Publication year: 2023
RESUMO
O conceito de experiência de parto positiva tem sofrido várias alterações ao longo do tempo. No decorrer da evolução deste conceito, tem sido dada primazia à tomada de decisão materna e à adoção de posições de trabalho de parto e parto. A preocupação para que o trabalho de parto e parto, enquanto experiência e fenómeno na vida da mulher/casal, seja dotado de conhecimento que permita a tomada de decisões para
uma experiência positiva da mulher/casal atualmente tem sido um foco de preocupação dos Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica (EEESMO). Sendo o nascimento de uma criança, um momento marcante na vida da família, o papel do EEESMO é o de estabelecer uma parceria para que a mulher se sinta capacitada para conduzir a sua experiência individual. Deste modo, o conhecimento adquirido acerca da adoção de posições de parto horizontais e verticais traz consigo inúmeros benefícios.
Objetivo:
Identificar os conhecimentos das grávidas sobre as posições a adotar no trabalho de parto e parto; analisar a compreensão da informação adquirida pelas grávidas sobre as posições a adotar no trabalho de parto e parto; identificar os fatores que influenciam a tomada de decisão das grávidas sobre as posições de trabalho de parto e parto.
Metodologia:
Foi realizado um estudo de natureza qualitativa do tipo exploratório descritivo, constituído por uma amostra não probabilística em rede, tipo ?bola de neve? de grávidas do terceiro trimestre que após consentimento informado pretenderam participar no estudo. Foram definidos critérios de inclusão/exclusão e o acesso à amostra foi realizado através de um convite à participação no estudo dirigido às
grávidas com pertença a grupos de mulheres na rede social Facebook e Instagram. A realização da entrevista semi-estruturada foi efetuada em local a definir pela grávida ou através de canais digitais que foram da preferência da mesma.
Resultados:
A posição de litotomia é conhecida por todas as grávidas, no entanto posições como cócoras, vertical, sentada ou decúbito lateral são ainda referidas de uma forma pouco consistente. Apesar de terem sido evidenciados alguns conhecimentos acerca das posições de parto e parto, na sua grande maioria, as grávidas não manifestaram ter conhecido ninguém que tivesse adotado outra posição, para além da convencional, em litotomia. O EEESMO foi bastante valorizado no seu papel por todas as participantes, no entanto, como principais medos/receios acerca da adoção de posições durante o trabalho de parto e parto predomina o medo de intercorrências e o receio de não ser respeitada a sua vontade expressa. Conclusão:
Os EEESMO, no exercício das suas competências, devem continuar a investir na promoção da literacia das grávidas sobre as posições a adotar no trabalho de parto e parto, com o intuito de atualizar a informação transmitida de modo a promover uma experiência de parto positiva, otimizando as boas práticas. Torna-se
fundamental realizar formação em serviço aos EEESMO, para que se possa aprimorar/desenvolver competências técnicas ao nível das posições a adotar no trabalho de parto e parto a fim de promover um parto seguro. Incidindo nestas duas vertentes consideramos que o caminho a desenvolver nos permite alcançar mais precocemente a confiança do casal, responder às expectativas dos mesmos reforçando a experiência positiva do parto.