Publication year: 2024
Introdução:
A resistência antimicrobiana é uma ameaça à saúde global, ocasionada por diversos fatores. O uso inadequado dos antimicrobianos é considerado pela Organização Mundial da Saúde uma das suas principais causas. A dispensação de antibióticos com sobra na Atenção Primária pode contribuir para o uso inapropriado destes medicamentos. Que em posse da população podem favorecer a contaminação do meio ambiente se descartados inadequadamente. Objetivos:
O estudo tem como objetivo avaliar a viabilidade da intervenção do cuidado farmacêutico no uso racional dos antibióticos em uma unidade básica de saúde (UBS). Método:
Trata-se de um estudo longitudinal prospectivo de abordagem quantitativa sobre a intervenção do cuidado farmacêutico no uso racional de antibióticos. O estudo foi realizado em UBS do município de São Paulo/SP, no período de 01 de janeiro de 2024 a 30 de abril de 2024. A pesquisa foi dividida em duas etapas, sendo a primeira referente ao levantamento do perfil de dispensação dos antibióticos contendo sobras, realizado por meio das segundas vias das prescrições dispensadas na UBS. E a segunda etapa foi realizada uma intervenção do cuidado farmacêutico na qual foi proposta aos usuários a devolução das sobras do tratamento, por meio da abordagem direta com pacientes em terapêutica antimicrobiana, cujos medicamentos foram dispensados pela farmácia da UBS. Resultados:
O perfil de dispensação mostrou que 81,9% das 1.495 prescrições dos antibióticos dispensados contendo sobras devido à inadequação das embalagens provenientes dos fabricantes. Houve sobra na dispensação de 100% das prescrições de metronidazol 250 mg e nitrofurantoína 100 mg e o antibiótico com maior potencial de desperdício é o norfloxacino 400 mg com 28,7%. A intervenção farmacêutica resultou que 64,7% dos usuários não sabiam o que era antibiótico ou RAM; 76,5% não sabiam onde descartar as sobras dos medicamentos e 29,4% dos usuários atendidos retornaram para a devolução das sobras. A partir do exposto, propôs-se como produto o procedimento de fracionamento para protocolo de dispensação individualizada. Conclusões:
Conclui-se que a dispensação com sobras de antibióticos gera desperdício financeiro. Considerando a falta e conhecimento dos usuários sobre os antimicrobianos, as sobras favorecem ações que induzem ao consumo inadequado de antibióticos e consequentemente a resistência microbiana. Portanto, é crucial implementar protocolo para dispensação individualizada no atendimento farmacêutico e conscientizar a população sobre os riscos do uso e descarte inadequados de antibióticos.
Introduction:
Antimicrobial resistance is a global health threat, caused by various factors. The inappropriate use of antimicrobials is considered by the World Health Organization as one of its main causes. The dispensing of antibiotics with leftovers in Primary Care may contribute to the improper use of these medications. When in the hands of the population, this can lead to environmental contamination if disposed of improperly. Objectives:
The study aims to evaluate the feasibility of pharmaceutical care intervention in the rational use of antibiotics in a basic health unit (UBS). Method:
This is a prospective longitudinal study with a quantitative approach on the intervention of pharmaceutical care in the rational use of antibiotics. The study was conducted at a UBS in the municipality of São Paulo/SP, from January 1, 2024, to April 30, 2024. The research was divided into two stages:
the first involved assessing the profile of antibiotic dispensing with leftovers, carried out through the second copies of the prescriptions dispensed at the UBS. In the second stage, a pharmaceutical care intervention was performed, in which users were encouraged to return leftover medications through direct engagement with patients undergoing antimicrobial therapy, whose medications were dispensed by the UBS pharmacy. Results:
The dispensing profile showed that 81.9% of the 1,495 antibiotic prescriptions had leftovers due to inadequate packaging from manufacturers. There were leftovers in 100% of the prescriptions for metronidazole 250 mg and nitrofurantoin 100 mg, and the antibiotic with the greatest potential for waste was norfloxacin 400 mg at 28.7%. The pharmaceutical intervention revealed that 64.7% of users did not know what an antibiotic or ADR (Adverse Drug Reaction) was; 76.5% did not know where to dispose of leftover medications, and 29.4% of the users returned the leftovers. Based on these findings, a dosage-splitting procedure was proposed as a product to create a protocol for individualized dispensing. Conclusions:
It is concluded that dispensing antibiotics with leftovers leads to financial waste. Considering the lack of knowledge among users about antimicrobials, leftovers encourage actions that lead to inappropriate antibiotic use and, consequently, microbial resistance. Therefore, it is crucial to implement a protocol for individualized dispensing in pharmaceutical care and raise public awareness about the risks of improper use and disposal of antibiotics.
