Publication year: 2023
Introdução:
Estudos sobre rastreio dos sintomas da depressão pós-parto (DPP) vêm sendo realizados há mais de duas décadas no Brasil e no mundo. Na DPP, o rastreio é essencial para propor intervenção adequada às necessidades da mulher e de sua família. Objetivos:
O objetivo geral foi avaliar o impacto de um protocolo institucional associado à implementação das práticas baseadas em evidências no rastreio da DPP no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP). Os objetivos específicos foram:
1) Realizar revisão sistemática (RS) da literatura para avaliar e sintetizar as evidências qualitativas disponíveis sobre as experiências dos profissionais de saúde, as barreiras e os facilitadores no rastreio da DPP; 2) Identificar as barreiras e facilitadores para a implementação das práticas recomendadas no rastreio da DPP no HU-USP; 3) Desenvolver e validar um protocolo institucional; 4) Determinar as conformidades com as recomendações de melhores práticas, identificadas nas auditorias de base e de seguimento; 5) Implementar estratégias educativas para abordar áreas de não conformidade; 6) Avaliar a extensão e a natureza do aumento da conformidade com as melhores práticas e identificar áreas e estratégias para sustentar e melhorar os cuidados de rastreio da DPP prestados à mulher com o filho internado na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) do HU-USP. Método:
O estudo foi composto por uma RS de abordagem qualitativa e por um estudo de intervenção quaseexperimental, tipo antes e depois. No estudo de intervenção, foi desenvolvido e validado protocolo assistencial e realizadas intervenções educativas. Foram seguidas recomendações metodológicas do JBI. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HU-USP. Resultados:
Na RS, foram incluídos 24 estudos qualitativos, envolvendo 387 profissionais de saúde. Foram extraídos 113 achados, agrupados em cinco categorias e duas sintetizes: 1) A necessidade de capacitação e educação permanente, papel profissional, prática profissional e modos de cuidar na triagem de sintomas depressivos em puérperas; 2) Barreiras externas, fatores facilitadores e aspectos do sistema de saúde. Os resultados das auditorias, antes e depois da implementação das melhores práticas, foram apresentados em percentuais. Os critérios auditados foram:
Educação e treinamento dos profissionais de saúde sobre DPP (1), habilidades de comunicação centradas no paciente e na família (2) e Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS) (3); Identificação e abordagem das barreiras (4) e facilitadores (5) ao rastreio da DPP no contexto local; Avaliação do humor e do bem-estar emocional das mulheres com o filho internado na UCIN (6); Aplicação da EPDS para essas mulheres duas semanas (7), um mês (8) e dois meses após o parto (9); Encaminhamento das mulheres com resultado positivo no exame para diagnóstico e tratamento, de acordo com protocolo institucional (10). Para os critérios (1) a (5), a população foi composta por todos os profissionais da equipe médica e de enfermagem da UCIN. Na auditoria de base, apenas o critério (2) obteve conformidade (22,6%). Na auditoria de seguimento, esse critério obteve 96,5% de conformidade e os critérios (1), (3), (4) e (5) obtiveram 89,6%. Para os critérios (6) a (10), foram verificados 144 prontuários de mães que tiveram o bebê internado na UCIN (77 em cada auditoria). Na auditoria de seguimento, as taxas de conformidade foram 95,4% no critério (6), 92,7% no (7) e 100% no (8), (9) e (10). Conclusão:
O desenvolvimento de uma RS, que subsidiou o protocolo assistencial, e as ações educativas melhoraram as práticas baseadas em evidências no rastreio da DPP. Impactos da pesquisa:
As estratégias de implementação continuarão sendo utilizadas na UCIN e serão implementadas em outras áreas do HU-USP, para melhorar ainda mais o rastreio da DPP. Implicações para prática:
A implementação de protocolo interprofissional tornou possível o rastreio da DPP em uma unidade neonatal em um hospital de ensino.
Introduction:
Studies on screening for symptoms of postpartum depression (PPD) have been carried out for more than two decades in Brazil and around the world. In PPD, screening is essential to propose interventions appropriate to the needs of the woman and her family. Objectives:
The general objective was to evaluate the impact of an institutional protocol associated with implementing evidence-based practices in PPD screening at the University Hospital of the University of São Paulo (HU-USP). The specific objectives were:
1) Conduct a systematic review (SR) of the literature to evaluate and synthesize the available qualitative evidence on the experiences of healthcare professionals, barriers and facilitators in PPD screening; 2) Identify the barriers and facilitators for implementing recommended practices in PPD screening at HU-USP; 3) Develop and validate an institutional protocol; 4) Determine compliance with best practice recommendations, identified in baseline and follow-up audits; 5) Implement educational strategies to address areas of non-compliance; 6) Assess the extent and nature of increased compliance with best practices and identify areas and strategies to support and improve PPD screening provided to women with their child admitted to the Neonatal Intermediate Care Unit (NICU) of HU-USP. Method:
The study was composed of an SR with a qualitative approach and a pre- and post-experimental intervention study. A care protocol was developed and validated in the intervention study, and educational interventions were carried out. JBI methodological recommendations were followed. The HU-USP Research Ethics Committee approved the study. Results:
In RS, 24 qualitative studies involving 387 health professionals were included. There was extracted 113 findings, grouped into five categories and two syntheses: 1) The need for training and ongoing education, professional role, professional practice, and ways of caring in screening postpartum women for depressive symptoms; 2) External barriers, facilitating factors, and health system issues. The results of the audits, before and after the implementation of best practices, were presented in percentages. The audited criteria were:
Education and training of healthcare professionals on PPD (1), patient- and family-centred communication skills (2) and the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS) (3); Identification and addressing of barriers (4) and facilitators (5) to PPD screening in the local context; Assessment of the mood and emotional well-being of women with their child admitted to the NICU (6); Application of the EPDS to these women two weeks (7), one month (8) and two months after childbirth (9); Referral of women with a positive test result for diagnosis and treatment, by institutional protocol (10). For criteria (1) to (5), the population comprised all NICU medical and nursing team professionals. In the baseline audit, only criterion (2) achieved compliance (22.6%). In the follow-up audit, this criterion obtained 96.5% compliance and criteria (1), (3), (4) and (5) obtained 89.6%. For criteria (6) to (10), 144 medical records of mothers who had their babies admitted to the NICU were checked (77 in each audit). In the follow-up audit, compliance rates were 95.4% for criterion (6), 92.7% for (7) and 100% for (8), (9) and (10). Conclusion:
Developing an SR supported the care protocol and educational actions improved evidence-based practices in PPD screening. Research impacts:
The implementation strategies will continue to be used in the NICU and will be implemented in other areas of HU-US to improve PPD screening further. Implications for practice:
To implement an interprofessional protocolenabled screening for PPD in a neonatal unit at a teaching hospital.