Publication year: 2023
Introdução:
A mensuração de biomarcadores específicos do cérebro que são liberados após os danos celulares de vítimas de trauma cranioencefálico (TCE) podem ser ferramentas para diagnóstico de gravidade e estimativa de prognóstico. O S100B é um biomarcador identificado na saliva; contudo, são escassas as pesquisas com esse biofluido, cuja coleta requer um método simples e rápido. Objetivo:
analisar a capacidade prognóstica e diagnóstica do S100B coletado na saliva de vítimas de TCE contuso moderado/grave. Método:
Coorte prospectiva em duas instituições referências para atendimento de TCE. Os critérios de inclusão foram:
idade >-18 e <60 anos, pontuação na Escala de Coma de Glasgow de 3 a 12 na admissão hospitalar, atendimento nos locais de estudo até quatro horas do evento traumático e apresentar TCE contuso como lesão principal. Foram coletadas duas amostras de saliva (3ª e 6ª hora pós-trauma) e uma amostra de sangue/plasma (3ª hora). A capacidade funcional foi mensurada pela Glasgow Outcome Scale versões Discharge (na alta) e Extended (aos 3 meses pós-trauma). Foram recrutados 20 sujeitos sem TCE para compor o grupo controle e 25 indivíduos com essa lesão. As comparações das concentrações do S100B foram feitas pelo teste de Mann-Whitney ou t de Student, a depender da distribuição dos dados, verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. A comparação da concentração entre as amostras de saliva coletadas na 3ª e 6ª hora pós-trauma foi realizada pelo teste de Wilcoxon. A área sob a curva Receiver Operating Characteristics (AUC/ROC) foi aplicada para avaliar a capacidade prognóstica e diagnóstica do S100B. Resultados:
a idade média das vítimas de TCE foi de 41,48 anos, 15 delas apresentavam lesão grave e 10 moderada. Vítimas de TCE apresentaram maiores níveis de S100B do que o grupo controle no plasma e saliva coletados na 3ª e 6ª hora quando analisado TCE moderado e grave em conjunto ou separadamente (p <- 0,05). A concentração de S100B no plasma foi maior do que na saliva em vítimas de TCE grave (p=0,0073) e similar entre esses dois biofluidos nos casos de lesão moderada (p=0,2395). Na saliva houve redução na concentração do biomarcador entre a 3ª e 6ª hora após trauma (p<-0,05). Não houve diferenças na concentração do S100B de mortos e sobreviventes no plasma e saliva da 3ª e 6ª hora após trauma (p>0,05). A maior AUC/ROC para estado vital aos 14 dias foi 0,67 (IC95%=0,37-0,96) observada na amostra de saliva da 6ª hora após trauma. Nessa mesma amostra foi verificada a maior AUC/ROC para capacidade funcional, 0,76 (IC95%=0,57-0,94), constatada em relação ao desfecho da alta hospitalar. Ainda nessa amostra foi identificada maior concentração do S100B em indivíduos que apresentaram desfechos desfavoráveis do que favoráveis (p=0,02). Não foi evidenciada diferença na concentração de S100B entre vítimas de TCE moderado e grave (p>0,05) e a maior AUC/ROC foi constatada no plasma (0,71; IC95%=0,47-0,96) e na saliva obtida na 6ª hora (0,70; IC95%=0,47-0,93). Conclusão:
as concentrações de S100B na saliva são um biomarcador promissor para o diagnóstico e prognóstico de vítimas de TCE moderado e grave.
Introduction:
The measurement of brain-specific biomarkers that are released after cell damage in victims of traumatic brain injury (TBI) can be tools for diagnosis of severity and prognostic prognosis. S100B is a biomarker identified in saliva; however, research with this biofluid is scarce, whose collection requires a simple and fast method. Objective:
to analyze the prognostic and diagnostic capacity of S100B collected in the saliva of victims of moderate/severe blunt TBI. Method:
Prospective cohort in two reference institutions for TBI care. Inclusion criteria were:
age >-18 and <60 years, Glasgow Coma Scale score of 3 to 12 at hospital admission, attendance at study sites within four hours of the traumatic event, and having blunt TBI as the main injury. Two saliva samples were collected (3rd and 6th hour posttrauma) and a blood/plasma sample (3rd hour). Functional capacity was measured using the Discharge (at discharge) and Extended (at 3 months post-trauma) Glasgow Outcome Scale versions. Twenty individuals without TBI were recruited to compose the control group and 25 individuals with this injury. Comparisons of S100B concentrations were performed using the Mann-Whitney or Student's t test, depending on the data distribution, verified using the ShapiroWilk test. The comparison of the concentration between the saliva samples collected in the 3rd and 6th hours after the trauma was performed using the Wilcoxon test. The area under the Receiver Operating Characteristics (AUC/ROC) curve was applied to assess the prognostic and diagnostic capability of the S100B. Results:
Results: the mean age of TBI victims was 41.48 years, 15 of them had severe injuries and 10 had moderate injuries. TBI victims had higher levels of S100B than the control group in plasma and saliva collected at the 3rd and 6th hours when analyzing moderate and severe TBI together or separately (p <-0.05). The concentration of S100B in plasma was higher than in saliva in victims of severe TBI (p=0.0073) and similar between these two biofluids in cases of moderate injury (p=0.2395). In saliva, there was a reduction in the concentration of the biomarker between the 3rd and 6th hour after trauma (p<-0.05). There were no differences in the concentration of S100B in the dead and survivors in the plasma and saliva of the 3rd and 6th hours after trauma (p>0.05). The highest AUC/ROC for vital status at 14 days was 0.67 (95%CI=0.37-0.96) observed in the 6th hour saliva sample after trauma. In this same sample, the highest AUC/ROC for functional capacity, 0.76 (95%CI=0.57-0.94), was verified in relation to the outcome of hospital discharge. Also in this sample, a higher concentration of S100B was identified in individuals who had unfavorable than favorable outcomes (p=0.02). There was no difference in the concentration of S100B between victims of moderate and severe TBI (p>0.05) and the highest AUC/ROC was found in plasma (0.71; CI95%=0.47-0.96) and in saliva obtained in the 6th hour (0.70; 95%CI=0.47- 0.93). Conclusion:
Saliva S100B concentrations are a promising biomarker for the diagnosis and prognosis of victims of moderate and severe TBI.