Epidemiologia crítica: proposição de uma disciplina para a graduação em enfermagem
Critical epidemiology: proposition of a discipline for undergraduate nursing

Publication year: 2023

O objeto deste estudo é o ensino de Epidemiologia em cursos de graduação na área da saúde, com foco no ensino de enfermagem. Predominantemente as disciplinas de Epidemiologia pautam-se em saberes e práticas da Epidemiologia Tradicional, que estuda a distribuição de doenças através do paradigma cartesiano e linear de ciência, ineficiente nas transformações em saúde. A Epidemiologia crítica constituiu-se como proposta de superação da interpretação desse referencial, a partir da adoção de conceitos do campo da Saúde Coletiva. Pautou-se no Materialismo Histórico e Dialético (MHD) para ancorar a proposição de uma disciplina que instrumentalize a interpretação da distribuição de doenças e agravos, socialmente determinados, em coletivos populacionais compreendidos como o conjunto de grupos heterogêneos entre si.

Objetivo:

elaborar proposta de disciplina de Epidemiologia Crítica para cursos de graduação em enfermagem.

Método:

trata-se de pesquisa qualitativa, que utilizará como método a análise documental de artigos, livros, teses, dissertações e documentos pedagógicos, que abordem conteúdos pedagógicos pautados em conceitos do campo da Saúde Coletiva para estruturar a disciplina de Epidemiologia Crítica.

Resultados:

proposição de um processo de ensino-aprendizagem teóricoprático de Epidemiologia crítica para cursos de graduação em enfermagem, composto por uma sequência de encontros, apresentando conteúdos, estratégias pedagógicas e bibliografia, nos moldes de uma disciplina que possa ser incorporada em currículos de cursos de graduação em enfermagem.

Conclusões:

é imperativo que haja superação do ensino em Epidemiologia, especialmente considerando o contexto recente, de danos causados à coletividade por abordagem científica que tende a naturalizar fenômenos explicitamente advindos da estrutura e dinâmica social. Isso, por sua vez, influencia e, em alguns casos, reforça intervenções estatais altamente focalizadas, frequentemente centradas em campanhas e controle de populações, ao invés da transformação e emancipação das práticas em saúde. Essa transformação é essencial para impulsionar a busca da essência dos fenômenos no campo da saúde, alinhada a uma abordagem teórica e metodológica consistente, capaz de fundamentar e legitimar os avanços no ensino em Epidemiologia.
The object of this study is the teaching of Epidemiology in undergraduate courses in the area of health, with a focus on nursing education. Predominantly, the disciplines of Epidemiology are based on the knowledge and practices of Traditional Epidemiology, which studies the distribution of diseases through the Cartesian and linear paradigm of science, which is inefficient in health transformations. Critical Epidemiology was constituted as a proposal to overcome the interpretation of this framework, based on the adoption of concepts from the field of Collective Health. It was based on Historical and Dialectical Materialism (MHD) to anchor the proposition of a discipline that instrumentalizes the interpretation of the distribution of socially determined diseases and conditions in population collectives understood as the set of heterogeneous groups among themselves.

Objective:

To develop a proposal for a discipline of Critical Epidemiology for undergraduate nursing courses.

Method:

this is a qualitative research, which will use as a method the documentary analysis of articles, books, theses, dissertations and pedagogical documents, which address pedagogical contents based on concepts from the field of Public Health to structure the discipline of Critical Epidemiology.

Results:

proposition of a theoretical-practical teachinglearning process of critical epidemiology for undergraduate nursing courses, consisting of a sequence of meetings, presenting contents, pedagogical strategies and bibliography, in the mold of a discipline that can be incorporated into curricula of undergraduate nursing courses.

Conclusions:

it is imperative that the teaching in Epidemiology be overcome, especially considering the recent context, of damage caused to the community by a scientific approach that tends to naturalize phenomena explicitly arising from social structure and dynamics. This, in turn, influences and, in some cases, reinforces highly focused state interventions, often focused on campaigns and population control, rather than the transformation and emancipation of health practices. This transformation is essential to boost the search for the essence of phenomena in the field of health, aligned with a consistent theoretical and methodological approach, capable of substantiating and legitimizing advances in teaching in Epidemiology.