Publication year: 2025
INTRODUÇÃO:
A formação em saúde é um processo complexo, multifacetado e progressivo. A noção de educação continuada em saúde, alinhada à necessidade constante de responder às mudanças exigidas pelos sistemas de saúde têm levado a discussões sobre o currículo acadêmico, bem como a qualificação dos profissionais recém inseridos na prática clínica. No contexto da terapia intensiva, sabe-se que pacientes críticos internados em terapia intensiva requerem vigilância constante e cuidados complexos, o que demanda uma equipe de enfermagem qualificada. A literatura demonstra que a formação qualificada do enfermeiro intensivista é fundamental para os desfechos clínicos favoráveis. Por esse motivo, é imprescindível descrever as competências fundamentais para a atuação desse profissional. Estudos que objetivaram desvelar as competências para o enfermeiro intensivista descrevem competências genéricas e que poderiam ser aplicadas a outras especialidades da enfermagem. As Atividades Profissionais a Confiar (APCs) podem ser uma estratégia para aproximar a formação e a avaliação do enfermeiro intensivista com as atividades que os profissionais de fato executam, operacionalizando o conceito de Educação Baseada em Competências (EBC) e promovendo um elo entre as competências e a prática clínica. Considerando a ausência de definições operacionais de competências para o enfermeiro intensivista, os diversos caminhos para sua formação no Brasil e a falta de regulamentação profissional que defina requisitos mínimos de qualificação para a sua atuação, foi proposto um estudo de desenvolvimento das APCs para o enfermeiro intensivista no Brasil. OBJETIVO:
Desenvolver as APCs para o enfermeiro intensivista no Brasil. MÉTODOS:
O trabalho foi dividido em três sub-estudos: Revisão de escopo sobre o desenvolvimento e implementação da EBC na formação multiprofissional em terapia intensiva; Estudo descritivo sobre o perfil formativo dos enfermeiros intensivistas no Brasil; Estudo metodológico de desenvolvimento das APCs para o enfermeiro intensivista no Brasil por meio de técnicas de consenso (Grupo Nominal e Delphi Modificada). RESULTADOS:
Foram incluídos 31 estudos na revisão de escopo que identificou que a maioria dos trabalhos focou no desenvolvimento da EBC, que parece promissora para o treinamento em terapia intensiva, porém são necessários estudos para avaliar seu impacto na qualidade do cuidado e segurança do paciente. O estudo descritivo observou predominância de profissionais que se formam em cursos de pós-graduação lato sensu, com ensino essencialmente teórico e heterogeneidade quanto à modalidade, carga horária e subárea de formação. O estudo metodológico descreveu o processo de identificação, construção e validação de 13 APCs para o enfermeiro intensivista no Brasil. As APCs abrangeram atividades de gestão, soft skills, ensino e cuidados diretos aos pacientes, fornecendo uma visão geral sobre as atividades essenciais do enfermeiro intensivista no Brasil. CONCLUSÕES:
O desenvolvimento das APCs para o enfermeiro intensivista no Brasil poderá contribuir para delinear a sua atuação, desenvolver currículos de residência de enfermagem em terapia intensiva baseados em competências e promover avaliações de aprendizes e profissionais inseridos na prática baseadas em atividades profissionais essenciais.
INTRODUCTION:
Health education is a complex, multifaceted, and progressive process. The notion of continuous health education, aligned with the constant need to respond to changes demanded by health systems has led to discussions about the academic curriculum as well as the qualification of professionals newly integrated into clinical practice. In the context of intensive care, it is known that critically ill patients admitted to intensive care units require constant monitoring and complex care, which demands a qualified nursing team. Literature demonstrates that the qualified training of intensive care nurses is fundamental for favorable clinical outcomes. For this reason, it is essential to describe the core competencies for the practice of this professional. Studies aimed at unveiling the competencies for intensive care nurses describe generic competencies that could also be applied to other nursing specialties. Entrustable Professional Activities (EPAs) can be a strategy to align the training and evaluation of intensive care nurses with the activities professionals actually perform, operationalizing the concept of Competency-Based Education (CBE) and fostering a link between competencies and clinical practice. Considering the absence of operational definitions of competencies for intensive care nurses, the various paths to their training in Brazil, and the lack of professional regulation defining minimum qualification requirements for their practice, a study was proposed to develop EPAs for intensive care nurses in Brazil. OBJECTIVE:
To develop EPAs for intensive care nurses in Brazil. METHODS:
The study was divided into three sub-studies: a scoping review on the development and implementation of CBE in multidisciplinary intensive care training; a descriptive study on the educational profile of intensive care nurses in Brazil; and a methodological study for the development of EPAs for intensive care nurses in Brazil through consensus techniques (Nominal Group and Modified Delphi). RESULTS:
A total of 31 studies were included in the scoping review, which found that most of the studies focused on the development of CBE, which appears promising for intensive care training, although studies are needed to assess its impact on care quality and patient safety. The descriptive study observed a predominance of professionals graduating from lato sensu postgraduate courses, with essentially theoretical education and heterogeneity in terms of modality, workload, and sub-area of training. The methodological study described the process of identifying, constructing, and validating 13 EPAs for intensive care nurses in Brazil. The EPAs encompassed management activities, soft skills, teaching, and direct patient care, providing an overview of the essential activities of intensive care nurses in Brazil. CONCLUSIONS:
The development of EPAs for intensive care nurses in Brazil could contribute to delineating their practice, developing competency-based intensive care nursing residency curricula, and promoting assessments of trainees and professionals engaged in practice based on essential professional activities.
