Biblioteca Virtual en Salud Enfermería

A artroplastia total do joelho (ATJ) é uma intervenção cirúrgica amplamente utilizada no tratamento da osteoartrose avançada do joelho, proporcionando alívio da dor, recuperação da mobilidade e melhoria da qualidade de vida. A eficácia da ATJ está fortemente dependente do sucesso da reabilitação pós-operatória, a qual tem vindo a beneficiar dos avanços tecnológicos, nomeadamente através da utilização de wearables (dispositivos vestíveis) e smartphones. Estas tecnologias emergem como ferramentas inovadoras que permitem uma monitorização contínua, personalizada e, potencialmente, mais acessível para os utentes. A enfermagem de reabilitação tem um papel central na adaptação e implementação destas soluções, exigindo um conhecimento atualizado sobre a sua eficácia e aplicabilidade.

Objetivo:

Mapear as principais evidências científicas disponíveis sobre a utilização de wearables e smartphones na reabilitação pós-operatória de utentes submetidos a artroplastia total do joelho, identificando os seus benefícios, limitações e implicações para a prática da enfermagem de reabilitação.

Métodos:

Foi realizada uma scoping review, segundo a metodologia recomendada pelo Joanna Briggs Institute, com base na estratégia PI[C]OD. A pesquisa foi conduzida nas bases de dados Medline (via PubMed) e Web of Science, de publicações entre março de 2021 e março de 2024. Foram incluídos estudos qualitativos, quantitativos e revisões, envolvendo adultos submetidos a ATJ, com intervenções de reabilitação utilizando wearables e/ou smartphones em contexto domiciliário. A análise dos estudos selecionados foi realizada através de leitura integral, extração de dados e síntese descritiva.

Resultados:

Foram incluídos oito estudos que cumpriam os critérios de elegibilidade. A maioria dos estudos indicou que a utilização de tecnologias móveis contribui positivamente para a recuperação funcional, promovendo maior adesão à reabilitação, redução das visitas presenciais, melhoria na comunicação entre utente e equipa de saúde e recolha de dados objetivos em tempo real. Alguns estudos demonstraram equivalência ou superioridade em relação à reabilitação convencional, nomeadamente na melhoria da amplitude de movimento e na contagem de passos diários. No entanto, outros estudos apontaram limitações, como a menor eficácia a longo prazo ou a ausência de diferenças estatisticamente significativas face às abordagens tradicionais. A heterogeneidade dos dispositivos e protocolos de reabilitação utilizados dificultou a comparação direta entre os estudos.

Conclusão:

A utilização de wearables e smartphones na reabilitação após ATJ apresentasse como uma alternativa viável e inovadora, com potencial para complementar os métodos convencionais. Estas tecnologias promovem uma abordagem mais centrada no utente, favorecendo a autonomia e a continuidade dos cuidados. Contudo, são necessários mais estudos com maior rigor metodológico e seguimento prolongado, de forma a avaliar a sua real eficácia clínica e impacto económico. A enfermagem de reabilitação desempenha um papel estratégico na integração destas soluções digitais nos cuidados de saúde, contribuindo para a construção de modelos de reabilitação mais eficientes, personalizados e sustentáveis.