Desempenho de índices antropométricos como instrumentos de rastreio para diabetes autorreferido na população brasileira

Publication year: 2024

A prevalência de doenças crônicas como diabetes mellitus tem apresentado ascensão no Brasil e no mundo. Nesse sentido, medidas de fácil aplicabilidade e de baixo custo que rastreiem a doença podem contribuir para o diagnóstico oportuno da mesma. A literatura demonstra uso de medidas antropométricas como proxy de diabetes mellitus. Estudo brasileiro realizado para avaliar essa associação utilizou como critério diagnostico o exame de hemoglobina glicada para diagnostico de DM, contudo observa-se na literatura a validação do uso do diagnostico autorreferido de doenças crônicas.

OBJETIVO:

Avaliar a capacidade diagnóstica de índices índices antropométricos para o rastreamento do diabetes autorreferido na população brasileira e estimar a razão de chances de DM usando as quatro medidas antropométricas.

METODOS:

Estudo transversal realizado com brasileiros ≥18 anos participantes da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 que referiram diagnóstico prévio de diabetes.

Os índices antropométricos avaliados foram:

Circunferência da Cintura (CC),Indice de Massa Corporal IMC, Relação Cintura Estatura (RCE) e Body Shape Index (ABSI). Para avaliação diagnóstica, foi utilizado o software MedCalc Statistical Software versão 16.4.3, por meio do qual foram estimados as sensibilidades, especificidade, valor preditivo positivo e negativo, ponto de corte ideal, e área sobre a curva obtida por meio de curva ROC - Receiver Operator Characteristic. Todas as analises foram estratificadas por idade (menores de 40 anos, 40 a 60 anos e maiores de 60 anos) e sexo. Para estimar a chance de ter DM autorrelatado e ter medidas antropométricas acima dos pontos de corte foram construídos três modelos de regressão logística ajustados por variáveis sociodemográficas (idade e sexo), comportamentos em saúde (atividade física e fumo) e comorbidades associadas (doença do coração).

RESULTADOS:

Os pontos de corte do índice RCE variaram entre 0,55 e 0,6, tiveram melhor desempenho para o rastreio do DM em ambos os sexos e em todas as idades, exceto em homens acima de 60 anos. A CC em 98cm foi o melhor ponto de corte no grupo de homens acima de 60 anos. Pessoas com idade inferior a 40 anos apresentam maiores especificidades e menores sensibilidades quando comparados com as demais faixas etárias. Com exceção do ABSI em menores de 40 anos, todos os índices tiveram significância estatística. Os valores preditivos negativos foram maiores entre os mais jovens e decaiu na população idosa. Já a CC alterada apresenta mais do triplo de chance de te DM 3.78 (IC95%: 3.39 -4.25) quando comparada com valores normais mno modelo não ajustado, após ajuste no terceiro modelos a medida representa o dobro de chance de ter a doença 2.35 (IC95%: 2.06-2.68). Assim como CC, a RCE alterada dobra a chance de ter diabetes autorreferido 2.41 (IC95%: 2.13 -2.74). Por fim, o ABSI apresenta odds ratio de 1.52 (IC95%: 1.34 1.73) no modelo ajustado.

CONCLUSÃO:

A avaliação antropométrica para rastreamento do diabetes mellitus é uma ferramenta importante para sua detecção precoce, controle e prevenção, apesar das estimativas de curva ROC terem sido próximas de 0,6. Índices antropométricos alterados representam maiores chance de desenvolver DM, mesmo após ajustes por fatores de confusão. Os resultados desta pesquisa têm representatividade nacional, tendo como limitação o diagnóstico autorreferido da doença.

Introduction:

The prevalence of chronic diseases such as diabetes mellitus has shown an increase in Brazil and the world, in this sense, easily applicable and low-cost measures that track the disease can contribute to its timely diagnosis. The literature demonstrates the use of anthropometric measurements as a proxy for diabetes mellitus. A Brazilian study carried out to evaluate this association used the glycated hemoglobin test as a diagnostic criterion for diagnosing DM, however, validation of the use of self-reported diagnosis of chronic diseases is observed in the literature.

OBJECTIVE:

To evaluate the diagnostic capacity of anthropometric indices for screening self-reported diabetes in the Brazilian population and to estimate the odds ratio of DM in the four anthropometric measurements.

METHODS:

Crosssectional study carried out with Brazilians aged ≥18 years participating in the National Health Survey who reported a previous diagnosis of diabetes.

The anthropometric indices evaluated were:

Waist Circumference (WC), BMI, Waist Height Ratio (WHtR) and Body Shape Index (ABSI). To evaluate diagnostic tests, the software MedCalc Statistical Software version 16.4.3 was used, where the sensitivities, specificities, positive and negative predictive values, ideal cutoff point, and area over the curve obtained using the ROC curve in English Receiver were estimated. Operator Characteristic, all analyzes were subdivided by age (under 40 years old, 40 to 60 years old and over 60 years old) and sex. To estimate the odds ratio of having selfreported DM and having anthropometric measurements above the cutoff points, three logistic regression models were constructed, adjusted for sociodemographic variables (age and sex), lifestyle/habits (physical activity and smoking) and associated comorbidities. (heart disease).

RESULTS:

The WHR index cut-off points varied between 0.55 and 0.6, with better performance in both sexes and all ages, except in men over 60 years old. The WC at 98cm was the best cut-off point in the group of men over 60 years old. People under 40 years of age have greater specificities and lower sensitivities when compared to other age groups. With the exception of ABSI in children under 40 years of age, all indices were statistically significant. Negative predictive values were higher among younger people and decreased in the elderly population. Like WC, altered WHtR doubles the chance of having self-reported diabetes, in the adjusted models.

CONCLUSION:

Anthropometric assessment for tracking diabetes mellitus is an important tool for early detection, control and prevention, despite AUC estimates being close to 0.6. The results of this research are nationally representative, with the limitation of self-reported diagnosis of the disease