Publication year: 2023
Introdução:
A hipertensão arterial é uma doença crônica responsável por alterações funcionais de órgãos-alvo. A crise hipertensiva, a longo prazo pode levar à readmissão ou ocasionar óbito. Objetivo:
Verificar a ocorrência de readmissão não programada em serviço de saúde e óbito em pacientes atendidos com crise hipertensiva, em 30 dias, em 6 meses e 12 meses após o atendimento hospitalar. Métodos:
Estudo de coorte, com 585 participantes, idade >= 18 anos, pressão arterial sistólica >= 180 mmHg e/ou diastólica >=120 mmHg, atendidos entre agosto de 2020 e julho de 2021 na Unidade de Emergência do Instituto do Coração. A coleta de dados foi realizada por meio dos registros em prontuário médico e entrevista por telefone em 30 dias, 6 e 12 meses após o atendimento inicial, para acompanhamento e investigar desfechos readmissão, óbito, infarto do miocárdio ou acidente vascular encefálico. Para readmissão, variáveis p<=0,05 foram submetidas à análise de efeito misto para comparação entre os tempos; para fatores de riscos em cada momento, variáveis p<=0,05 submetidas à regressão logística. Para o desfecho óbito, variáveis p<=0,05 foram submetidas ao modelo de regressão logística, à análise de sobrevivência, ao modelo de regressão de Cox simples e Cox múltipla. Resultados:
A incidência da readmissão foi 68,9% e de óbito 10,5%. Os preditores de readmissão foram:
baixa escolaridade e renda mensal, insuficiência cardíaca congestiva, histórico de acidente vascular encefálico, presença de sintomas no serviço de emergência, dor osteomuscular, diagnóstico de insuficiência cardíaca descompensada, local de tratamento da hipertensão arterial prévia, uso de betabloqueador, bloqueador dos canais de cálcio, baixo consumo de sal, uso de antiácido, diagnóstico de crise hipertensiva, e implante de marcapasso no serviço de emergência. Os fatores associados à readmissão foram, em 30 dias: diagnóstico de infarto do miocárdio, uso de betabloqueador e bloqueador dos canais de cálcio da hipertensão arterial prévia; em 6 meses: urgência hipertensiva e crise hipertensiva sem classificação, presença de sintomas no serviço de emergência, dor osteomuscular, e prática de atividade física; após 12 meses: diagnóstico de insuficiência cardíaca descompensada, diagnóstico de crise hipertensiva, e transferência para outros hospitais. Os fatores associados ao óbito foram:
índice de massa corporal na faixa eutrófico, sobrepeso e obesidade, estado civil viúvo, dislipidemia, doença arterial coronariana, primeira medida da pressão arterial diastólica, sintoma dor torácica, diagnóstico de edema agudo de pulmão, antiarrítmicos no serviço de emergência, tratamento da hipertensão arterial com bloqueador dos receptores de angiotensina e uso de vasodilatadores. A análise de regressão de Cox simples mostrou que os fatores associados a maior sobrevida foram:
ter vínculo empregatício, escolaridade e renda mensal elevada, pressão arterial diastólica maior do que 99,5 mmHg, urgência hipertensiva, sintoma dor torácica, e prática de atividade física. Os fatores associados a menor sobrevida foram:
doenças prévias do sistema nervoso, dispneia, edema agudo de pulmão, ureia e creatinina elevada, tratamento com anticoagulantes no serviço de emergência, diuréticos, e antiarrítmicos, destino internação e transferência, uso de vasodilatador, anticonvulsivante e broncodilatador. Após análise de regressão de Cox múltipla permaneceram associadas ao óbito as seguintes variáveis:
dor torácica, dispneia, tratamento com anticoagulantes no serviço de emergência, antiarrítmicos e transferência para outros hospitais. Conclusões:
A readmissão não programada foi elevada e a maioria dos preditores mostraram associação com aumento da readmissão. A ocorrência do óbito foi elevada.
Introduction:
High blood pressure is a chronic disease that is responsible for changes in target organs. As a complication of arterial hypertension, hypertensive crisis, in the long term can lead to unplanned readmission or cause death. Objective:
To verify the occurrence of unplanned readmission and death in patients treated with hypertensive crisis in emergency department, within 30 days, within 6 months and within 12 months after hospital care. Methods:
This is a prospective cohort study, with 585 participants aged >=18 years and systolic blood pressure >=180 mmHg and/or diastolic >=120 mmHg, attended between August 2020 and July 2021 at the Emergency Unit of the Heart Institute of the University of São Paulo. Data collection was performed through medical records and telephone interviews in 30 days,6 months and 12 months after the initial care for prospective follow-up and investigate the outcomes relapse, death, acute myocardial infarction or stroke. For readmission, variables p<=0.05 were subjected to mixed effects analysis for comparison between times; for risk factors at each time point, variables p<=0.05 subjected to logistic regression. For the outcome death, variables p<=0.05 were submitted to the logistic regression model, survival analysis, simple Cox regression model and multiple Cox regression. Results:
The incidence of unplanned relapse was 68.9% and the incidence of death 10.5%.The predictors of unscheduled hospital recurrence were:
low education and monthly income, congestive heart failure, history of stroke, presence of symptoms in the emergency department, musculoskeletal pain, diagnosis of decompensated congestive heart failure, place of treatment of previous arterial hypertension use of betablocker, calcium channel blocker, low salt intake, use of antacid, diagnosis of hypertensive crisis, and pacemaker implantation in the emergency service. The factors associated with unscheduled recurrence were within 30 days:
diagnosis of acute myocardial infarction, use of betablocker, calcium channel blocker for the treatment of previous arterial hypertension; in 6 months hypertensive urgency and unclassified hypertensive crisis, presence of symptoms in the emergency department, musculoskeletal pain, and practice of physical activity; after 12 months: diagnosis of decompensated congestive heart failure, diagnosis of hypertensive crisis, and transfer to other hospitals. Regarding death, considering the logistic regression model, the associated factors were: body mass index range, overweight, and obesity, widowed marital status, dyslipidemia, coronary artery disease, first blood pressure measurement diastolic blood pressure, chest pain symptom, diagnosis of acute pulmonary edema, treatment with antiarrhythmics in the emergency department, treatment of arterial hypertension with angiotensin receptor blockers and use of vasodilators. Simple Cox regression showed that the factors associated with longer survival were:
having an employment relationship, high schooling and monthly income, diastolic blood pressure greater than 99.5 mmHg, hypertensive urgency, chest pain symptom, and practice of physical activity. Factors associated with lower survival were:
previous diseases of the nervous system, dyspnea, acute pulmonary edema, urea and creatinine high, treatment with anticoagulant in the emergency department, diuretic, and antiarrhythmic, destination hospitalization and transfer, use of vasodilator, anticonvulsant, and bronchodilator. After multiple Cox regression analysis, the following variables remained associated with death: chest pain, dyspnea, treatment with anticoagulants performed in the emergency service, antiarrhythmics and transfer to other hospitals. Conclusions:
Unplanned relapse was high and the predictors that showed an association with an increase in relapse. The occurrence of death was high.