Fatores ambientais, assistenciais e de escolhas alimentares que dificultam a alimentação por via oral e a condição de fragilidade física em idosos hospitalizados

Publication year: 2025

Resumo:

Trata-se de estudo transversal descritivo e analítico com o objetivo de analisar a relação entre os fatores ambientais, assistenciais e de escolhas alimentares que dificultam a alimentação por via oral e a condição de fragilidade física dos idosos hospitalizados. O estudo foi desenvolvido no Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns, Curitiba, Paraná, e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, parecer nº 4.985.540 e pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, parecer nº 5.055.260. Os participantes foram idosos, idade maior ou igual a 60 anos, hospitalizados para tratamento clínico e/ou cirúrgico nas unidades de internação. Calculou-se o tamanho mínimo da amostra (248 idosos) utilizando-se o período pré-pandêmico (2019), como recorte temporal, no qual ocorreram 7.254 internações, sendo 4.146 maior ou igual a 60 anos. Os dados foram coletados mediante questionários sociodemográfico, clínico, testes que compreendem o fenótipo da fragilidade física e da Escala de Avaliação Alimentar para o Idoso Hospitalizado, no período de março 2022 até abril de 2023. Foram realizadas análises descritivas e inferenciais. Dos 312 idosos avaliados, 153 (49,03%) eram pré-frágeis, 115 (36,85%) frágeis e 44 (14,10%) não frágeis. Os marcadores “perda de peso não intencional” (p=0,0013) e “autorrelato de fadiga/exaustão” associaram-se às dificuldades para alimentação por fatores ambientais (p=0,014); a “diminuição da força de preensão manual” associou-se às dificuldades por fatores assistenciais (p=0,0329). Houve associação entre dificuldades para alimentação por fatores ambientais e epilepsia (OR 1,28; IC95% 1,05 a 1,56), doença do refluxo gastroesofágico (OR 1,35; IC95% 1,05 a 1,72); por fatores assistenciais a doença pulmonar obstrutiva crônica (OR 3,28; IC95% 1,28 a 8,18), depressão (OR 4,17; IC95% 1,74 a 9,87); por fatores de escolhas alimentares a doença pulmonar obstrutiva crônica (OR 1,2; IC95% 1,06 a 1,36), epilepsia (OR 1,42 IC95% 1,15 a 1,76), depressão (OR 1,14; IC95% 1,01 a 1,29), valores de hemoglobina abaixo dos valores de referência (OR 0,37; IC95% 0,16 a 0,78). O modelo preditivo estimou dificuldades para alimentação em idosos do sexo masculino (OR 0,85; IC95% 0,74-0,98), com fragilidade física (OR 1,15; IC95% 1,021,32), náuseas/vômitos não patológicos (OR 1,48; IC95% 1,25-1,75), estresse fisiológico (OR 1,5; IC95% 1,19-1,89) e adequação alimentar por parte da equipe de nutrição (OR 1,7; IC95% 1,45-1,98). Idosos frágeis mostraram maior probabilidade de apresentar dificuldades para alimentação, em vista disso, o rastreamento desta condição é fundamental para detectar, classificar a fragilidade e oportunizar planos de cuidados exclusivos e contínuos, com o objetivo de reverter a condição e evitar a progressão ou transição para a fragilidade física. Do mesmo modo, é essencial o planejamento de cuidados relacionados às demais variáveis preditoras de dificuldades de alimentação de idosos por via oral. As escolhas de alimentos saudáveis, a aceitação da dieta pelo idoso podem ser resultados de um processo educativo dialógico e multidisciplinar, iniciado precocemente na hospitalização. A valorização dos hábitos e preferências alimentares dos idosos tem como objetivo manter ou negociar uma dieta mais próxima da aceitável por eles.

Abstract:

This is a descriptive and analytical cross-sectional quantitative with the objective of analyzing the relationship between environmental, care and food choice factors that hinder oral feeding and the physical fragility in hospitalized elderly people. The study was developed at the Zilda Arns Municipal Hospital for the Elderly, Curitiba, Paraná, and approved by the Human Research Ethics Committee of the Health Sciences Sector of the Federal University of Paraná, opinion no. 4,985,540 and by the Human Research Ethics Committee of the Municipal Health Department of Curitiba, opinion no. 5,055,260. Participants were elderly people, aged 60 years or older, hospitalized for clinical and/or surgical treatment in inpatient units. Was calculated the minimum sample size (248 elderly people) using the pre-pandemic period (2019) as a time frame, in which 7,254 hospitalizations occurred, 4,146 of whom were aged 60 or over. Data were collected through sociodemographic and clinical questionnaires, tests that include the physical frailty phenotype and the Food Assessment Scale for Hospitalized Elderly People, from March 2022 to April 2023. Descriptive and inferential analyses were performed. Of the 312 elderly individuals evaluated, 153 (49.03%) were pre-frail, 115 (36.85%) were frail and 44 (14.10%) were non-frail. The markers “unintentional weight loss” (p=0.0013) and “self-reported fatigue/exhaustion” were associated with difficulties in eating due to environmental factors (p=0.014); “decreased handgrip strength” was associated with difficulties due to care factors (p=0.0329). There was an association between feeding difficulties due to environmental factors and epilepsy (OR 1.28; 95%CI 1.05 to 1.56), gastroesophageal reflux disease (OR 1.35; 95%CI 1.05 to 1.72), care factors and chronic obstructive pulmonary disease (OR 3.28; 95%CI 1.28 to 8.18), depression (OR 4.17; 95%CI 1.74 to 9.87); by food choice factors chronic obstructive pulmonary disease (OR 1.2; 95%CI 1.06 to 1.36), epilepsy (OR 1.42; 95%CI 1.15 to 1.76), depression (OR 1.14; 95%CI 1.01 to 1.29), hemoglobin values below reference values (OR 0.37; 95%CI 0.16 to 0.78). The predictive model estimated difficulties in oral feeding in elderly males (OR 0.85; 95%CI 0.74-0.98), with physical frailty (OR 1.15; 95%CI 1.02-1.32), non-pathological nausea/vomiting (OR 1.48; 95%CI 1.25-1.75), physiological stress (OR 1.5; 95%CI 1.19-1.89) and dietary adequacy by the nutrition team (OR 1.7; 95%CI 1.45-1.98). During hospitalization, frail elderly people were more likely to have difficulty eating. Therefore, tracking the condition of frailty is essential to detect, classify frailty and provide exclusive and continuous care plans, with the aim of reversing the condition and avoiding progression or transition to physical frailty. In the same way, it is essential to plan care related to other variables that predict difficulties in oral feeding among elderly people. The healthy food choices and acceptance of the diet by the elderly can be the result of a dialogical and multidisciplinary educational process, initiated early during hospitalization. the valorization of the habits and eating preferences of the elderly aims maintain or negotiate a diet that is closer to what is acceptable to them.

Resumen:

Se trata de estudio transversal descriptivo y analítico con el objetivo de analizar la relación entre los factores ambientales, asistenciales y preferencias alimentarias que dificultan la alimentación oral y la condición de fragilidad física de ancianos hospitalizados. El estudio fue desarrollado en el Hospital Municipal de Ancianos Zilda Arns, Curitiba, Paraná, aprobado por el Comité de Ética para Investigación en Humanos del Sector de Ciencias de la Salud de la Universidad Federal de Paraná, dictamen n°4.985.540 y por el Comité de Ética para Investigación en Humanos del Departamento Municipal de Salud de Curitiba, dictamen n° 5.055.260. Los participantes eran ancianos, de 60 años o más, hospitalizados para tratamiento clínico y/o quirúrgico. El tamaño mínimo de la muestra (248 personas o más) se calculó considerando como marco temporal el período prepandemia (2019), en el cual ocurrieron 7.254 hospitalizaciones, de las cuales 4.146 fueron ancianos com edad o igual o mayor a 60 años. Los datos fueron recolectados mediante cuestionarios sociodemográficos y clínicos, pruebas que incluyen el fenotipo de fragilidad física y la Escala de Evaluación Alimentaria para Ancianos Hospitalizados, de marzo de 2022 a abril de 2023. Se realizaron análisis descriptivos e inferenciales. De los 312 ancianos evaluados, 153 (49,03%) eran pré-frágiles, 115 (36,85%) frágiles y 44 (14,10%) no frágiles. Los marcadores “pérdida de peso involuntaria” (p=0,0013) y “fatiga/agotamiento auto informado” se asociaron con dificultades para comer debido a factores ambientales (p=0,014); la “disminución de la fuerza de prensión manual” se asoció con dificultades por factores asistenciales (p=0,0329). Dificultades de alimentación por factores ambientales estuvo asociada a epilepsia (OR 1,28; IC 95% 1,05 a 1,56) y Reflujo gastroesofágico (OR 1,35; IC 95% 1,05 a 1,72); factores asistenciales estuvieron asociados a enfermedad pulmonar obstructiva crónica (OR 3,28; IC 95% 1,28 a 8,18), depresión (OR 4,17; IC 95% 1,74 a 9,87); Los factores de preferencia, enfermedad pulmonar obstructiva crónica (OR 1,2; IC 95% 1,06 a 1,36), epilepsia (OR 1,42 IC 95% 1,15 a 1,76), depresión (OR 1,14; IC 95% 1,01 a 1,29) y valores de hemoglobina por debajo de los valores de referencia (OR 0,37; IC 95% 0,16 a 1,36) 0,78) tienen asociación. El modelo predictivo estimó dificultades de alimentación ancianos de sexo masculino con edad avanzada (OR 0,85; IC95% 0,740,98), con fragilidad física (OR 1,15; IC95% 1,02-1,32), náuseas/vómitos no patológicos (OR 1,48; IC95% 1,25-1,75), estrés fisiológico (OR 1,5; IC95% 1,19-1,89) y adecuación dietética por parte del equipo de nutrición (OR 1,7; IC95% 1,45-1,98). Personas frágiles tenían más probabilidades de tener dificultades alimentarias, por lo cual seguimiento de esta condición es fundamental para detectar, clasificar la fragilidad y crear planes de atención exclusivos y continuos, con el objetivo de revertir la condición y prevenir la progresión o transición a frágil. Asimismo, es fundamental planificar los cuidados relacionados a otras variables que predicen las dificultades de alimentación oral en las personas ancianos. La elección de alimentos saludables y la aceptación de la dieta por parte de los ancianos son el resultado de un proceso educativo dialógico y multidisciplinario, iniciado tempranamente durante la hospitalización.