Publication year: 2024
Introdução:
Uma das formas de controle da sintomatologia e progressão da insuficiência cardÃaca (IC) é o autocuidado. Apesar de ser sabidamente benéfico, o autocuidado ainda é deficitário entre as pessoas com IC no Brasil e no mundo. Para melhorar o autocuidado, as intervenções educativas devem ser implementadas na prática clÃnica. O Programa Educativo para o Autocuidado na Insuficiência CardÃaca - PEAC-IC é uma intervenção para promover o alcance de resultados positivos da pessoa com IC. Em um estudo piloto, o PEAC-IC foi avaliado quanto a sua aceitabilidade e viabilidade, com resultados preliminares satisfatórios. Objetivo principal:
Comparar o efeito do PEAC-IC ao cuidado usual nos comportamentos de autocuidado, no conhecimento sobre a IC, na qualidade de vida relacionada à saúde e no número e duração de internações e de buscas por serviço de urgência e emergência por descompensação da IC. Método:
Ensaio clÃnico randomizado paralelo unicêntrico, cego para a avaliação dos desfechos e análise estatÃstica. Os participantes foram randomizados entre os grupos intervenção, que recebeu o cuidado usual e o PEAC-IC, oferecido em uma sessão presencial e cinco contatos telefônicos com conteúdos estruturados, e grupo controle, que recebeu somente o cuidado usual. Ambos os grupos foram avaliados na linha de base (n=82) e para avaliações de desfecho 1 (n=56), 2 (n=42) e 3 (n=27). A eficácia do PEAC-IC foi analisada por intenção de tratar por meio dos modelos mistos lineares. A pesquisa obteve pareceres favoráveis nos comitês de ética e foi registrada na Plataforma Clinical Trials sob código NCT05081414. Resultados:
O PEAC-IC foi eficaz para a melhora do Autocuidado de Manutenção (p=0,012) e de Manejo (p=0,018) e para redução do tempo de internação por descompensação da IC (<0.001). Entretanto, não houve evidências de efeito em relação ao conhecimento sobre a IC (p=0,660) e à qualidade de vida (p=0,453). Apesar de não ter sido incluÃda como variável dependente, ao longo das avaliações de desfecho foi identificada a ocorrência de morte por descompensação da IC em sete pessoas do GC e dois do GI. Destaca-se que tanto os perÃodos entre as implementações das sessões do PEAC-IC (semanais) quanto das avaliações de desfechos (7ª semana, 3 e 6 meses após 1ª avaliação) foram mais longos do que o previsto no protocolo da pesquisa, por conta do tempo de resposta dos participantes aos contatos dos pesquisadores. Houve maior perda de seguimento no GC quando comparado ao GI. Conclusão:
O PEAC-IC apresentou eficácia para melhora dos comportamentos de autocuidado de manutenção e manejo, assim como na redução duração do perÃodo de internação por descompensação da IC. Sugere-se a avaliação da efetividade do PEAC-IC e a implementação em outros contextos com a inclusão da avaliação de mortalidade por IC, revisão da periodicidade da implementação das sessões do PEAC-IC assim como dos intervalos de avaliação de desfecho e formas de adesão do GC ao protocolo da pesquisa.
Introduction:
One of the ways of controlling the symptoms and progression of heart failure (HF) is self-care. Despite being known to be beneficial; self-care is still deficient among people with HF in Brazil and around the world. To improve self-care, educational interventions must be implemented in clinical practice. So, The Educational Program for Self-Care in Heart Failure - PEAC-IC is an intervention to promote positive outcomes for people with HF. The PEAC-IC was evaluated in a pilot study for its acceptability and feasibility, with satisfactory preliminary results. Main objective:
To compare the effect of the PEAC-IC with usual care on self-care behaviours, knowledge about HF, health-related quality of life and the number and duration of hospitalizations and emergency room visits due to HF decompensation. Method:
Single-center parallel randomized clinical trial, blinded for the evaluation of outcomes and statistical analysis. Participants were randomized in intervention group, which received the usual care and the PEAC-IC, offered in one face-to-face session and five telephone contacts with structured content or in the control group, which received only usual care. Both groups were assessed at baseline (n=82) and for outcome assessments 1 (n=56), 2 (n=42) and 3 (n=27). The efficacy of PEAC-IC was analyzed by intention to treat with linear mixed models. The research obtained favorable opinions from the ethics committees and was registered on the Clinical Trials Platform under code NCT05081414. Results:
The PEAC-IC was effective in improving Maintenance Self-Care (p=0.012) and Management Self-Care (p=0.018) and in reducing the length of hospital stay due to HF decompensation (<0.001). However, there was no evidence of an effect in relation to knowledge about HF (p=0.660) and quality of life (p=0.453). Although it was not included as a dependent variable, death due to HF decompensation was identified in seven people in the CG and two in the IG. It should be noted that both the periods between the implementation of the PEAC-IC sessions (weekly) and the outcome assessments (7th week, 3 and 6 months after the 1st assessment) were longer than anticipated in the research protocol, due to the time it took for the participants to respond to the researchers' contacts. There was a greater loss to follow-up in the CG compared to the IG. Conclusion:
The PEAC-IC was effective in improving maintenance and management self-care behaviors, as well as in reducing the length of hospital stay due to HF decompensation. We suggest evaluating the effectiveness of the PEAC-IC and implementing it in other contexts by including an assessment of HF mortality, reviewing the frequency of implementation of the PEAC-IC sessions, as well as the outcome assessment intervals and ways in which the CG adheres to the research protocol.
