency (p=0.790), adequate depth (p=0.483), adequate chest return (p =0.078), chest compression fraction (p=0.199), compression score (p=0.171), adequate ventilations (p=0.383) and ventilations score (p=0.300). In step 02, the questions that had a significant difference after the theoretical training, in the groups of nurses from the critical and non-critical units, were those that refer to the step that must be performed after confirming the patient's lack of responsiveness (p<0.001) and CPR metrics (p=0.016). In step 03, nurses from critical and non-critical units, who used the feedback device, had a higher percentage of compressions performed with adequate frequency (90% and 74%, respectively), compared to nurses from critical and noncritical units who did not use the device (33.5% and 51.0%, respectively). The groups that significantly differed were nurses from critical units with and without feedback (p=0.004). The percentage of ventilations performed properly was significant between the groups of nurses from the critical units with and without feedback (p=0.031). When comparing the same nurses in steps 1 and 3, it was observed that when nurses from critical and non-critical units used the CPR feedback device, there was a significant increase in the median percentage of the following metrics: compressions with adequate frequency (from 19.5% for 90%, p<0.001 and 11.5% for 74.0%, p<0.001, respectively), adequate depth (from 93% to 97.5%, p=0.039 and 27.0% for 93.0%, p=0.008, respectively), compression score (from 50% to 92%, p<0.001 and 51.5% to 81.5%, p=0.010, respectively) and ventilations performed properly (from 38 .9% - 100%, p=0.001 and 50.0% to 88.9%, p=0.020, respectively). Conclusion:
The plausibility of the research hypothesis was confirmed, with improvement in CPR metrics and in learning among nurses from critical and non-critical units, when using the CPR feedback device in simulated care, corroborating the contribution of the use of this device in the improving nurses' CPR skills.