Tecnologias de cuidado empregadas em hospitais de campanha durante operações de ajuda humanitária em desastres socioambientais

Publication year: 2024

Introdução:

esta tese aborda os aspectos relacionados ao processo de trabalho assistencial, a partir da experiência de militares da área da saúde que atuaram no desastre socioambiental ocorrido na região serrana do estado do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011. Buscou-se por uma abordagem compreensiva das estratégias de produção do cuidado mediado pelo emprego de tecnologias disponíveis e reinventadas por esses profissionais. A premissa é que os processos organizacionais ligados à logística e à assistência, estruturados durante a operação humanitária, fornecem contribuições significativas para a sistematização de ações de preparação, resposta e tomada de decisões frente aos desastres, o que implica pensar na empregabilidade de tecnologias de cuidado em saúde servíveis às práticas desenvolvidas no âmbito de hospitais de campanha.

Objetivos:

identificar as tecnologias de cuidado em saúde empregadas em hospitais de campanha para resposta a desastres; analisar a empregabilidade dessas tecnologias em tais cenários; e discutir o desenvolvimento de tecnologias de cuidado em saúde como estratégia para aprimorar as práticas de gerenciamento de hospitais de campanha em desastres.

Metodologia:

a pesquisa constitui um estudo de caso único, transversal, de natureza descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa. Para atingir os objetivos e sistematizar a coleta dos dados, foram articuladas três fontes de evidência: documentos técnico-científicos, documentos jornalísticos da época do desastre e entrevistas com profissionais militares da área da saúde, que atuaram em hospital de campanha da Marinha do Brasil. Os documentos foram tratados por meio de análise documental, enquanto os dados do corpus textual das entrevistas foram processados com o software Iramuteq® para análise lexical. Como referencial teórico, buscou-se aproximações com a Teoria Ambientalista desenvolvida por Florence Nightingale e processos de avaliação da produção do cuidado por Émerson Elias Merhy. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa.

Resultados:

as tecnologias identificadas foram classificadas em três categorias: tecnologias duras, que incluem sistemas tecnológicos e equipamentos de alta complexidade para tratamento e recuperação; tecnologias leve-duras, associadas à análise de materiais e reflexões sobre laudos técnicos e relatórios dos pacientes; e tecnologias leves, que envolvem comunicação, empatia e escuta ativa da comunidade assistida. Os dados das entrevistas foram organizados em dois blocos temáticos, que destacaram aspectos sobre as tecnologias de cuidado em desastres e a capacitação dos recursos humanos. Os segmentos do texto enfatizaram a necessidade de maior investimento em planejamento estratégico de recursos humanos, tecnologias avançadas, atenção a questões socioambientais e ações céleres de resposta às demandas, além do suporte psicológico aos profissionais de saúde durante e após o atendimento de pacientes em situações caóticas. Já os dados documentais evidenciaram estratégias de incorporação dessas tecnologias e os aspectos humanísticos, profissionais, ambientais e processuais envolvidos. Destacam-se as tecnologias leve-duras e duras.

Conclusão:

o emprego dessas tecnologias em hospitais de campanha contribui para um cuidado em saúde integrado e qualificado diante dos desafios apresentados pelos desastres. As tecnologias têm o potencial de impactar positivamente a capacidade de resposta do sistema de saúde ao atender pessoas, famílias e comunidades afetadas, na promoção de um ambiente saudável. Investimentos em recursos tecnológicos voltados à assistência e à gestão são essenciais para avançar na sistematização de práticas e planejamento estratégico de recursos humanos no enfrentamento de momentos críticos e de abordagens complexas, como nos desastres. Embora os usos de tecnologias estejam cada vez mais evidentes nas relações humanas e com o ambiente, o desafio ainda reside na promoção e/ou adequação da inserção de tecnologias inovadoras e robustas nas práticas de saúde, especialmente para atender àquelas demandas sociais, sanitárias e ambientais frequentemente observadas em cenários caóticos de desastres.

Introduction:

This thesis looks at aspects related to the care work process, based on the experience of military health personnel who worked in the socio-environmental disaster that occurred in the mountainous region of the state of Rio de Janeiro in January 2011. We sought a comprehensive approach to care production strategies mediated by the use of technologies available and reinvented by these professionals. The premise is that the organizational processes linked to logistics and assistance, structured during the humanitarian operation, provide significant contributions to the systematization of preparedness, response and decision-making actions in the face of disasters, which implies thinking about the employability of health care technologies that can be used in the practices developed in field hospitals.

Objectives:

to identify the health care technologies used in field hospitals to respond to disasters; to analyze the employability of these technologies in such scenarios; and to discuss the development of health care technologies as a strategy to improve the management practices of field hospitals in disasters.

Methodology:

The research is a singlecase, cross-sectional, descriptive and exploratory study with a qualitative approach. To achieve the objectives and systematize data collection, three sources of evidence were used: technical-scientific documents, journalistic documents from the time of the disaster and interviews with military health professionals who worked in a Brazilian Navy field hospital. The documents were processed using documentary analysis, while the data from the textual corpus of the interviews was processed using Iramuteq® software for lexical analysis. The theoretical framework was based on the Environmentalist Theory developed by Florence Nightingale and the processes of evaluating the production of care by Emerson Elias Merhy. The research was approved by the Research Ethics Committee.

Results:

the technologies identified were classified into three categories: hard technologies, which include technological systems and highly complex equipment for treatment and recovery; soft-hard technologies, associated with the analysis of materials and reflections on technical reports and patient reports; and soft technologies, which involve communication, empathy and active listening to the assisted community. The data from the interviews was organized into two thematic blocks, which highlighted aspects of disaster care technologies and the training of human resources. The text segments emphasized the need for greater investment in strategic human resources planning, advanced technologies, attention to socio-environmental issues and rapid response to demands, as well as psychological support for health professionals during and after caring for patients in chaotic situations. The documentary data showed strategies for incorporating these technologies and the humanistic, professional, environmental and procedural aspects involved. Hard and soft technologies stand out.

Conclusion:

The use of these technologies in field hospitals contributes to integrated and qualified health care in the face of the challenges presented by disasters. The technologies have the potential to have a positive impact on the health system's ability to respond by assisting affected people, families and communities in promoting a healthy environment. Investments in technological resources aimed at care and management are essential to make progress in the systematization of practices and strategic planning of human resources in dealing with critical moments and complex approaches, such as disasters. Although the use of technology is increasingly evident in human relations and with the environment, the challenge still lies in promoting and/or adapting the insertion of innovative and robust technologies in health practices, especially to meet the social, health and environmental demands often observed in chaotic disaster scenarios.

Introducción:

Esta tesis aborda aspectos relacionados con el proceso de trabajo asistencial, a partir de la experiencia del personal militar de salud que actuó en el desastre socioambiental ocurrido en la región serrana del estado de Río de Janeiro en enero de 2011. El objetivo fue realizar un abordaje integral de las estrategias de producción de cuidados mediadas por el uso de tecnologías disponibles y reinventadas por estos profesionales. La premisa es que los procesos organizativos vinculados a la logística y la asistencia, estructurados durante la operación humanitaria, proporcionan contribuciones significativas a la sistematización de las acciones de preparación, respuesta y toma de decisiones en caso de desastres, lo que implica pensar en la empleabilidad de las tecnologías de atención de salud que pueden ser utilizadas en las prácticas desarrolladas en los hospitales de campaña.

Objetivos:

identificar las tecnologías de atención a la salud utilizadas en los hospitales de campaña para responder a desastres; analizar la empleabilidad de esas tecnologías en esos escenarios; y discutir el desarrollo de tecnologías de atención a la salud como estrategia para mejorar las prácticas de gestión de los hospitales de campaña en desastres.

Metodología:

La investigación es un estudio de caso único, transversal, descriptivo y exploratorio con un enfoque cualitativo. Para alcanzar los objetivos y sistematizar la recolección de datos, se utilizaron tres fuentes de evidencia: documentos técnico-científicos, documentos periodísticos de la época de la catástrofe y entrevistas con profesionales de la salud militar que trabajaban en un hospital de campaña de la Marina brasileña. Los documentos se analizaron mediante análisis documental, mientras que los datos del corpus textual de las entrevistas se procesaron con el software Iramuteq® para el análisis léxico. El marco teórico se basó en la Teoría Ambientalista desarrollada por Florence Nightingale y en los procesos de evaluación de la producción de cuidados de Emerson Elias Merhy. La investigación fue aprobada por el Comité de Ética de la Investigación.

Resultados:

las tecnologías identificadas se clasificaron en tres categorías: tecnologías duras, que incluyen sistemas tecnológicos y equipos de alta complejidad para el tratamiento y la recuperación; tecnologías blandas-duras, asociadas al análisis de materiales y a la reflexión sobre informes técnicos e informes de pacientes; y tecnologías blandas, que implican la comunicación, la empatía y la escucha activa de la comunidad asistida. Los datos de las entrevistas se organizaron en dos bloques temáticos, que destacaron aspectos de las tecnologías de asistencia en catástrofes y de la formación de recursos humanos. Los segmentos textuales destacaron la necesidad de una mayor inversión en planificación estratégica de recursos humanos, tecnologías avanzadas, atención a las cuestiones socioambientales y respuesta rápida a las demandas, así como apoyo psicológico a los profesionales sanitarios durante y después de la atención a pacientes en situaciones caóticas. Los datos documentales mostraron las estrategias de incorporación de estas tecnologías y los aspectos humanísticos, profesionales, ambientales y procedimentales implicados. Destacan las tecnologías duras y blandas.

Conclusión:

El uso de estas tecnologías en los hospitales de campaña contribuye a una atención sanitaria integrada y cualificada ante los retos que plantean las catástrofes. Las tecnologías tienen el potencial de tener un impacto positivo en la capacidad de respuesta del sistema de salud al asistir a las personas afectadas, familias y comunidades en la promoción de un ambiente saludable. Las inversiones en recursos tecnológicos orientados a la atención y gestión son esenciales para avanzar en la sistematización de prácticas y planificación estratégica de recursos humanos para enfrentar momentos críticos y abordajes complejos, como son los desastres. Aunque el uso de la tecnología sea cada vez más evidente en las relaciones humanas y con el medio ambiente, el desafío aún está en promover y/o adaptar la inserción de tecnologías innovadoras y robustas en las prácticas de salud, especialmente para atender a las demandas sociales, sanitarias y ambientales frecuentemente observadas en escenarios caóticos de desastres.