A presença digital do Sistema Único de Saúde: mapeamento nacional da comunicação online

Publication year: 2024

Introdução:

A era digital transformou profundamente diversos setores da sociedade, alterando a comunicação, o trabalho e a interação humana. O Sistema Único de Saúde (SUS) é impactado por estas inovações, contudo, faltam evidências teóricas e empíricas sobre qual é a presença digital do SUS.

Objetivo:

Mapear e analisar a presença digital do SUS desenvolvida pelos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais das capitais brasileiras, compondo um corpus de 54 instituições.

Método:

Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, utilizando as palavras-chave presença digital, metodologia e saúde no Google Acadêmico. Foram incluídos apenas os trabalhos dos últimos 10 anos que abordaram presença digital e formas de mensurá-la. A partir dessa revisão, propôs-se uma metodologia inédita, considerando o contexto público, bem como os três tipos de presença digital: própria, gratuita/espontânea e paga. Na presença digital própria, o processo de mapeamento se iniciou no site da instituição. Com o objetivo de mitigar potenciais vieses, a busca foi complementada no Google, combinando o nome da pasta de saúde com o canal mapeado. Em um terceiro nível de verificação, o órgão também foi pesquisado nos campos de buscas de cada rede social, no Google Play e no Spotify. Foram mapeados 22 canais, agrupados em nove categorias: (I) páginas digitais (página, site, portal e blog); (II) redes sociais (Facebook, X/Twitter, Instagram, YouTube, LinkedIn e TikTok); (III) tecnologias mobile (aplicativos, SMS e WhatsApp); (IV) jogos digitais; (V) realidades mistas (realidade virtual, realidade aumentada e produções em 360º); (VI) podcasts; (VII) newsletters; (VIII) publicações e (IX) outros canais. Na presença digital espontânea/gratuita, foi feita a pesquisa do nome de cada instituição no Google, observando a posição obtida entre os resultados orgânicos do mecanismo de buscas. E na presença digital paga, foram abertos pedidos via Lei de Acesso à Informação para saber se o órgão fazia investimentos financeiros em comunicação digital e online.

Resultados:

O Ministério da Saúde lidera o ranking nacional de presença digital do SUS, seguido, em ordem decrescente, pelo estados de São Paulo, Santa Catarina, Bahia e Minas Gerais, além da capital paulista. Em contrapartida, Rio Branco, Boa Vista e Cuiabá apresentaram os piores desempenhos. A região Sudeste é líder em presença digital, enquanto o Norte ocupa a última posição. O Nordeste e o CentroOeste lideram em presença digital espontânea e gratuita, enquanto o Sul se destaca isoladamente na presença digital paga. A União é líder em todos os canais e tipos de presença digital; os Estados têm bom desempenho em realidades mistas e redes sociais e os municípios se sobressaem em tecnologias móveis. A partir dos resultados inéditos, propõe-se um Observatório da Presença Digital do SUS e uma Política de Comunicação para o sistema. A tese apresenta ainda um dossiê da presença digital de cada uma das pastas de saúde que compuseram o corpus do estudo.

Conclusão:

A presença digital do SUS é diversificada e desigual, exigindo abordagens integradas e contínuas para superar esse cenário. Ela desempenha um papel transformador para o fortalecimento do sistema, além de ter o potencial de fortalecer os princípios do SUS e garantir que preceitos constitucionais sejam cumpridos.

Introduction:

The digital era has profoundly transformed various sectors of society, altering communication, work, and human interaction. The Unified Health System (SUS) has also been impacted by these innovations; however, there is a lack of theoretical and empirical evidence regarding the digital presence of SUS.

Objective:

To map and analyze the digital presence of SUS developed by the federal, state, Federal District, and municipal governments of the Brazilian capitals, comprising a corpus of 54 institutions.

Method:

A narrative literature review was conducted using the keywords "digital presence," "methodology," and "health" in Google Scholar. Only studies from the last ten years that addressed digital presence and ways of measuring it were included. Based on this review, a novel methodology was proposed, considering the public context and the three types of digital presence: owned, free/spontaneous, and paid. For owned digital presence, the mapping process began on the institution's website. To mitigate potential biases, the search was complemented in Google by combining the health department's name with the mapped channel. In a third verification level, the institution was also searched within the search fields of each social network, Google Play, and Spotify. A total of 22 channels were mapped, and grouped into nine categories: (I) digital pages (page, site, portal, and blog); (II) social networks (Facebook, X/Twitter, Instagram, YouTube, LinkedIn, and TikTok); (III) mobile technologies (apps, SMS, and WhatsApp); (IV) digital games; (V) mixed realities (virtual reality, augmented reality, and 360º productions); (VI) podcasts; (VII) newsletters; (VIII) publications; and (IX) other channels. For spontaneous/free digital presence, a search was conducted using the name of each institution on Google, observing the position obtained among the organic search results. For paid digital presence, requests were made under the Access to Information Law to determine whether the institution made financial investments in digital and online communication.

Results:

The Ministry of Health leads the national ranking of SUS digital presence, followed, in descending order, by the states of São Paulo, Santa Catarina, Bahia, and Minas Gerais, as well as the capital of São Paulo. In contrast, Rio Branco, Boa Vista, and Cuiabá showed the poorest performance. The Southeast region leads in digital presence, while the North occupies the last position. The Northeast and Midwest excel in spontaneous and free digital presence, while the South stands out in paid digital presence. The Union leads in all channels and types of digital presence; the States perform well in mixed realities and social networks, and the municipalities excel in mobile technologies. Based on these unprecedented results, the proposal is made for a SUS Digital Presence Observatory and a Communication Policy for the system. The thesis also presents a dossier of the digital presence of each of the health departments that comprised the study corpus.

Conclusion:

The digital presence of SUS is diverse and unequal, requiring integrated and continuous approaches to overcome this scenario. It plays a transformative role in strengthening the system and has the potential to reinforce the principles of SUS and ensure that constitutional precepts are fulfilled.