Publication year: 2024
Introdução:
Considerando a importância do aleitamento materno para a saúde da criança e sua provável proteção às nutrizes contra o câncer de mama, vários estudos têm investigado essa associação resultando em uma base ainda não definida, para a promoção da amamentação. Objetivos:
Investigar a associação entre as características sociais, hábitos de vida e a ocorrência dos subtipos de CA de mama apresentados pelas participantes da pesquisa. Investigar a associação da história ginecológica e obstétrica das mulheres e a ocorrência dos subtipos de CA de mama apresentados pelas participantes da pesquisa. Identificar a associação entre os tipos e o tempo de aleitamento materno praticado pelas mulheres e a ocorrência dos subtipos de CA de mama apresentados pelas participantes da pesquisa. Tipo de estudo:
Estudo transversal de associação, com amostra por conveniência. Local:
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Procedimentos:
Por meio de um questionário, foi realizada entrevista por telefone com mulheres diagnosticadas com câncer de mama e consulta ao prontuário eletrônico para informações sobre o diagnóstico. Tratamento de dados:
Estatística descritiva, com distribuição de frequência absoluta e relativa. Para análise bivariada, foi utilizado o teste Qui-Quadrado ou Teste exato de Fisher quando mais de 20% das frequências esperadas forem menores do que cinco. Para todas as análises, foram considerados valores estatisticamente significativos p <=0,05. O tamanho da amostra foi de 323 mulheres, com intervalo de confiança de 95%. Resultados:
Para o carcinoma ductal, observamos um número menor do que o esperado, de indivíduos que não faziam ingestão diária de produtos industrializados (p= 0,003), bem como a não ingestão de refrigerantes e sucos artificiais (p=0,044). Houve uma associação inversa entre menarca precoce (<12 anos) e o carcinoma lobular (p= 0,002). Ainda, uma associação entre a idade ao diagnóstico e o subtipo molecular (p= 0,006), com um número maior do que o esperado de mulheres com subtipo triplo negativo (resíduo 2,8). Observou-se uma relação inversa entre o câncer de mama triplo negativo e a menarca tardia, sugerindo um possível fator de proteção, enquanto a menarca precoce foi associada ao subtipo luminal A (p= 0,003). Encontramos, uma relação entre menopausa precoce (<40 anos) e o subtipo luminal A (p= 0,046). Identificou-se também, uma associação entre a prática de amamentação e os subtipos histológicos do câncer de mama. Observou-se que mulheres que amamentaram por um período <12 meses apresentaram uma incidência maior do que o esperado de carcinomas lobulares (resíduo 1,8). E, aquelas que optaram pela amamentação exclusiva por 6 meses ou mais exibiram uma incidência menor do que o previsto para o mesmo subtipo (resíduo -2). Contudo, esses achados não alcançaram significância estatística. Conclusão:
Os resultados destacam associações substanciais entre fatores de hábitos de vida, como a ingestão de produtos industrializados e refrigerantes, e características ginecológicas, como idade da menarca e menopausa, com subtipos específicos de câncer de mama. Essas descobertas reforçam a importância da consideração de tais fatores na prevenção da doença e a necessidade de intensificar estudos para detectar a relação da amamentação e os subtipos de CA de mama.
Introduction:
Considering the significance of breastfeeding for child health and its potential protective effect against breast cancer in mothers, numerous studies have investigated this association, resulting in a yet undefined foundation for breastfeeding promotion. Objectives:
To investigate the association between social characteristics, lifestyle habits, and the occurrence of breast cancer subtypes among research participants. To explore the association between women's gynecological and obstetric history and the occurrence of breast cancer subtypes among research participants. To identify the association between the types and duration of breastfeeding practiced by women and the occurrence of breast cancer subtypes among research participants. Study Type:
Cross-sectional association study with a convenience sample. Location:
Cancer Institute of the State of São Paulo. Procedures:
Through a questionnaire, telephone interviews were conducted with women diagnosed with breast cancer, and electronic medical records were consulted for diagnosis-related information. Data Handling:
Descriptive statistics were employed, utilizing absolute and relative frequency distributions. For bivariate analysis, the Chi-Square test or Fisher's Exact Test was used when more than 20% of expected frequencies were less than five. Statistical significance was considered for all analyses with p<=0.05. The sample size was 323 women, with a 95% confidence interval. Results:
For ductal carcinoma, a significantly lower number than expected was observed in individuals who did not have a daily intake of processed products (p=0.003), as well as those who did not consume soft drinks and artificial juices (p=0.044). An inverse association was found between early menarche (<12 years) and lobular carcinoma (p=0.002). Additionally, an association was noted between age at diagnosis and molecular subtype (p=0.006), with a higher-than-expected number of women with triplenegative subtype (residue 2.8). An inverse relationship was observed between triple-negative breast cancer and late menarche, suggesting a potential protective factor, while early menarche was associated with the luminal A subtype (p=0.003). We also found an association between early menopause (<40 years) and luminal A subtype (p=0.046). Furthermore, an association was identified between breastfeeding practices and histological subtypes of breast cancer. Women who breastfed for less than 12 months exhibited a higher-than-expected incidence of lobular carcinomas (residue 1.8). Conversely, those who opted for exclusive breastfeeding for 6 months or more showed a lower-than-expected incidence for the same subtype (residue -2). However, these findings did not reach statistical significance. Conclusion:
The results underscore substantial associations between lifestyle factors such as processed products and soft drink intake and gynecological characteristics like menarche and menopause with specific subtypes of breast cancer. These findings emphasize the importance of considering such factors in disease prevention and the need to intensify studies to elucidate the relationship between breastfeeding and breast cancer subtypes.