Publication year: 2024
Introdução:
O traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma frequente causa de óbito e incapacidade. A S100B é um biomarcador desta lesão presente em sangue e saliva que agrega informações à prática clínica da enfermagem e dos profissionais da saúde, estimando a gravidade e o prognóstico, direcionando o tratamento pós-trauma. Objetivos:
Comparar as concentrações da proteína S100B no plasma e na saliva de vítimas de TCE contuso; avaliar, em ambos biofluidos, sua capacidade de discriminar a gravidade da lesão e prognosticar o óbito e a dependência, na alta hospitalar e aos 3 meses pós-trauma. Método:
Estudo de coorte com vítimas de TCE contuso admitidas em instituições referência para atendimento de trauma. Os participantes tinham idade >= 18 e < 60 anos, TCE contuso como lesão principal, e foram admitidos nos locais de estudo em até 4 horas após o evento traumático e submetidos à tomografia computadorizada de crânio. Foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e amostras de sangue e saliva na 3ª hora pós-trauma. Na alta e aos três meses pós-TCE, foram realizadas entrevistas estruturadas para classificação de desfechos segundo Glasgow Outcome at Discharge Scale e Glasgow Outcome Scale Extended. Testes de associação foram realizados para comparar concentrações da S100B em plasma e saliva e verificar diferenças entre os grupos de TCE leve, moderado e grave. O nível de significância adotado foi de 5%. A capacidade diagnóstica e prognóstica da proteína foi avaliada pela Receiver Operating Characteristic Curves (ROC). Resultados:
52 vítimas de TCE foram incluídas no estudo (56,14% com TCE leve, 17,54% moderados e 26,32% graves). A proteína S100B apresentou concentrações plasmáticas superiores às da saliva nos casos de TCE moderada e grave (p=0,041 e 0,002, respectivamente); nos leves, as concentrações foram similares (p=0,413). Considerando a gravidade do TCE, a área sob a curva ROC (AUC/ROC) multiclasse foi de 0,87 e 0,85, no plasma e saliva, respectivamente; em TCE leve, a especificidade foi 100% para ambos biofluidos e a sensibilidade foi de 100% em plasma e 93,30% em saliva nos casos graves. Na predição de estado vital até a alta hospitalar, observou-se AUC/ROC = 0,84 (IC95% 0,69-0,99) e 0,77 (IC95% 0,66-0,89), na saliva e plasma, respectivamente, e aos três meses a AUC/ROC foi 0,88 (IC95% 0,77-0,99) na saliva e 0,83 (IC 95% 0,73-0,94) no plasma. Para dependência na alta hospitalar, a AUC/ROC foi 0,90 (IC95% 0,81-0,99) na saliva e 0,86 (IC95% 0,72-0,99) no plasma; aos três meses pós-trauma a AUC/ROC foi 0,89 (IC95% 0,75-1,00) e 0,84 (IC95% 0,72-0,96), no plasma e saliva, respectivamente. Conclusões:
As concentrações de S100B no plasma foram superiores às da saliva em vítimas de TCE moderado e grave; a proteína foi capaz de discriminar a gravidade do trauma nos casos leves e graves; na predição de estado vital e dependência na alta e aos três meses, o biomarcador apresentou desempenho satisfatório no plasma e na saliva. Nas análises, a saliva apresentou desempenho aproximado ou superior ao sérico, podendo ser a saliva uma potencial matriz deste biomarcador de TCE, permitindo uma coleta menos invasiva, com menores riscos e custos.
Introduction:
Traumatic brain injury (TBI) is a frequent cause of death and disability. S100B is a biomarker of this injury present in blood and saliva that can add information to the clinical practice of nurses and other health care professionals, estimating severity and prognosis, thus directing post-trauma treatment. Objectives:
To compare the concentrations of the S100B protein in blunt TBI victims' plasma and saliva; to evaluate, in both biofluids, its ability to discriminate injury severity and predict death and dependence, at hospital discharge and 3 months post-trauma. Method:
Prospective study with blunt TBI victims admitted to reference institutions for trauma care. Participants were aged >=18 and < 60 years old, with blunt TBI as the main injury. They were admitted to the study sites within 4 hours of the traumatic event and underwent skull computed tomography. Sociodemographic, clinical data, and blood and saliva samples were collected in the 3rd hour post-trauma. At discharge and three months post-TBI, structured interviews were carried out to classify outcomes according to Glasgow Outcome at Discharge Scale and Glasgow Outcome Scale Extended. Association tests were performed to compare S100B concentrations in plasma and saliva and verify differences between the mild, moderate and severe TBI groups. A significance level of 5% was adopted. The protein diagnostic and prognostic capacity was evaluated by Receiver Operating Characteristic Curves (ROC). Results:
Fifty-two TBI victims were included in the study (TBI severity was mild in 56.14%, moderate in 17.54%, and severe in 26.32%). S100B protein presented higher plasma concentrations than those in saliva in cases of moderate and severe TBI (p=0.041 and 0.002, respectively); in mild cases, concentrations were similar (p=0.413). Regarding the discrimination of TBI severity, the area under the multiclass ROC curve (AUC/ROC) was 0.87 and 0.85, in plasma and saliva respectively; in mild TBI, specificity was 100% for both biofluids and sensitivity was 100% in plasma and 93.30% in saliva in severe cases. When predicting vital status until hospital discharge, AUC/ROC = 0.84 (95%CI 0.69-0.99) and 0.77 (95%CI 0.66-0.89) were observed in saliva and plasma, respectively; at three months, the AUC/ROC was 0.88 (95% CI 0.77-0.99) in saliva and 0.83 (95% CI 0.73-0.94) in plasma. For dependence at hospital discharge, the AUC/ROC was 0.90 (95%CI 0.81-0.99) in saliva and 0.86 (95%CI 0.72-0.99) in plasma; at three months post-trauma, AUC/ROC was 0.89 (95%CI 0.75-1.00) and 0.84 (95%CI 0.72-0.96), in plasma and saliva, respectively. Conclusions:
S100B concentrations in plasma were higher than in saliva in victims of moderate and severe TBI; the protein was able to discriminate the severity of trauma in mild and severe cases; in predicting vital status and dependence at discharge and at three months, the biomarker showed satisfactory performance in both plasma and saliva. In the analyses carried out, saliva performed approximately or better than serum, with saliva being a potential matrix for this TBI biomarker, allowing less invasive collection, with lower risks and costs.