Biblioteca Virtual en Salud Enfermería

O envelhecimento populacional no Brasil ocorre em um contexto de significativas transformações familiares, impulsionadas pela queda da fecundidade e pela crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho. Essas alterações desafiam os papéis tradicionais de gênero e aumentam a demanda por cuidado às pessoas idosas. O Programa Maior Cuidado (PMC) surge em Belo Horizonte, em 2011, como uma importante iniciativa de cuidado, oferecendo suporte às famílias de pessoas idosas semidependentes e dependentes em contextos vulneráveis. Em 2023, um Projeto Piloto foi iniciado nos municípios de Salvador (BA) e Contagem (MG) para implementar e avaliar o PMC. O objetivo do presente trabalho é avaliar a fase inicial da implantação do PMC no município de Contagem, levantando os desafios e oportunidades relacionados à contratação de cuidadores, à seleção dos idosos e à manutenção do programa. Trata-se de uma pesquisa avaliativa com abordagem qualitativa, que empregou entrevistas semiestruturadas para a coleta de dados, tendo como população-alvo os cuidadores sociais e suas supervisoras, os trabalhadores técnicos da saúde e assistência social da prefeitura de Contagem e representantes da equipe do Projeto Piloto. Quanto ao processo seletivo para cuidadoras sociais, as entrevistas indicaram que as experiências foram positivas, especialmente em relação ao curso de treinamento ofertado, por proporcionar a aquisição de novos conhecimentos e habilidades; contudo, a contratação foi considerada lenta. Diante da ausência de quadro de reserva e da saída de algumas cuidadoras após o início da intervenção, foram realizados seis processos seletivos, todos com baixa procura, atribuída principalmente à remuneração ofertada. Evidenciou-se a importância das supervisoras para o bom funcionamento do programa, ao ampliar os vínculos entre pessoas idosas e seus familiares, cuidadoras, técnicos da prefeitura e equipe do PMC, assim como um desejo por formações específicas voltadas à gestão de pessoas. Entre os desafios para a seleção e inserção das pessoas idosas, destacam-se: a falta de experiência dos envolvidos diante de um novo programa; a necessidade de articulação entre os setores de saúde e assistência social; a insuficiência de veículos para realizar avaliações em um território extenso; a ausência de alguns profissionais nos quadros da prefeitura em certos momentos; a alta rotatividade de ocupantes de determinados cargos; e a desconfiança das famílias por ser um programa novo. Para garantir a sustentabilidade do PMC, observa-se que é essencial pensar na melhor forma de lidar com desafios vivenciados na implantação, investir na divulgação do programa e na busca por parcerias e fontes de financiamento diversificadas. Mesmo diante dos desafios encontrados na fase inicial da implantação do PMC, acredita-se que o comprometimento dos envolvidos ajudou para que o programa se sustentasse e que as famílias pudessem ser beneficiadas. Este estudo reforçou a importância da avaliação de políticas públicas, oferecendo subsídios para avanços no programa e para a implementação de estratégias semelhantes em outros contextos, com vistas à melhoria da qualidade de vida das pessoas idosas e seus familiares. Além da pesquisa realizada, considerando a experiência e vínculo da mestranda com a Fundação Ezequiel Dias (FUNED), neste Trabalho de Conclusão de Mestrado foram desenvolvidos como produtos técnicos uma caderneta de saúde e materiais educativos sobre o consumo consciente de plantas medicinais, que podem contribuir para a melhoria da atenção às pessoas idosas atendidas pela PMC e também ser replicados em outros contextos, promovendo saúde e bem-estar.