Desenvolvimento de intervenção educativa baseada no Modelo de Crenças em Saúde para a prevenção do câncer do colo do útero
Development of an educational intervention based on the Health Beliefs Model for the prevention of cervical cancer

Publication year: 2023

Introdução:

Globalmente, o câncer do colo do útero é o quarto câncer mais comum em mulheres, tanto na incidência quanto na mortalidade, com a maior carga em países de baixa e média renda.

Objetivo:

Desenvolver uma intervenção educativa para promover a prevenção do câncer do colo do útero.

Método:

Trata-se de um estudo metodológico de desenvolvimento de intervenção complexa, realizado em três etapas interligadas, denominadas Estudo 1, Estudo 2 e Estudo 3, segundo o referencial teórico de Sidani e Braden. O estudo 1 e o estudo 2 foram realizados para a compreensão do problema e incluíram respectivamente a abordagem empírica (revisão de escopo) e a abordagem experiencial (estudo qualitativo). O estudo 3 (estudo metodológico) consistiu na elaboração da intervenção e desenvolvimento da Teoria da Intervenção. A revisão de escopo foi conduzida conforme a metodologia do Instituto Joanna Briggs, e buscou identificar, mapear e descrever as características das intervenções educativas para prevenção do câncer de colo do útero. No estudo qualitativo buscou-se compreender as dificuldades e barreiras das mulheres para adoção de comportamentos de prevenção do câncer de colo do útero, por meio da técnica de grupo focal. A população do estudo foi composta por mulheres residentes na cidade de Coari Amazonas, cadastradas na Estratégia de Saúde da Família, no ano de 2022. No estudo metodológico os dados obtidos na abordagem empírica e experiencial foram sintetizados para subsidiar a elaboração da intervenção e desenvolvimento da Teoria da intervenção.

Resultados:

Os resultados do estudo 01 mostraram que as estratégias educativas mais utilizadas foram as discussões em grupo, palestras e folhetos educativos. A maior parte das atividades educativas ocorreram em sessão única, de 40-60 minutos. O modelo teórico mais utilizado foi o Modelo de Crenças em Saúde. No estudo 02 os resultados mostraram que as principais barreiras à participação no rastreamento do câncer de colo de útero incluíram demora na entrega do exame, falta de fichas, falta de tempo, escassez de profissional de saúde, impedimentos e ameaças do marido, falta de informação sobre o exame, dificuldade financeira, vergonha, constrangimento e medo do exame, fatalismo, papéis de gênero, dor na hora do exame, dificuldades geográficas e morar na área ribeirinha. No estudo 3 desenvolveu-se a Teoria da intervenção educativa, baseada no Modelo de Crenças em Saúde, proposta em três sessões de 60 minutos, com dois componentes: educativo e comportamental. O componente educativo inclui informações sobre o câncer do colo do útero, teste Papanicolaou, direitos da mulher e motivação em saúde. O componente comportamental consiste no ensino de uma técnica de relaxamento que poderá ser utilizada antes da realização do exame e em outras situações do dia a dia. A intervenção deve ser aplicada por enfermeiros e agentes comunitários de saúde.

Conclusão:

Intervenções educativas culturalmente sensíveis e baseadas em teoria podem ser utilizadas para aprimorar as estratégias de prevenção do câncer do colo do útero, principalmente para populações vulneráveis, que não estão em conformidade com as recomendações de rastreamento. Recomenda-se o desenvolvimento de estudo piloto para testar a aceitabilidade e viabilidade da intervenção proposta.

Introduction:

Globally, cervical cancer is the fourth most common cancer in women, both in incidence and mortality, with the highest burden in low- and middle-income countries.

Objective:

To develop an educational intervention to promote cervical cancer prevention.

Method:

This is a methodological study of the development of a complex intervention, carried out in three interconnected stages, called Study 1, Study 2 and Study 3, according to the theoretical framework of Sidani and Braden. Study 1 and study 2 were carried out to understand the problem and included, respectively, the empirical approach (scope review) and the experiential approach (qualitative study). Study 3 (methodological study) consisted of the elaboration of the intervention and development of the Intervention Theory. The scope review was conducted according to the methodology of the Joanna Briggs Institute, and sought to identify, map and describe the characteristics of educational interventions for the prevention of cervical cancer. In the qualitative study, we sought to understand, through the focus group technique, the difficulties and barriers women face in adopting cervical cancer prevention behaviors. The study population consisted of women residing in the city of Coari - Amazonas, registered in the Family Health Strategy, in the year 2022. In the methodological study, the data obtained in the empirical and experiential approach were synthesized to support the elaboration of the intervention and development of the Intervention Theory.

Results:

The results of study 01 showed that the most used educational strategies were group discussions, lectures and educational leaflets. Most of the educational activities took place in a single session of 40-60 minutes. The most used theoretical model was the Health Beliefs Model. In study 02, the results showed that the main barriers to participation in cervical cancer screening included delay in delivering the exam, lack of records, lack of time, lack of health professionals, impediments and threats from the husband, lack of information about the exam, financial difficulty, shame, embarrassment and fear of the exam, fatalism, gender roles, pain at the time of the exam, geographic difficulties and living in the riverside area. In study 3, the Theory of educational intervention was developed, based on the Health Beliefs Model, proposed in three 60-minute sessions, with two components: educational and behavioral. The educational component will feature information on cervical cancer, the Papanicolaou test, women's rights and health motivation. The behavioral component consists of teaching a relaxation technique that can be used before the exam and in other everyday situations. The intervention must be applied by nurses and community health agents.

Conclusion:

Culturally sensitive and theorybased educational interventions can be used to improve cervical cancer prevention strategies, especially for vulnerable populations who do not comply with screening recommendations. The development of a pilot study is recommended to test the acceptability and feasibility of the proposed intervention.