Estresse ocupacional vivenciado pelos enfermeiros na assistência a pacientes com Covid-19 em unidades críticas
Occupational stress experienced by nurses in the care of patients with Covid-19 in critical units

Publication year: 2023

Introdução:

Com a pandemia da Covid-19, o elevado grau de transmissibilidade do vírus e o aumento das internações, os enfermeiros vêm passando por um grande desgaste físico e emocional, pois são os profissionais que permanecem à beira do leito 24 horas diárias, assistindo estes pacientes em sua integralidade.

Objetivo:

Identificar e analisar o estresse ocupacional vivenciado pelos enfermeiros durante a assistência a pacientes com Covid-19 em unidades críticas.

Metodologia:

Para atender a este objetivo, foi realizado um estudo transversal, descritivo, com abordagens quantitativa e qualitativa. Foram entrevistados 30 enfermeiros em julho de 2022, que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: i) atuassem, na instituição do estudo, em Unidade de Terapia Intensiva Adulto destinada ao atendimento dos pacientes com Covid-19; ii) experiência profissional mínima de um mês nesta área, de ambos os sexos e; iii) ter disponibilidade em participar da entrevista. A coleta de dados ocorreu por meio de um instrumento estruturado, com questões sobre as características sociodemográficas dos profissionais, para conhecer o perfil do entrevistado, e questões norteadoras que captassem as percepções dos enfermeiros durante a assistência a pacientes com Covid-19. Os participantes foram entrevistados pela pesquisadora, presencialmente. Atendendo à Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Parecer No 5.186.

038 CAAE:

51195021.0.0000.5392. Foi solicitada autorização da instituição da pesquisa para liberação de sua execução e todos os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados quantitativos foram coletados, armazenados, posteriormente tabulados no programa Excel e apresentados para análise em forma de tabelas de frequência. Para a análise qualitativa das respostas dos entrevistados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin, tendo como referencial teórico o estresse ocupacional.

Resultados:

a equipe se desvelou ser jovem, com idade entre 32 e 41 anos, houve predomínio do sexo feminino, 67% (20), em relação à situação conjugal, 57% (17) eram casados, 37% (11) solteiros e 6% (2) separados, 70% (21) dos participantes relataram ter filhos e 20% (6) residiam com pessoas idosas. Somente 10% (3) tinham dupla jornada de trabalho. Em relação ao sono, 27% (8) apresentaram irregularidade. Dos participantes, 97% (29) relataram medo de levar contaminação para casa. Os treinamentos foram realizados por 90% (27) dos enfermeiros, atribuindo maior relevância para os de paramentação e desparamentação. O estresse ocupacional vivenciado foi expresso através de palavras as quais, por meio da categorização, podemos destacar: excesso de trabalho, desconhecimento, medo, morte e cuidar, que mostraram o cotidiano e os enfrentamentos vividos pelos profissionais.

Conclusão:

os dados apontaram que profissionais de saúde, principalmente em atuação que envolva estresse, devem ser monitorados de perto e considerados um grupo de alto risco para adoecimento psicossocial, fortalecendo a importância de apoio contínuo e identificação do estresse ocupacional para tratamento e continuidade do cuidado aos pacientes, para não afetar o desempenho e comprometer os resultados esperados, tanto pessoais, como profissionais.

Introduction:

With the Covid-19 pandemic, the high degree of transmissibility of the virus and the increase in hospitalizations, nurses have been experiencing great physical and emotional exhaustion, as they are the professionals who remain at the bedside 24 hours a day, assisting these patients in their entirety.

Objective:

to identify and analize the occupational stress experienced by nurses during care for patients with Covid-19 in Critical Units.

Methodology:

to meet these objectives, a crosssectional, descriptive study with a quantitative and qualitative approach was carried out. A total of 30 nurses in July 2022, were interviewed who met the following inclusion criteria: i) worked at the institution under study, in an Adult Intensive Care Unit, intended for the care of patients with Covid-19; ii) minimum professional experience of 1 month in this area, of both sexes and iii) be available to participate in the interview. Data collection took place through a structured instrument with questions about the sociodemographic characteristics of professionals to know the profile of the interviewee and guiding questions that captured the perceptions of nurses during the care of patients with Covid-19. Participants were interviewed by the researcher, in person. In compliance with Resolution 466/12 of the National Health Council, the project was submitted and approved by the Research Ethics Committee of the School of Nursing of the University of São Paulo, Technical Advice No. 5.186.

038 CAAE:

51195021.0.0000.5392. Authorization was requested from the research institution to release its execution, and all participants read and signed the Informed Consent Form. Quantitative data were collected, stored and later tabulated in the Excel program and presented for analysis in the form of frequency tables. For the qualitative analysis of the interviewees' answers, Bardin's content analysis was used, having occupational stress as a theoretical reference.

Results:

the team revealed itself to be young aged between 32 and 41 years, there was a predominance of females 67% (20), in relation to marital status 57% (17) were married, 37% (11) single and 6% (2) separated, 70% (21) of the participants reported having children and 20% (6) lived with elderly people. Only 10% (3) had a double shift. Regarding sleep, 27% (8) had irregularity. Of the participants, 97% (29) reported fear of taking contamination home. The trainings were carried out by 90% (27) of the nurses, attributing greater importance to the one on gowning and undressing. The occupational stress experienced was expressed through words that, through categorization, we were able to highlight the excess of work, lack of knowledge, fear, death and care, which showed the daily life and the confrontations experienced by the professionals.

Conclusion:

the data showed that health professionals, especially in work involving stress, should be closely monitored and considered a high-risk group for psychosocial illness, strengthening the importance of continuous support and identification of occupational stress for treatment and continuity of care to patients, so as not to affect performance and compromise the expected results, both personal and professional.