Publication year: 2024
Introdução:
Este estudo tomou como objeto a distribuição de manifestações de sofrimento psíquico entre graduandos e tomou como marco teórico o conceito de reprodução social, que é a expressão das diversas formas de inserção (ou não) das distintas classes sociais e suas frações, os grupos sociais, no trabalho(dimensão da produção) e seus consequentes modos de vida (dimensão do consumo). No que diz respeito ao coletivo de graduandos, essa heterogeneidade social determina desiguais experiências universitárias. Com esta compreensão, este estudo partiu do pressuposto de que também são distintas as expressões de sofrimento psíquico, coerentemente às condições de inserção social desses graduandos. Objetivo:
Identificar a relação entre os perfis de reprodução social e as manifestações de sofrimento psíquico, de estudantes de graduação em cursos da área da saúde da Universidade de São Paulo (USP). Método:
trata-se de um estudo transversal, fundamentado no materialismo histórico e dialético e mais especificamente na epidemiologia crítica. Os sujeitos de estudo foram constituídos por estudantes de graduação, de 12 cursos/unidades da saúde do campus da USP capital. Os dados foram coletados por meio de questionário online, estruturado, autoaplicável, com questões fechadas divididas em: características sociodemográficas, variáveis que compõem o índice da reprodução social (IRS), dados relacionados a sofrimento psíquico e Self Reporting Questinaire-20 (SRQ-20). Foi realizada análise descritiva, mediante uso de distribuições de frequências absolutas (n) e relativas (%), análise estatística bivariada com teste de Qui-Quadrado ou teste exato de fisher, para associação entre duas variáveis categóricas, o teste t de Student para comparação de médias entre dois grupos, coeficiente Alpha de Cronbach que avalia a consistência de SRQ-20 e a regressão logística para análise dos efeitos das características dos graduandos (variáveis explicativas), sobre o sofrimento psíquico. Resultados:
Participaram do estudo 188 estudantes de graduação da área de saúde. Os estudantes foram classificados em três grupos sociais, por meio do Índice 6 de Reprodução Social (IRS). A partir dessa classificação, 50,5% dos estudantes foram classificados no grupo social GSI, 26,1% no GSII e 23,4% no GSIII/GSIV. A maior parte dos universitários respondentes (70,7%) referiram apresentar sintomas que podem ser associados a sofrimento psíquico. Com relação a associação entre grupo social e sintoma de sofrimento psíquico, os estudantes com GSI demonstraram menor percentagem desse sofrimento (62,1%), se comparados com respondentes dos demais GSs (79,5% ou mais). A maior prevalência de sofrimento psíquico foi encontrada entre graduandos dos grupos GSIII/GSIV. Considerações finais:
é possível afirmar que há relação entre entre perfis de reprodução social e sofrimento psíquico de graduandos de cursos da área da saúde da Universidade de São Paulo (USP). O estudo destaca a importância de planejamento para identificação das condições de reprodução social de graduandos, especialmente entre ingressantes, e destaca a importância da implementação de políticas de enfrentamento ao sofrimento psíquico de universitários.
Introduction:
This study looked at the distribution of manifestations of psychological distress among undergraduates and took as its theoretical framework the concept of social reproduction, which is the expression of the various forms of insertion (or not) of the different social classes and their fractions, the social groups, in work (production dimension) and their consequent ways of life (consumption dimension). As far as the group of undergraduates is concerned, this social heterogeneity determines unequal university experiences. With this in mind, this study was based on the assumption that the expressions of psychological distress are also different, in line with the social insertion conditions of these undergraduates. Objective:
To identify the relationship between social reproduction profiles and manifestations of psychological distress among undergraduate students in health courses at the University of São Paulo (USP). Method:
This is a cross-sectional study based on historical and dialectical materialism and, more specifically, critical epidemiology. The study subjects were undergraduate students from twelve health courses/units on the USP capital campus. Data was collected using an online, structured, self-administered questionnaire with closed questions divided into: sociodemographic characteristics, variables that make up the social reproduction index (SRI), data related to psychological distress and the Self Reporting Questinaire-20 (SRQ-20). Descriptive analysis was carried out using absolute (n) and relative (%) frequency distributions, bivariate statistical analysis using the chi-square test or Fisher's exact test for the association between two categorical variables, Student's t-test for comparing means between two groups, Cronbach's alpha coefficient to assess the consistency of the SRQ-20 and logistic regression to analyze the effects of the undergraduates' characteristics (explanatory variables) on psychological distress. Results:
188 undergraduate health students took part in the study. The students were classified into three social groups using the Social Reproduction Index (IRS). Based on this classification, 50.5% of the students were classified in the GSI social 8 group, 26.1% in GSII and 23.4% in GSIII/GSIV. Most of the university respondents (77.7%) reported having symptoms that could be associated with psychological distress. With regard to the association between social group and symptoms of psychological distress, students in the GSI showed a lower percentage of psychological distress (62.1%) compared to respondents from the other GSs (79.5% or more). The highest prevalence of psychological distress was found among undergraduates in the GSIII/GSIV groups. Final considerations:
it is possible to state that there is a relationship between social reproduction profiles and psychological distress among undergraduates in health courses at the University of São Paulo (USP). The study highlights the importance of planning to identify the social reproduction conditions of undergraduates, especially among new students, and emphasizes the importance of implementing policies to deal with the psychological distress of university students.
