Análise custo-efetividade da tecnologia "implementação de evidências" na prevenção de lesão por pressão em pacientes críticos

Publication year: 2025

Introdução:

Evidências científicas representam uma das principais estratégias para melhoria da qualidade assistencial e segurança do paciente, sobretudo nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Deste modo, é essencial que a implementação de evidências, especialmente em eventos adversos como lesões por pressão (LP), seja avaliada na perspectiva do custo-efetividade, a fim de demonstrar o impacto econômico desta tecnologia no âmbito dos serviços de saúde públicos.

Objetivo:

Realizar análise de custo-efetividade (ACE) da tecnologia "implementação de evidências" na prevenção de LP em pacientes internados em UTI de hospital universitário.

Método:

Trata-se de estudo de ACE, baseado no Consolidated Health Economic Evaluation Reporting Standards, realizado a partir de dados de vida real de um estudo quase experimental do tipo antes e depois, sob a perspectiva do hospital, com horizonte temporal da internação na UTI. A intervenção envolveu auditoria clínica e feedback para implementação de evidências na prática clínica, conforme o JBI. Utilizaram-se dez critérios de auditoria, que foram auditados em registros de pacientes e treinamentos do serviço de ensino e qualidade. A efetividade foi medida em termos do número de pacientes que não desenvolveu LP pelo número total de pacientes expostos, e cálculo do custo direto incluiu categorias recursos humanos e materiais. Utilizaram-se testes parâmetros para comparação dos grupos de pacientes, modelo de árvore de decisão para cálculo da ACE, razão custo-efetividade incremental (RCEI) e as incertezas foram testadas em análise de sensibilidade determinística e probabilística.

Resultados:

avaliaram-se 2.677 dias de registros de Auditorias (Base e Seguimento), de 340 pacientes. Observou-se diferença significativa na conformidade entre as auditorias para a maioria dos critérios (p-valor <0,001). As principais barreiras foram a falta de registros sobre LP nos prontuários, sendo que as estratégias de superação incluíram revisão do protocolo e capacitação da equipe de enfermagem. A auditoria de seguimento (AS) apresentou efetividade de 87%, contra 82% da auditoria base (AB). O custo direto médio por paciente na AB foi de R$1.556,60 para prevenção e R$1.115,70 para o tratamento da LP, e na AS R$1.955,90 para a prevenção e R$551,40 para o tratamento. A RCEI mostrou um custo adicional de R$5.728,95 por paciente na AS, em comparação à AB, para um aumento de 1% na efetividade (LP evitada) A análise de sensibilidade validou a ACE, mantendo-a custo-efetiva.

Conclusão:

A tecnologia "implementação de evidencias", melhorou substancialmente as práticas de prevenção de LP, expressa pelo aumento da taxa de conformidade dos critérios de auditoria baseados em evidências. Além disso, contribuiu para a redução dos custos diretos médios do tratamento das LP, aumentou a efetividade da auditoria de seguimento e resultou em uma RCEI abaixo dos limiares estabelecidos pelo Ministério da Saúde, tornando a implementação uma alternativa custo-efetiva. No âmbito da pesquisa e prática em enfermagem, a utilização de uma representação quantitativa baseada na razão custo-efetividade foi fundamental para traduzir resultados clínicos da prevenção de LP em termos financeiros, além de integrar ferramentas de avaliação econômica à prática clínica e resultados clínicos, e apresentar um modelo de implementação de evidências na prevenção de LP em pacientes críticos.

Introduction:

Scientific evidence represents one of the main strategies for improving the quality of care and patient safety, especially in Intensive Care Units (ICUs). Therefore, it is essential that the implementation of evidence, especially in adverse events such as pressure injuries (PIs), be evaluated from a cost-effectiveness perspective to demonstrate this technology's economic impact within the scope of public health services.

Objective:

To perform a cost-effectiveness analysis (CEA) of the "evidence implementation" technology in the prevention of PIs in patients admitted to the ICU of a university hospital.

Method:

This is a CCE study based on the Consolidated Health Economic Evaluation Reporting Standards, carried out using real-life data from a quasi-experimental before-and-after study from the hospital's perspective, with a time horizon of ICU admission. The intervention involved clinical audit and feedback for the implementation of evidence in clinical practice, according to the JBI. Ten audit criteria were used, which were audited in patient records and training of the teaching and quality service. Effectiveness was measured in terms of the number of patients who did not develop LP per total number of exposed patients, and the direct cost calculation included human and material resource categories. Parameter tests were used to compare patient groups, a decision tree model was used to calculate the ACE, and incremental cost-effectiveness ratio (ICER) and uncertainties were tested in deterministic and probabilistic sensitivity analysis.

Results:

2,677 days of audit records (baseline and follow-up) of 340 patients were evaluated. A significant difference in compliance between audits was observed for most criteria (p-value <0.001). The main barriers were the lack of records on LP in the medical records, and overcoming strategies included reviewing the protocol and training the nursing team. The follow-up audit (SA) showed an effectiveness of 87%, compared to 82% for the base audit (AB). The average direct cost per patient in AB was R$1,556.60 for prevention and R$1,115.70 for treatment of LP, and in AS, R$1,955.90 for prevention and R$551.40 for treatment. The ICER showed an additional cost of R$5,728.95 per patient in AS, compared to AB, for a 1% increase in effectiveness (LP avoided). The sensitivity analysis validated the ACE, maintaining it as cost-effective.

Conclusion:

The "evidence implementation" technology substantially improved LP prevention practices, expressed by the increased compliance rate of evidence- based audit criteria. In addition, it contributed to the reduction of the average direct costs of LP treatment, increased the effectiveness of the follow-up audit, and resulted in an ICER below the thresholds established by the Ministry of Health, making implementation a cost-effective alternative. In the context of nursing research and practice, the use of a quantitative representation based on the cost-effectiveness ratio was essential to translating clinical results of PI prevention into financial terms, in addition to integrating economic evaluation tools into clinical practice and clinical results and presenting a model for implementing evidence in PI prevention in critically ill patients.