Qualidade de vida e repercussões clínicas após Covid-19 em Rurópolis - Pará
Quality of life and clinical repercussions after Covid-19 in Rurópolis-Pará

Publication year: 2023

Introdução:

A disseminação de um novo coronavírus, no final de 2019, na China, com rápida disseminação pelo mundo, sobrecarregou os serviços de saúde em 2020, quando a Organização Mundial da Saúde declarou a Covid-19 uma pandemia. Antes do fim da emergência de saúde pública, evidências científicas e clínicas já haviam demonstrado efeitos pós-Covid-19 que afetam diversos sistemas do corpo humano, com diminuição da qualidade de vida. Ao mapear disfunções e incapacidades decorrentes de complicações surgidas após a doença, é possível definir diretrizes de cuidados pós-Covid.

Objetivo:

Avaliar a prevalência e o comprometimento da saúde de pacientes com Síndrome Pós-Covid-19 que estiveram internados no município de Rurópolis-Pará, no período de maio de 2020 a maio de 2021.

Método:

Pesquisa multimétodo, de abordagem qualitativa e quantitativa, com análise transversal, retrospectiva e descritiva. Para avaliar a saúde e a qualidade de vida dos pacientes incluídos no estudo, foram utilizados questionários como Sintomas Pós-Covid, Resumo da Pesquisa de Saúde sobre Resultados Médicos (SF-36) e o Mini Exame do Estado Mental (Minimental).

Resultados:

Foram obtidos dados epidemiológicos e clínicos de 180 prontuários de 121 pacientes e 59 óbitos internados no Hospital Municipal de Rurópolis no período estudado. A pesquisa mostrou que dos pacientes internados incluídos, 60,56% eram do sexo masculino e a idade média era de 59,9 anos. Nos sintomas apresentados na fase aguda, foram encontrados febre em 157 (87,22%), tosse em 151 (83,89%), dispneia em 133 (73,89%), desconforto respiratório em 106 (58,89%) e saturação menor que 95% em 140 (77,78%) dos pacientes. A cura ocorreu em 121 (67,22%) casos. Posteriormente, dos 121 sobreviventes, 54 foram entrevistados com o objetivo de identificar e avaliar manifestações relacionadas ao pós-Covid-19. Com base nas queixas Pós-Covid, 41 (75,93%) desses pacientes apresentaram manifestações como fadiga, falta de ar, tosse, comprometimento cognitivo, dor de cabeça, distúrbio do sono, ansiedade, perda de olfato e paladar. Os resultados sobre qualidade de vida revelaram diferença estatisticamente significativa em relação à dificuldade para dormir, ansiedade, cansaço e surgimento de dores espontâneas antes e depois da Covid. O Minimental apresentou os menores escores nas variáveis memória, atenção e cálculo, entre pacientes com e sem síndrome pós-Covid, sem diferença estatística antes e depois da doença. Os dados qualitativos permitiram levantar informações sobre a percepção dos entrevistados após a Covid, em que viver bem está associado à espiritualidade, ao vínculo familiar e ao ser saudável. Foram observados impactos na qualidade de vida através das falas dos pacientes, bem como a dificuldade no acompanhamento ambulatorial dos pacientes pós-Covid.

Conclusões:

Foram observadas manifestações em pacientes após infecção aguda com repercussão na qualidade de vida 2 a 3 anos após o diagnóstico de Covid-19, com efeitos em longo prazo. Por meio deste estudo foi possível desenvolver um instrumento de avaliação de pacientes que apresentam sintomas pósCovid e um fluxograma de atendimento para que os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, possam utilizá-los na Atenção Primária à Saúde, para cuidar dos pacientes após a fase aguda.

Introduction:

The spread of a new coronavirus, at the end of 2019, in China, with rapid spread around the world, overloading health services, even in 2020, when the World Health Organization declared Covid-19 a pandemic. Before the end of the public health emergency, scientific and clinical evidence had already demonstrated post-Covid-19 effects, which affect several systems of the human body, with a decrease in quality of life. By mapping dysfunctions and disabilities arising from complications arising after the disease, it is possible to define postCovid care guidelines.

Objective:

To evaluate the prevalence and health impairment of patients with Post-Covid-19 Syndrome who were hospitalized in the municipality of Rurópolis-Pará, from May 2020 to May 2021.

Method:

Multi-method research, with a qualitative and quantitative, with cross-sectional, retrospective and descriptive analysis. To assess the health and quality of life of patients included in the study, questionnaires such as Post-Covid Symptoms, Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36) and the Mini Mental State Examination (Minimental) were used.

Results:

Epidemiological and clinical data were obtained from 180 medical records of the 121 survivors and 59 deaths admitted to the Rurópolis Municipal Hospital during the studied period. The research showed that of the patients hospitalized included, 60.56% were male and the average age was 59.9 years. In the symptoms presented in the acute phase, fever was found in 157 (87.22%), cough in 151 (83.89%), dyspnea in 133 (73.89%), respiratory discomfort in 106 (58.89%) and saturation less than 95% in 140 (77.78%) of the patients. Cure occurred in 121 (67.22%) of cases. Subsequently, of the 121 survivors, 54 were interviewed with the purpose of identifying and evaluating manifestations related to post-Covid-19. Based on Post-Covid complaints, 41 (75.93%) of these patients presented manifestations such as fatigue, shortness of breath, cough, cognitive impairment, headache, sleep disturbance, anxiety, loss of smell and taste. The results on quality of life revealed a statistically significant difference in relation to difficulty sleeping, anxiety, tiredness and the emergence of spontaneous pain before and after Covid. Minimental showed the lowest scores in the variables memory, attention and calculation, among patients with and without post-Covid syndrome, with no statistical difference before and after the disease. The qualitative data made it possible to gather information about the interviewees' perception after Covid, in which living well is associated with spirituality, family ties and being healthy. Impacts on quality of life were observed through the patients' statements, as well as the difficulty in outpatient follow-up in post-Covid patients.

Conclusions:

Manifestations were observed in patients after acute infection with repercussions on quality of life 2 to 3 years after the diagnosis of Covid-19, with long-term effects. Through this study, it was possible to develop an assessment instrument for patients who present post-Covid symptoms and a flowchart of care so that health professionals, especially nurses, can use them in Primary Health Care, to care for patients after the acute phase.