Publication year: 2025
Introdução:
A pandemia da covid-19 foi um grave problema de saúde global e afetou os indivíduos de maneira desigual, sobretudo grupos em desvantagens sociais, como as comunidades quilombolas. Objetivos:
compreender as repercussões da pandemia da covid-19 na saúde das comunidades quilombolas da Amazônia paraense; descrever o panorama da saúde dessas comunidades frente à pandemia da covid-19; conhecer os itinerários percorridos pelos quilombolas frente à pandemia da covid-19; identificar estratégias e entraves enfrentados pelas comunidades durante a pandemia; analisar as respostas às demandas das comunidades quilombolas em face da pandemia da covid-19. Método:
Estudo qualitativo, descritivo e interpretativo com enfoque metodológico da Antropologia. Foram realizadas entrevistas por meio de roteiro semiestruturado, no período de setembro de 2022 a fevereiro de 2023, com 30 lideranças quilombolas do estado do Pará, captadas pela técnica “snowball sampling”, maiores de 18 anos e que vivenciaram o papel de liderança durante a pandemia. Os dados do perfil foram processados no software Microsoft Excel e tratados com estatística simples e percentual, e as entrevistas foram submetidas ao software Alceste-2012, com aplicação de análise lexical, por meio de lexicometria e lexicografia. Resultados:
O estudo abrangeu 14 municípios do estado do Pará, com 16 mulheres e 14 homens, com média de idade de 40,5 anos, prevalência de católicos, maioria com nível superior ou em curso (73,3%-n=22) e 63,3% (n=19) tiveram covid-19. Sobre as entrevistas, houve 75% de aproveitamento, com 1.807 unidades de contexto elementares dispostas em dois blocos e quatro classes lexicais que mostram as repercussões da covid-19 na saúde, organização sociocultural, relações de trabalho, emprego e renda; demonstram os percursos vivenciados pelos quilombolas na busca pelo cuidado a saúde mediante aos sintomas da covid-19; retratam a organização coletiva e política das lideranças quilombolas; denotam a luta do movimento quilombola pela garantia de direitos e efetividade de políticas públicas destinadas a população quilombola. Conclusão:
apesar de todos os desafios, as relações político-sociais se evidenciaram no enfrentamento da covid-19, os esforços das lideranças e o protagonismo dos movimentos sociais foram os responsáveis pela efetividade das respostas e pela vitória na manutenção da vida e preservação da riqueza histórico-sociocultural das comunidades quilombolas. O estudo contribuiu para mostrar a importante correlação dos construtos raça/cor e desigualdades sociais com o cuidado em saúde e de enfermagem. A epistemologia participativa foi ressaltada na geração de conhecimento teórico baseado na vivência e experiência de grupos populacionais, com vistas a um cuidado culturalmente competente em diálogo com as diversidades culturais. Indica-se a urgente criação de uma política de saúde específica para as comunidades quilombolas do Brasil. Com relação aos objetivos de desenvolvimento sustentável, destacam-se o 3 (saúde e bem-estar), o 6 (água potável e saneamento), o 10 (redução das desigualdades), o 13 (ação contra a mudança global do clima) e o 16 (paz, justiça e instituições eficazes).
Introduction:
The COVID-19 pandemic has been a serious global health problem and has affected individuals unequally, especially socially disadvantaged groups such as quilombola communities. Objectives:
to understand the repercussions of the covid-19 pandemic on the health of quilombola communities in the Para Amazon; to describe the health panorama of these communities in the face of the covid-19 pandemic; to know the itineraries taken by quilombolas in the face of the covid-19 pandemic; to identify strategies and obstacles faced by communities during the pandemic; to analyze the responses to the demands of quilombola communities in the face of the covid-19 pandemic. Method:
A qualitative, descriptive and interpretative study with an anthropological methodological approach. Interviews were conducted using a semi-structured script, from September 2022 to February 2023, with 30 quilombola leaders from the state of Pará, captured by the snowball sampling technique, over the age of 18 and who had experienced the role of leadership during the pandemic. The profile data was processed in Microsoft Excel software and treated with simple and percentage statistics, and the interviews were submitted to Alceste-2012 software, with the application of lexical analysis, through lexicometry and lexicography. Results:
The study covered 14 municipalities in the state of Pará, with 16 women and 14 men, with an average age of 40.5 years, a prevalence of Catholics, the majority with higher education or in progress (73.3%-n=22) and 63.3% (n=19) had covid-19. The interviews were 75% complete, with 1,807 elementary context units arranged in two blocks and four lexical classes that show the repercussions of covid-19 on health, socio-cultural organization, work relations, employment and income; demonstrate the paths experienced by quilombolas in the search for health care in the face of covid-19 symptoms; portray the collective and political organization of quilombola leaders; denote the struggle of the quilombola movement to guarantee rights and the effectiveness of public policies aimed at the quilombola population. Conclusion:
Despite all the challenges, the political-social relations were evident in the confrontation of covid-19, the efforts of the leaders and the protagonism of the social movements were responsible for the effectiveness of the responses and for the victory in maintaining life and preserving the historical-sociocultural wealth of the quilombola communities. The study helped to show the important correlation between the race/color and social inequality constructs and health and nursing care. Participatory epistemology was emphasized in the generation of theoretical knowledge based on the experience of population groups, with a view to culturally competent care in dialogue with cultural diversities. There is an urgent need to create a specific health policy for Brazil's quilombola communities. With regard to the sustainable development goals, the following stand out: 3 (health and well-being), 6 (drinking water and sanitation), 10 (reducing inequalities), 13 (action against global climate change) and 16 (peace, justice and effective institutions).
Introducción:
la pandemia de COVID-19 ha sido un grave problema de salud mundial y ha afectado de forma desigual a los individuos, especialmente a los grupos socialmente desfavorecidos, como las comunidades quilombolas. Objetivos:
Comprender las repercusiones de la pandemia de COVID-19 en la salud de las comunidades quilombolas de la Amazonia Paranaense; describir el panorama de salud de esas comunidades frente a la pandemia de COVID-19; conocer los caminos recorridos por los quilombolas frente a la pandemia de COVID-19; identificar estrategias y obstáculos enfrentados por las comunidades durante la pandemia; analizar las respuestas a las demandas de las comunidades quilombolas frente a la pandemia de COVID-19. Método:
Estudio cualitativo, descriptivo e interpretativo, con abordaje metodológico antropológico. Se realizaron entrevistas con guión semiestructurado, de septiembre de 2022 a febrero de 2023, a 30 líderes quilombolas del estado de Pará, captadas mediante muestreo de bola de nieve, mayores de 18 años y que habían vivido el rol de liderazgo durante la pandemia. Los datos del perfil fueron procesados en el software Microsoft Excel y tratados con estadística simple y porcentual, y las entrevistas fueron sometidas al software Alceste-2012, con análisis léxico aplicado mediante lexicometría y lexicografía. Resultados:
El estudio abarcó 14 municipios del estado de Pará, con 16 mujeres y 14 hombres, con edad media de 40,5 años, predominio de católicos, la mayoría con educación superior o en curso (73,3%-n=22) y 63,3% (n=19) tenían covid-19. Las entrevistas fueron completadas en un 75%, con 1.807 unidades elementales de contexto dispuestas en dos bloques y cuatro clases léxicas que muestran las repercusiones de la COVID-19 en la salud, la organización sociocultural, las relaciones de trabajo, el empleo y la renta; demuestran los caminos recorridos por los quilombolas en la búsqueda de atención a la salud frente a los síntomas de la COVID-19; retratan la organización colectiva y política de los líderes quilombolas; denotan la lucha del movimiento quilombola por la garantía de derechos y la efectividad de las políticas públicas dirigidas a la población quilombola. Conclusión:
A pesar de todos los desafíos, las relaciones político-sociales fueron evidentes en la lucha contra el covid-19, los esfuerzos de los líderes y el protagonismo de los movimientos sociales fueron responsables por la eficacia de las respuestas y la victoria en el mantenimiento de la vida y la preservación de la riqueza histórico-sociocultural de las comunidades quilombolas. El estudio ayudó a mostrar la importante correlación entre los constructos raza/color y desigualdad social y los cuidados de salud y enfermería. Se destacó la epistemología participativa en la generación de conocimiento teórico a partir de la experiencia de los grupos poblacionales, con vistas a una atención culturalmente competente y en diálogo con la diversidad cultural. Se indica la urgencia de la creación de una política de salud específica para las comunidades quilombolas en Brasil. Con relación a los objetivos de desarrollo sostenible, se destacan el 3 (salud y bienestar), el 6 (agua potable y saneamiento), el 10 (reducción de las desigualdades), el 13 (acción contra el cambio climático global) y el 16 (paz, justicia e instituciones eficaces).