Posicionamento prolongado de lactentes em supino nos primeiros meses de vida é prejudicial ao desenvolvimento: revisão de escopo
Prolonged positioning of infants supine in the first months of life is detrimental to development: scope review

Publication year: 2023

Introdução:

A prática de colocar lactentes para dormir em supino é recomendação atual para a prevenção da Síndrome da Morte Súbita do Lactente, proposta pela OMS e adotada em muitos países, inclusive o Brasil. A comunicação sobre a importância deste posicionamento pode ter possibilitado a interpretação por muitos pais de que este posicionamento é o mais seguro e tem-se identificado a prática de se manter os lactentes na posição supina por tempo prolongado, com uma série de consequências indesejáveis para a saúde e o desenvolvimento dos lactentes. Objetivos - identificar na literatura os efeitos do posicionamento prolongado em supino nos primeiros meses de vida do lactente e identificar as melhores práticas protetivas do desenvolvimento, especialmente quando sob os cuidados da família ou de cuidadores; identificar intervenções que possam ser úteis para a promoção do desenvolvimento infantil e; elaborar proposta prática para profissionais de saúde e familiares de recém-nascidos. Método - trata-se de revisão de escopo que realiza mapeamento da literatura sobre o posicionamento do lactente em tempo prolongado na posição supina e suas consequências para sua saúde. Os procedimentos metodológicos adotados seguiram as recomendações do Prefered Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses [PRISMA], recorrendo-se a buscas nas seguintes bases de dados: Public Med Lars (PubMed), Scopus, Web Of Science, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), EBSCO, Excerpta Medical Database (Embase) e Periódicos Capes. Resultados - de um total de 578 artigos, 11 foram identificados como elegíveis, cinco classificados como de intervenção e seis como observacionais. Os estudos de intervenção, orientados para aumentar a tolerância dos lactentes à posição prona, concluíram haver ganhos significativos com as práticas de posicionar o lactente peito a peito com o corpo reclinado, olhando para o lactente; identificar brinquedos preferidos; os pais ficarem próximos e envolvidos na tarefa de apresentar novas posições; realizar intervenções multicomponentes; fazer atividades com grupos de mães/pais; proporcionar suporte parental; promover autoeficácia materna; informar a necessidade de aumentar progressivamente o tempo em posição prona; aumentar conhecimento dos pais sobre o desenvolvimento infantil. Nos seis estudos observacionais, realizados com diversas formas de investigação, foi identificado que as crenças parentais interferem nos cuidados infantis e que o posicionamento em prono promove o desenvolvimento infantil, o fortalecimento da musculatura antigravitacional e a ativação da musculatura do pescoço e das costas, melhora o desenvolvimento motor grosso, reduz a obesidade aos 4 meses de idade e previne deformidades cranianas. Tais estudos oferecem como sugestões de intervenção junto às famílias aprimorar o fornecimento de informações adequadas, o uso de recursos visuais para facilitar a compreensão e que as atividades sejam adaptadas às suas realidades específicas, com agenda e ambiente adequados, devendo as atividades de posicionamento serem iniciadas logo após o nascimento do lactente. Conclusão os profissionais de saúde devem ser orientados quanto ao modo como as forças da gravidade agem sobre o corpo do lactente e que a posição supina mantida por tempo prolongado pode provocar alterações cranianas, assimetrias e atraso no desenvolvimento dos lactentes e que seus pais devem ser encorajados a oferecer oportunidades de posicionamentos diferentes, evitar o uso de dispositivos que restrinjam os movimentos por muito tempo e, apoiados para que iniciem tais atividades ainda na maternidade.

Introduction:

the back to sleep practice is recognized as an effective method of preventing Sudden Infant Death Syndrome, proposed by the WHO and adopted in many countries, including Brazil. Social communication about its importance may have led to the interpretation by many parents that this guideline applies when the infant is sleeping, but also when he is awake, leading to the common practice of keeping infants in this position for a polonged period of time, with a series of undesirable consequences for the health and development of infants. Objectives - to identify in the literature the effects of prolonged supine positioning in the first months of infant life; to identify the best protective practices for development, especially when under the care of the family or caregivers; to develop a practical proposal for health professionals and family members of newborns. Method - this is a scoping review that maps the literature on the prolonged positioning of infants in the supine position and its consequences for their infant health. The methodological procedures adopted followed the recommendations of the Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses [PRISMA], using searches in the following databases: Public Med Lars (PubMed), Scopus, Web Of Science, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), EBSCO, Excerpta Medical Database (Embase) and Periódicos Capes. Results - out of a total of 578 articles, 11 were identified as eligible, five as classified as interventional and six as observational. Intervention studies, aimed at increasing infants' tolerance to the prone position, concluded that there were significant gains with the practice of positioning the infant "chest to chest" with the body reclined, looking at the infant; identify preferred toys; parents become close and involved in the task of presenting new positions; carry out multi-component interventions; do activities with mother/father groups; provide parental support; promote maternal self-efficacy; inform the need to progressively increase the time in the prone position; increase parents' knowledge of child development. In the six observational studies, carried out with various forms of investigation, it was identified that parental beliefs interfere with child care and, that prone positioning promotes child development, the strengthening of the anti-gravity muscles and the activation of the neck and back muscles, improves gross motor development, reduces obesity at 4 months of age and prevents cranial deformities. Such studies offer as suggestions for intervention with families to improve the provision of adequate information, the use of visual resources to facilitate comprehension, and the adaptation of activities to their specific realities, with an appropriate agenda and environment, and to start positioning activities soon after the infant's birth. Conclusion health professionals should be instructed about how the forces of gravity act on the infant's body and that the supine position maintained for a long time can cause cranial changes, asymmetries and developmental delay in infants and that their parents should be encouraged to offer opportunities for different positions, avoid the use of devices that restrict movements for a long time and, to be supported to start such activities while still in the maternity ward.