Publication year: 2023
Introdução:
Os pacientes críticos apresentam alta incidência de lesões por pressão (LP) devido à instabilidade hemodinâmica e gravidade das condições de saúde. A redução da incidência das LP inicia-se pela identificação de fatores de risco e implementação de medidas preventivas, como o colchão de baixa pressão constante (BPC). A detecção precoce através de medidas biofísicas como a umidade subepidérmica (SEM) e a termografia se faz necessário. Objetivos:
avaliar a incidência e o tempo para o desenvolvimento de LP em pacientes adultos internados em unidade de terapia intensiva, mantidos em colchão com baixa pressão contínua. Identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento da lesão. Método:
Trata-se de uma coorte prospectiva, desenvolvida em cuidados intensivos de um hospital público português. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Público Central da região norte de Portugal. Os dados foram coletados no período de abril a julho de 2023, por meio do prontuário, exame físico e inspeção da pele dos pacientes internados no período de coleta que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ter idade igual ou superior a 18 anos; e apresentar escore de Braden <=16. Foram excluídos aqueles com histórico prévio de LP em regiões sacral ou calcânea, com manifestações cutâneas como dermatite associada à umidade, reações alérgicas, urticária, celulite, ou outras condições similares em regiões de proeminência óssea; em cuidados paliativos associados a processos de retirada de tratamentos de suporte de vida; grávidas; em recebimento de outras intervenções para a prevenção de LP, que não estavam contempladas no protocolo padrão da instituição; Imobilização total ou com prescrição de posicionamento prona. Para a coleta dos dados demográficos e clínicos, incluindo a inspeção da pele, empregou-se um instrumento de acompanhamento diário, desenvolvido pelos pesquisadores. As medições da SEM foram feitas nas proeminências ósseas do sacro e dos calcanhares, utilizando-se o equipamento SEM SCANNER Provizio®; as mesmas regiões foram fotografadas empregando-se a câmera infravermelha C5 FLIR® para análise termográfica. Os dados quantitativos foram analisados por estatística descritiva e são apresentados por meio de médias e/ou medianas e escalas (desvio padrão e intervalo interquartílico). As variáveis categóricas são descritas por frequências absolutas e relativas. Para as variáveis longitudinais, utilizou-se o modelo de regressão logística de Cox. Resultados:
a amostra foi composta por 91 pacientes, com média de idade de 62,26 anos (DP=13,78). A incidência de LP foi 9,89% com tempo médio de seis dias para o seu desenvolvimento. A região sacral estava acometida em 77,78% dos casos, 55,52% em estágio 2. A Diabetes Mellitus (DM) aumentou em 3,9 vezes o risco de desenvolver LP (p=0,04), assim como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) que o aumentou em 7,84 vezes (p=0,05); a glicemia demonstrou aumentar o risco em 13 vezes(p=0,04). O marcador inflamatório PCR também mostrou aumenta em 5,8 vezes (p=0,053) o risco de desenvolvimento de LP. A diferença entre a temperatura da região central e periférica da proeminência óssea revelou aumentar o risco em 22 vezes (p=0,012). Essa diferença conseguiu predizer o risco do desenvolvimento da LP três dias antes de seu aparecimento (p=0,033). Conclusão:
A incidência relativamente reduzida de 9,89% de lesões por pressão (LP) em comparação com estudos internacionais sugere um impacto positivo das medidas preventivas, como a utilização do colchão de BPC. A associação identificada entre DM, HAS, níveis elevados de glicemia e marcador inflamatório PCR com o risco de desenvolvimento de LP enfatiza a importância de abordagens personalizadas para pacientes com essas condições. A termografia emergiu como um indicador valioso de risco, capaz de prever o desenvolvimento de LP. Novos estudos com amostras mais amplas e diversificadas fazem-se necessários principalmente para o estabelecimento de relações entre a SEM e a temperatura da pele para detecção precoce das LP.
Introduction:
Critical patients have a high incidence of pressure injuries (PU) due to hemodynamic instability and the severity of health conditions. The reduction in PI incidence starts with identifying risk factors and implementing preventive measures, such as the constant low-pressure mattress (CPB). Early detection through biophysical measurements such as subepidermal moisture (SEM) and thermography is necessary. Objectives:
To evaluate the incidence and time for the development of LP in adult patients admitted to an intensive care unit maintained on a mattress with continuous low pressure. Identify the risk factors associated with the development of the lesion. Method:
This prospective cohort was developed in intensive care at a Portuguese public hospital. The study was approved by the Research Ethics Committee of the Hospital Público Central in the northern region of Portugal. Data were collected from April to July 2023 through medical records, physical examination, and inspection of the skin of patients hospitalized during the collection period who met the following inclusion criteria: being 18 years old or older and presenting a Braden score <= 16. Those with a previous history of PI in the sacral or calcaneal regions, with cutaneous manifestations such as dermatitis associated with humidity, allergic reactions, urticaria, cellulitis, or other similar conditions in areas of bony prominence were excluded; in palliative care related to life support treatment; pregnant women; receiving other interventions for the prevention of PI, which were not included in the institution's standard protocol; Total immobilization or with prescription of prone positioning. A daily follow-up instrument developed by the researchers was used to collect demographic and clinical data, including skin inspection. SEM measurements were performed on bony prominences of the sacrum and heels using the SEM SCANNER Provizio® equipment; the same regions were photographed using the C5 FLIR® infrared camera for thermographic analysis. Quantitative data were analyzed using descriptive statistics and are presented using means medians and scales (standard deviation and interquartile range). Absolute and relative frequencies describe categorical variables. For longitudinal variables, the Cox logistic regression model was used. Results:
The sample consisted of 91 patients, with a mean age of 62.26 years (SD=13.78). The incidence of LP was 9.89%, with an average time of six days for its development. The sacral region was affected in 77.78% of the cases and 55.52% in stage 2. Diabetes Mellitus (DM) increased the risk of developing PI by 3.9 times (p=0.04), as well as Hypertension Systemic Arterial System (SAH), which raised it by 7.84 times (p=0.05); blood glucose has been shown to increase the risk by 13 times (p=0.04). The inflammatory marker CRP also showed a 5.8-fold (p=0.053) increase in the risk of developing PI. The difference between the temperature of the central and peripheral regions of the bony prominence revealed a 22-fold increase in risk (p=0.012). This difference predicted the risk of developing PI three days before its onset (p=0.033). Conclusion:
The relatively low incidence of 9.89% of pressure injuries (PU) compared to international studies suggests a positive impact of preventive measures, such as using the PCB mattress. The association identified between DM, SAH, high blood glucose levels, and the inflammatory marker CRP with the risk of developing PI emphasizes the importance of personalized approaches for patients with these conditions. Thermography has emerged as a valuable risk indicator capable of predicting PI development. New studies with more extensive and diversified samples are needed, mainly to establish relationships between SEM and skin temperature for early detection of PI.