Qualidade de vida como indicador assistencial no atendimento de idosos em uma unidade de atenção secundária na cidade de São Paulo, necessidade de cuidados paliativos e avaliação de desfechos associados

Publication year: 2024

Introdução:

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a população mundial está envelhecendo e que todos os países ao redor do mundo estão vivenciando um aumento na proporção da população idosa. No município de São Paulo foram regulamentadas as Unidades de Referência àSaúde do Idoso (URSI) para atendimento de idosos frágeis, com diagnóstico de demência em qualquer estágio, com risco aumentado para quedas e/ou com diagnóstico de depressão grave, compondo a rede de atenção à saúde da pessoa idosa municipal. Estudos afirmam que fragilidades física, psicológica e social são fatores preditores de qualidade de vida.

Objetivo:

Avaliar o impacto do atendimento em uma URSI na cidade de São Paulo, por 6 meses, na qualidade de vida dos idosos atendidos, os desfechos associados ao atendimento e necessidade de suporte em Cuidados Paliativos.

Método:

Estudo quantitativo, do tipo coorte prospectivo. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da EEUSP sob o parecer nº 5.788.212. Foram coletados dados registrados em prontuário e a avaliação e reavaliação da qualidade de vida ocorreu por meio de entrevistas face a face, realizada por uma profissional de enfermagem, utilizando o instrumento WHOQOL-BREF / WHOQOL-OLD (desenvolvido pela OMS para avaliação da QV de pessoas idosas). Os dados foram analisados por software estatístico, descritos em frequências absolutas e relativas e variação na QV foi analisada por meio do teste Modelo de efeitos mistos.

Resultados:

Foram incluídos 64 participantes, com idade média de 76 anos e maioria do sexo feminino (68,45%). Conforme dados em prontuário, declararam residir sozinhos 32,8% e 29,7% consideraram não ter suporte social. Possuíam um cuidador 53% e destes, quase 80% eram mulheres. Referiram queda nos últimos 12 meses 67% dos participantes, 50% apresentaram alguma queixa cognitiva, 79,37% referiram dor crônica e 56,67% considerava sua dor incapacitante. Dos 64 participantes incluídos que responderam pela primeira vez as escalas WHOQOL-OLD/WHOQOL-BREF, 42 foram reavaliados pelas mesmas escalas após seis meses. Não foi possível identificar variações estatisticamente significantes na variação da QV. Em seis meses, quatro participantes receberam alta do serviço e dois evoluíram a óbito. Sofreram quedas 47% dos participantes, 8% passou por internação hospitalar, 20,3% apresentou algum tipo de agravo clínico, 18,7% procurou o pronto-atendimento e 9,4% receberam diagnóstico médico de demência em estágio inicial. Foram identificados, pela ferramenta SPICT-Br, 37,5% com necessidade de suporte em cuidados paliativos. Foram realizadas, por participante no período, em média duas consultas com médico geriatra e 14 consultas com a equipe multiprofissional.

Conclusão:

Não foi possível identificar significância na variação da qualidade de vida dos idosos atendidos em um URSI em seis meses. Esse estudo pode embasar revisões no documento que norteia o funcionamento das URSI. Mais estudos são necessários para avaliação de desfechos relacionados ao atendimento das URSI.

Introduction:

The World Health Organization (WHO) states that the global population is aging and that all countries around the world are experiencing an increase in the proportion of elderly individuals. In the municipality of São Paulo, the Elderly Health Reference Units (URSI) were established to provide care for frail elderly individuals diagnosed with dementia at any stage, those at increased risk of falls, and/or those with a diagnosis of severe depression, forming part of the municipal healthcare network for the elderly. Studies indicate that physical, psychological, and social frailties are predictive factors for quality of life.

Objective:

To assess the impact of care provided at a URSI in São Paulo over six months on the quality of life of the elderly patients, the associated outcomes, and the need for support in Palliative Care.

Method:

A quantitative, prospective cohort study. It was approved by the Research Ethics Committee of EEUSP under opinion number 5.788.212. Data were collected from medical records, and the evaluation and re-evaluation of quality of life were conducted through face-to-face interviews by a nursing professional, using the WHOQOL-BREF / WHOQOL-OLD instrument (developed by WHO to assess the quality of life of elderly individuals). The data were analyzed using statistical software, described in absolute and relative frequencies, and the variation in quality of life was analyzed using mixedeffects models.

Results:

A total of 64 participants were included, with an average age of 76 years, the majority being female (68.45%). According to medical records, 32.8% reported living alone, and 29.7% felt they had no social support. 53% had a caregiver, of whom almost 80% were women. 67% of participants reported falls in the last 12 months, 50% had some cognitive complaint, 79.37% reported chronic pain, and 56.67% considered their pain debilitating. Of the 64 participants who completed the WHOQOL-OLD/WHOQOL-BREF scales for the first time, 42 were re-evaluated using the same scales after six months. No statistically significant variations in quality of life were identified. Over six months, four participants were discharged from the service, and two passed away. 47% of participants experienced falls, 8% were hospitalized, 20.3% had some form of clinical deterioration, 18.7% sought emergency care, and 9.4% received a medical diagnosis of early-stage dementia. Using the SPICT-Br tool, 37.5% were identified as needing support in palliative care. On average, each participant had two consultations with a geriatrician and 14 consultations with the multidisciplinary team during the period.

Conclusion:

No significant changes in the quality of life of elderly patients treated at a URSI were identified over six months. This study may support revisions to the document guiding the operation of URSIs. Further studies are needed to evaluate outcomes related to URSI care.