Efeito do envio de mensagens de texto por celular no controle da hipertensão arterial: ensaio clínico randomizado
The effect of text messages by cell phone in the control of arterial hypertension: a randomized clinical trial

Publication year: 2022

Introdução:

O controle da pressão arterial em hipertensos é um problema recorrente, muitas vezes devido à inadequada adesão dos pacientes ao tratamento, que requer dos profissionais de enfermagem novas estratégias de intervenções. O envio de mensagens de texto pelo telefone celular pode ser um recurso para maximizar o controle da pressão arterial, ao melhorar a adesão ao tratamento.

Objetivo:

Comparar os efeitos do envio de mensagens de texto por telefone celular, somado à orientação usual padrão para hipertensão, versus a orientação usual padrão isolada no controle da pressão arterial entre hipertensos em tratamento ambulatorial.

Métodos:

Ensaio clínico controlado randomizado, composto por dois grupos de hipertensos: Intervenção, que receberam mensagens de texto do tipo SMS duas vezes por semana, durante 10 semanas; e Comparação, que receberam os cuidados usuais da instituição. Ambos os grupos receberam um panfleto educativo sobre a doença e tratamento. O desfecho primário foi o controle da pressão arterial pela medida de consultório (<140 mmHg na pressão sistólica e <90 mmHg na pressão diastólica) ou pela Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial no período da vigília (MAPA) no período da Vigília (<135 mmHg na pressão sistólica e <85 mmHg na diastólica). A adesão foi avaliada de forma indireta pela Escala de Adesão Medicamentosa de Morisky de quatro itens e, de forma direta, pela avaliação na urina dos medicamentos anti-hipertensivos, via técnica de cromatografia líquida, de alta eficiência, associada à espectrometria de massa. A associação entre as variáveis categóricas foi avaliada pelo teste qui-quadrado, o teste da razão de verossimilhança ou o teste exato de Fisher. As variáveis contínuas com distribuição normal foram apresentadas como média e desvio padrão e comparadas com o teste t-Student ou análise de variância para medidas repetidas e comparadas com o teste de Mann-Whitney. O nível de significância foi de 5%.

Resultados:

Foram randomizados 178 pacientes, alocados 90 no grupo Intervenção e 88 no grupo Comparação e analisados em cada grupo, respectivamente, 86 e 77 pacientes, ao desconsiderar as perdas. A amostra tinha idade 60 (10) anos e composta, em sua maior parte, por mulheres (63,8%), não brancos (58,9%) e casados (54,6%). A renda mediana foi de 2000 (1200-3000) reais e mediana de 11 (5-11) anos de estudo. A grande maioria foi classificada com alto risco cardiovascular (77,3%). O resultado do efeito da intervenção, após as 10 semanas do estudo, mostrou que não houve diferença (p>0,05) entre os grupos (RR= 1,05; IC95%= 0,75-1,47, e RR= 1,23; IC95%= 0,87-1,74, respectivamente) no controle da pressão arterial pela medida de consultório, nem pela MAPA de Vigília. Porém, houve, nos grupos Intervenção e Comparação, respectivamente, redução média da pressão arterial (-8,6 e -7,3 mmHg na PAS pela medida de consultório e -2,19 mmHg e -2,09 mmHg na PAS da MAPA de Vigília,); e tendência para aumento do controle da pressão arterial pela medida de consultório (19,8% para 36,0% e 19,7% para 38,2%) e pela MAPA de vigília (38,6% para 42,5% e 41,3% para 52,2%); e na avaliação da adesão de forma indireta (45,3% para 69,4% e 57,1% para 59,2%). Na avaliação da adesão de forma direta, houve pouca diferença entre os grupos e os dois momentos avaliados.

Conclusão:

O efeito do envio de mensagens de texto por telefone celular foi similar ao tratamento usual para hipertensão no controle da pressão arterial. Por outro lado, ambos os grupos melhoraram o controle da pressão arterial e aumento da adesão ao tratamento.

Background:

Blood pressure control in hypertensive patients is a recurring problem, often due to inadequate patient adherence to treatment, which requires new intervention strategies from nursing professionals. Sending text messages by cell phone can be a resource to maximize blood pressure control by improving adherence to treatment.

Objective:

To compare the effects of texting by cell phone plus standard usual guidance for hypertension versus standard usual guidance alone on blood pressure control among hypertensive patients undergoing outpatient treatment.

Methods:

Randomized controlled clinical trial, composed of two groups of hypertensive patients: Intervention, who received SMS text messages twice a week for 10 weeks; and Comparison, who received the usual care of the institution. Both groups received an educational pamphlet about the disease and treatment. The primary outcome was blood pressure control by office measurement (<140 mmHg systolic pressure and <90 mmHg diastolic pressure) or by Ambulatory Blood Pressure Monitoring during wakefulness (ABPM) during wakefulness (<135 mmHg in systolic pressure and <85 mmHg in diastolic). Adherence was assessed indirectly using the four-item Morisky Medication Adherence Scale and directly by assessing antihypertensive drugs in the urine, using a high-performance liquid chromatography technique associated with mass spectrometry. The association between categorical variables was assessed using the chi-square test, the likelihood ratio test or Fisher's exact test. Continuous variables with normal distribution were presented as mean and standard deviation and compared with the Student's t test or analysis of variance for repeated measures and compared with the Mann-Whitney test. The significance level was 5%.

Results:

178 patients were randomized, 90 were allocated to the Intervention group and 88 to the Comparison group, and 86 and 77 patients were analyzed in each group, respectively, disregarding losses. The sample was 60 (10) years old and composed mostly of women (63.8%), non-white (58.9%) and married (54.6%). The median income was 2000 (1200-3000) reais and a median of 11 (5-11) years of study. The vast majority were classified as having high cardiovascular risk (77.3%). The result of the intervention effect, after the 10 weeks of the study, showed that there was no difference (p>0.05) between the groups (RR= 1.05; 95%CI= 0.75-1.47, and RR= 1.23; 95%CI= 0.87-1.74, respectively) in the control of blood pressure by measurement in the office, nor by the MAPA of Wakefulness. However, in the Intervention and Comparison groups, respectively, there was a mean reduction in blood pressure (-8.6 and -7.3 mmHg in SBP by the office measurement and -2.19 mmHg and -2.09 mmHg in SBP by ABPM of Vigil,); and a tendency to increase blood pressure control by the office measurement (19.8% to 36.0% and 19.7% to 38.2%) and by wakefulness ABPM (38.6% to 42.5% and 41.3% to 52.2%); and in the assessment of adherence indirectly (45.3% to 69.4% and 57.1% to 59.2%). In the assessment of adherence directly, there was little difference between the groups and the two moments evaluated.

Conclusion:

The effect of texting by cell phone was similar to usual treatment for hypertension on blood pressure control. On the other hand, both groups improved blood pressure control and increased adherence to treatment.