Publication year: 2022
Introdução:
Estudo sobre as ações desenvolvidas, por gerentes, no processo de trabalho das unidades básicas de saúde, para promoção do trabalho em equipe e da prática interprofissional colaborativa nas equipes de Estratégia Saúde da Família e Saúde Bucal. A literatura mostra que a gerência dos serviços tem potencial para fomentar o trabalho interprofissional que, por sua vez, tem o de produzir o cuidado com maior segurança para os usuários, melhor qualidade da atenção à saúde e satisfação no trabalho dos profissionais. Objetivos:
Analisar o cotidiano de trabalho dos gerentes de unidade básica de saúde e as ações gerenciais que contribuem para a prática interprofissional colaborativa, em equipes de Estratégia Saúde da Família com elevado clima de equipe e satisfação no trabalho. Método:
Estudo qualitativo exploratório, do tipo estudo de caso múltiplo, em duas unidades básicas de saúde. A coleta de dados foi realizada com observação direta do trabalho dos gerentes de unidade, complementada com entrevista semiestruturada com os apoiadores diretos da gerência da unidade: os enfermeiros responsáveis técnicos e os apoiadores da Organização Social responsável pela gestão da unidade. Utilizou-se análise de conteúdo e o programa Atlas ti, com análise das observações, seguida da análise das entrevistas e de triangulação dos resultados, com base no referencial de trabalho interprofissional e de gestão pública em saúde. Resultados:
Os resultados evidenciaram, de forma predominante, nas duas unidades estudadas, ações gerenciais e a percepção de promoção da prática interprofissional colaborativa, voltada ao clima de equipe na dimensão de orientação para tarefas, buscando atingir os objetivos das equipes e da unidade, com qualidade. Os gerentes buscam orientar as equipes ESF com SB na organização de suas atividades de cuidado, com foco nos objetivos e nas metas de produção do contrato de gestão da Organização Social responsável pela gestão da unidade. Os gerentes também se ocupam da promoção de trabalho interprofissional na modalidade de trabalho em rede, visto que apoiam as equipes, se responsabilizando pela comunicação e articulação com a rede assistencial e os demais setores. No que se refere ao modelo de gestão adotado, predominou o gerencialismo, acompanhado de ações gerenciais e de liderança de caráter autocrático, orientadas, em particular, pelo cumprimento de metas de produção e normativas técnicas. Também foram identificadas ações de caráter democrático, embora frágeis e limitadas a promover espaços de escuta e diálogo para assegurar a produção das atividades previstas. Conclusões:
Conclui-se que o estudo evidencia ações gerenciais que buscam promover o trabalho em equipe e prática colaborativa, em especial assegurando o cumprimento de objetivos técnicos e das metas de produção definidas a priori e independentemente das condições de trabalho efetivas e das limitações de infraestrutura. Fica evidente que são os profissionais de saúde das equipes ESF com SB que produzem, no cotidiano de trabalho, a colaboração interprofissional orientada para o cuidado dos usuários e da população, visto que os gerentes se ocupam da colaboração de forma instrumental, baseada nas normativas e metas definidas pela gestão superior. Isso requer mudanças para o fortalecimento do trabalho interprofissional e, em geral, das políticas públicas de saúde na Atenção Primária à Saúde.
Introduction:
Study on the actions developed by managers in the work process of basic health units to promote teamwork and collaborative interprofessional practice in teams of the Family Health Strategy and Oral Health. The literature shows that service management has the potential to foster interprofessional work which, in turn, can produce care with greater safety for users, better quality of health care, and greater job satisfaction for professionals. Objectives:
To analyze the daily work of managers of basic health care units and the managerial actions that contribute to collaborative interprofessional practice in Family Health Strategy teams with a high team climate and job satisfaction. Method:
Qualitative exploratory study, multiple case study type, in two basic health units. Data were collected through direct observation of the work of the unit managers, complemented by semi-structured interviews with the direct supporters of the unit management: the nurses in charge and the supporters of the Social Organization responsible for managing the unit. Content analysis and the Atlas ti program were used, with analysis of the observations, followed by an analysis of the interviews and triangulation of the results, based on the referential of interprofessional work and public health management. Results:
The results evidenced, predominantly, in the two units studied, managerial actions and the perception of promotion of collaborative interprofessional practice, aimed at the team climate in the dimension of task orientation, seeking to achieve the objectives of the teams and the unit, with quality. Managers seek to guide the Family Health teams with Oral Health in the organization of their care activities, focusing on the objectives and production goals of the management contract of the Social Organization responsible for managing the unit. Managers are also in charge of promoting interprofessional work in the networking modality, since they support the teams, being responsible for communication and articulation with the care network and other sectors. As for the management model adopted, managerialism predominated, accompanied by managerial and leadership actions of an autocratic nature, guided, in particular, by the fulfillment of production goals and technical regulations. Democratic actions were also identified, although fragile and limited to promoting spaces for listening and dialogue to ensure the production of the planned activities. Conclusions:
It is concluded that the study evidences managerial actions that seek to promote teamwork and collaborative practice, especially by ensuring the fulfillment of technical objectives and production goals defined a priori and regardless of effective working conditions and infrastructure limitations. It is evident that it is the health professionals of the Family Health teams with Oral Health who produce, in the daily work routine, the interprofessional collaboration oriented to the care of users and the population, since the managers deal with the collaboration instrumentally, based on the norms and goals defined by upper management. This requires changes for the strengthening of interprofessional work and, in general, of public health policies in Primary Health Care.
