Cuidar da mulher surda: Desafios para a enfermagem de saúde materna e obstétrica
Publication year: 2023
O objetivo deste relatório é descrever o percurso de desenvolvimento de competências especializadas no cuidar da mulher/recém-nascido/família nos vários contextos de intervenção do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, com enfoque na mulher surda, suportadas pela Teoria de Cuidar de Kristen Swanson. As pessoas surdas têm maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde pela disparidade significativa no acesso aos cuidados de saúde e menos aposta na saúde preventiva. As mulheres surdas poderão sofrer preconceitos e tratamento desigual, pondo em causa a sua autodeterminação, dignidade, livre-arbítrio e autonomia. Foi realizada, numa primeira etapa, uma revisão scoping de forma a mapear a evidência sobre os cuidados de saúde prestados à pessoa surda. Posteriormente, foi desenvolvido um estudo qualitativo, de cariz exploratório e descritivo, para conhecer as perceções das mulheres surdas face aos cuidados de enfermagem prestados ao longo do ciclo reprodutivo e identificar eventuais dificuldades na prestação de cuidados a estas mulheres. Os resultados obtidos evidenciam que as mulheres surdas, ao longo do ciclo de vida reprodutivo, identificam mais experiências de cuidar negativas do que positivas. Também o/a enfermeiro/a obstetra, reconhece alguma insegurança no cuidar destas mulheres. Tal permitiu desenvolver estratégias facilitadoras do cuidar desta população, das quais se destacam, as competências de comunicação, como a aprendizagem da língua gestual portuguesa, e sugestões para a inclusão desta temática nos cursos de licenciatura em enfermagem, bem como a formação obrigatória sobre o tema nos contextos de trabalho.(AU)
The purpose of this report is to describe the path of development of specialized skills in caring for women/newborns/family in the various midwife’s intervention contexts, with a focus on deaf women, supported by Kristen Swanson's Theory of Caring. Deaf people are more likely to develop health problems due to the significant disparity in access to health care and less commitment to preventive health. Deaf women may suffer prejudice and unequal treatment, jeopardizing their self-determination, dignity, free will and autonomy. In a first step, a scoping review was carried out in order to map the evidence on health care provided to the deaf person. Subsequently, a qualitative, exploratory and descriptive study was carried out to learn about the perceptions of deaf women regarding the nursing care provided throughout the reproductive cycle and also to identify any difficulties in providing care to these women. The results show that deaf women, throughout the reproductive life cycle, identify more negative care experiences than positive ones. The midwives also recognize some insecurity in caring for these women. This made it possible to develop strategies that facilitate caring for this population, of which communication skills stand out, such as learning Portuguese Sign Language and suggestions for including this topic in undergraduate nursing courses, as well as mandatory training on the subject in work contexts.(AU)