Publication year: 2023
Introdução:
A fadiga é um fenômeno multidimensional, multicausal, inespecífico e subjetivo utilizado para descrever uma sensação opressiva contínua de esgotamento aliada a capacidade reduzida de trabalho físico e mental. É um sintoma frequente e persistente em pessoas que sofreram um episódio de infarto agudo do miocárdio (IAM), e interfere negativamente na capacidade de realizar atividades de vida diária. Fatores como o senso de coerência (SOC) podem influenciar a experiência do sintoma. O SOC é um recurso de enfrentamento que auxilia as pessoas a manejarem situações que provocam tensão e a identificar e mobilizar fatores que promovem enfrentamento efetivo. Embora a relação entre fadiga, senso de coerência e a performance funcional seja reconhecida na literatura, ainda não há estudos que tenham analisado a relação entre fadiga, senso de coerência e funcionalidade em pessoas com IAM. Objetivo:
Analisar a associação entre o impacto da fadiga, senso de coerência e funcionalidade em pessoas que tiveram episódio de IAM à luz da Teoria dos Sintomas Desagradáveis. Método:
Trata-se de um estudo do tipo transversal, correlacional, de abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC). A população de interesse do estudo foi composta por indivíduos com história de IAM, assistidos pelo setor ambulatorial do IDPC. Para avaliar o prejuízo cognitivo, foi utilizado o Miniexame do Estado Mental (MEEM). Os fatores fisiológicos e situacionais foram obtidos pelo Instrumento de descrição dos dados sociodemográficos e clínicos. O SOC foi avaliado pela Sense of Coherence Scale (SOC-29) e, para avaliar o impacto da fadiga foi utilizada a Escala Modificada de Impacto da Fadiga (MFIS). A Duke Activity Status Index (DASI), e a Escala de Atividades Instrumentais da Vida Diária e a Escala de Barthel foram utilizadas para avaliar a funcionalidade. A Edmonton Symptom Assessment System revisada (ESAS-r) foi utilizada para caracterizar a intensidade da depressão, ansiedade e sonolência presentes nos indivíduos pós-infartados. Resultados:
Foram incluídos 140 participantes. Quanto aos fatores fisiológicos, os participantes tinham idade média de 65,4 (DP = 10,4) anos, sendo a maioria do sexo masculino (n = 87; 62,1%). Quanto aos fatores psicológicos, os escores médios do SOC-29, ESAS-r Ansiedade e Depressão foram de 121,1 (DP=11,4), 3,3 (DP=3,4) e 3,4 (DP=3,5), respectivamente. Referente aos fatores situacionais, a maioria dos participantes eram casados (n=75; 53,6%), brancos (n=81; 57,9%), com escolaridade média de 10,8 anos (DP=3,7), com renda salarial média mensal de R$ 2.075,6 (DP=R$1.772,8). A MFIS total apresentou escore médio de 41 (DP=15,2). Em relação à performance, os valores médios do DASI, AIVD e AVD foram respectivamente, 29 (DP=10,1), 24 (DP=3,5) e 93 (DP=8,2). Houve associação estatisticamente significativa entre MFIS e intensidade da ansiedade (p = 0,037), estado civil (p = 0,011) e DASI (r = -0,327; p = <0,001). Conclusão:
Houve associação do impacto da fadiga com fatores situacionais psicológico (ansiedade) e situacional (estado civil) e funcionalidade (DASI).
Introduction:
Fatigue is a multidimensional, multicausal, nonspecific and subjective phenomenon used to describe a continuous oppressive feeling of exhaustion combined with a reduced capacity for physical and mental work. It is a frequent and persistent symptom in people who have suffered an episode of acute myocardial infarction (AMI), and negatively interferes with the ability to carry out activities of daily living. Factors such as sense of coherence (SOC) can influence the experience of the symptom. SOC is a coping resource that helps people manage stressful situations and identify and mobilize factors that promote effective coping. Although the relationship between fatigue, sense of coherence and functional performance is recognized in the literature, there are still no studies that have analyzed the relationship between fatigue, sense of coherence and functionality in people with AMI. Objective:
To analyze the association between the impact of fatigue, sense of coherence and functionality in people who have had an episode of AMI in the light of the Unpleasant Symptoms Theory. Method:
This is a cross-sectional, correlational study with a quantitative approach. Data was collected at the Dante Pazzanese Institute of Cardiology (IDPC). The study population of interest was made up of individuals with a history of AMI, assisted by the IDPC outpatient department. The Mini-Mental State Examination (MMSE) was used to assess cognitive impairment. Physiological and situational factors were obtained using the sociodemographic and clinical data description instrument. SOC was assessed using the Sense of Coherence Scale (SOC-29) and the Modified Fatigue Impact Scale (MFIS) was used to assess the impact of fatigue. The Duke Activity Status Index (DASI), the Instrumental Activities of Daily Living Scale and the Barthel Scale were used to assess functionality. The Edmonton Symptom Assessment System revised (ESAS-r) was used to characterize the intensity of depression, anxiety and sleepiness present in post-stroke individuals. Results:
140 participants were included. In terms of physiological factors, the participants had a mean age of 65.4 (SD = 10.4) years, and the majority were male (n = 87; 62.1%). As for psychological factors, the mean scores for the SOC-29, ESAS-r Anxiety and Depression were 121.1 (SD=11.4), 3.3 (SD=3.4) and 3.4 (SD=3.5), respectively. With regard to situational factors, the majority of participants were married (n=75; 53.6%), with an average schooling of 10.8 years (SD=3.7), with an average monthly salary income of R$2,075.6 (SD=R$1,772.8) and self-declared white (n=81; 57.9%). The total MFIS score averaged 41 (SD=15.2). In terms of performance, the mean DASI, IADL and ADL scores were 29 (SD=10.1), 24 (SD=3.5) and 93 (SD=8.2), respectively. There was a statistically significant association between total MFIS and intensity of anxiety (p = 0.037), marital status (p = 0.011) and DASI (r = -0.327; p = <0.001). Conclusion:
The impact of fatigue was associated with psychological (anxiety) and situational (marital status) situational factors and with the individual's performance (DASI).
