Cuidados de enfermagem omissos em cuidados intensivos

Publication year: 2024

Enquadramento:

Cuidados de enfermagem omissos (CEO) definem os cuidados que são omitidos de forma parcial ou total, ou significativamente adiados, traduzindo-se num erro por omissão. As unidades de cuidados intensivos constituem ambientes tecnologicamente complexos, nas quais o cuidado ao doente crítico engloba inúmeras intervenções de enfermagem, o que pode levar à necessidade de priorizar cuidados ou à omissão dos mesmos por parte dos enfermeiros.

Objetivo geral:

Identificar quais são os CEO e quais os fatores que contribuem para a omissão de cuidados numa Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) de um hospital português, na perspetiva dos enfermeiros.

Metodologia:

Estudo de abordagem quantitativa com um desenho descritivo-correlacional. Colheita de dados realizada através de um questionário constituído pela escala MISSCARE na versão portuguesa de Loureiro, Loureiro e Fernandes (2020) e dados de caracterização sociodemográfica e profissional. A amostra é constituída por 81 enfermeiros que desempenham funções na UCI de um hospital português. A análise estatística foi realizada com recurso ao Statistical Package for the Social Science (SPSS).

Resultados:

A dimensão «cuidados para a capacitação/ autonomia do doente» apresentou valor médio superior (2,84) no que se refere aos CEO, sendo os itens «ensinar o doente sobre a doença, exames e estudos de diagnóstico» (76,5%), «documentação completa de todos os dados necessários» (67,9%) e «assistir a reuniões interdisciplinares» (65,4%) os mais pontuados pelos enfermeiros da UCI. A dimensão «cuidados instrumentais» obteve o valor médio mais baixo (1,98), isto é, foram os menos omissos. Os principais fatores que os enfermeiros da UCI associaram à omissão de cuidados foram a «gravidade e fluxo de doentes» (X? =3,01; DP= 0,71) e a «dotação de profissionais» (X? =2,52; DP= 0,80). Identificaram-se como razões menores as dimensões «recursos materiais» e «comunicação na equipa».

Conclusão:

Os CEO são uma realidade transversal aos ambientes de cuidados. Neste estudo, identificou-se que existe maior omissão de cuidados nas intervenções de enfermagem autónomas comparativamente com as intervenções interdependentes. A problemática da omissão de cuidados importa à gestão, uma vez que conhecendo a realidade de cada contexto, possibilita a definição de estratégias que previnam ou minimizem a omissão, melhorando a qualidade dos cuidados prestados e a segurança do doente.