Fatores associados ao risco de queda na pessoa idosa hospitalizada

Publication year: 2024

Introdução:

No Brasil, a transição demográfica e epidemiológica gerou um aumento significativo de pessoas idosas e reflete no crescente número de hospitalizações desta população. A identificação dos fatores de risco de quedas no paciente idoso hospitalizado pelos profissionais de saúde, especialmente pelo profissional enfermeiro, é essencial para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes.

Objetivo:

Determinar a associação entre o risco de quedas e os fatores demográficos, de saúde e clínicos na pessoa idosa hospitalizada em uma unidade de internação de adultos de um hospital público.

Método:

Estudo quantitativo, observacional de tipo transversal e analítico. A população de estudo foi composta por 146 pessoas idosas atendidas na Unidade Adulto do Hospital Universitário.

Para a coleta das informações foram utilizados os seguintes instrumentos:

Perfil demográfico, Dados clínicos, 10-point Cognitive Screener, Escala de Morse, Índice de Comorbidades de Charlson, Simple questionnaire to rapidly diagnose sarcopenia, Índice de Fragilidade de Tilburg, e Índice de Barthel. A análise das informações foi realizada no software Statistical Package for the Social Sciences. Para identificar a associação entre a variável dependente, e as variáveis independentes, foi utilizada a análise de regressão linear logística. Todos os testes estatísticos tiveram uma significância de p valor menor do que 0,05. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Hospital Universitário e da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

Resultados:

Identificou-se que 51,4% dos participantes eram homens. A idade média foi de 71,4 anos. Em relação ao estado civil, 50,7% referiram ter companheiro. As pessoas idosas participantes no estudo, em média moram com 1,7 pessoas. Em relação ao nível educacional, a média da escolaridade foi de 6,1 anos. A média da renda mensal foi de 2.128,2 reais, sendo que 71,2% dos indivíduos eram aposentados e 12,3% possuíam vínculo empregatício. Quando analisados os diagnósticos médicos, a média foi 3,6 (DP=1,5) por paciente. A triagem cognitiva, mostrou que 43,8% eram Normal e 31,5% dos indivíduos, foram classificados com Comprometimento Cognitivo Provável. Para o risco de queda, 6,8% foram classificados com risco baixo, 24,7% com risco moderado, e 68,5% com alto risco. Nas Atividades Básicas da vida Diária, a média foi de 80,3 pontos. Na avaliação da sarcopenia, 57,5% não possuíam sinais sugestivos de sarcopenia. Na avaliação da fragilidade, 73,3% foram classificados como frágeis. Na identificação do risco de mortalidade, 91,8% possuíam alto risco de mortalidade durante a hospitalização. Na identificação da polifarmácia, 77,4% apresentavam polifarmácia. Na análise de associação identificou-se que o aumento de frequência cardíaca (p=0,02), diminuição das ABVD (p= <0,001), sarcopenia (<0,001), e diagnósticos médicos (p=0,009) aumentam o risco de queda na pessoa idosa.

Conclusões:

Esses resultados destacam a necessidade de estratégias direcionadas para mitigar o risco de quedas. A monitorização da frequência cardíaca e a gestão da sarcopenia são essenciais, assim como a implementação de intervenções para manter a capacidade funcional dos pacientes. Além disso, a abordagem das comorbidades deve ser uma prioridade na prática clínica para reduzir a complexidade do quadro dos pacientes idosos.

Introduction:

In Brazil, the demographic and epidemiological transition has led to a significant increase in the number of elderly people, which is reflected in the growing number of hospitalizations for this population. The identification of risk factors for falls in hospitalized elderly patients by healthcare professionals, especially nurses, is essential to ensure patient safety and well-being.

Objective:

To determine the association between the risk of falls and demographic, health, and clinical factors in elderly people hospitalized in an adult inpatient unit of a public hospital.

Method:

This is a quantitative, observational, cross-sectional, and analytical study. The study population consisted of 146 elderly people receiving care at the Adult Unit of the University Hospital.

The following instruments were used to collect data:

Demographic profile, clinical data, 10-point Cognitive Screener, Morse Scale, Charlson Comorbidity Index, Simple questionnaire to rapidly diagnose sarcopenia, Tilburg Index, and Barthel Index. The information was analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences software. Logistic linear regression analysis was used to identify the association between the dependent variable and the independent variables. All statistical tests had a p-value significance lower than 0.05. The study was approved by the ethics committee of the University Hospital and Nursing School of the University of São Paulo.

Results:

The sample consisted of 51.4% men. Their mean age was 71.4 years. Concerning marital status, 50.7% reported having a partner. The elderly people participating in the study, on average, were living with 1.7 people. In terms of level of education, the mean level of education was 6.1 years. The mean monthly income was 2,128.2 BRL, with 71.2% of the individuals being retired and 12.3% having an employment contract. When medical diagnoses were analyzed, the mean was 3.6 (SD=1.5) per patient. Cognitive screening showed that 43.8% were Normal, and 31.5% were classified as having Probable Cognitive Impairment.

The risk of falls was classified as follows:

6.8% with a low risk, 24.7% with a moderate risk, and 68.5% with a high risk. In the Basic Activities of Daily Living, the mean score was 80.3 points. In the assessment of sarcopenia, 57.5% had no signs suggestive of sarcopenia. In the frailty assessment, 73.3% were classified as frail. When identifying the risk of mortality, 91.8% had a high risk of mortality during hospitalization. In the assessment of polypharmacy, 77.4% presented polypharmacy. The association analysis found that increased heart rate (p=0.02), decreased BADL (p= <0.001), sarcopenia (<0.001), and medical diagnoses (p=0.009) increased the risk of falls in elderly people.

Conclusions:

These results highlight the need for targeted strategies to mitigate the risk of falls. Heart rate monitoring and sarcopenia management are essential, as well as the implementation of interventions to maintain patients' functional capacity. In addition, addressing comorbidities should be a priority in clinical practice to reduce the complexity of elderly patients clinical pictures.