Publication year: 2025
Introdução:
A Enfermagem em Saúde Materna e Obstetrícia exige que o Enfermeiro Especialista atue de forma autónoma, com uma intervenção especializada, independente e/ou interdependente. Para tal, é imprescindível que possua competências técnico-científicas avançadas, capacidade de pensamento crítico e reflexivo, bem como habilidades interpessoais, comunicacionais e ético-deontológicas. O Estágio de Natureza Profissional foi uma oportunidade única para aplicar e aprofundar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso, permitindo o desenvolvimento de competências essenciais nesta área. Este relatório reflete sobre as experiências vividas durante o estágio, com ênfase na introdução do aleitamento artificial ao recém-nascido durante o internamento hospitalar pós-parto. A amamentação, amplamente recomendada pela Organização Mundial da Saúde como a melhor forma de nutrição para o recém-nascido, no entanto, observou-se uma elevada introdução de fórmulas infantis ainda no ambiente hospitalar, um fator que pode comprometer a continuidade do aleitamento materno. Assim, é fundamental identificar os fatores que influenciam a introdução de fórmulas lácteas artificiais, reconhecendo que, embora a relação não seja sempre direta, o seu entendimento permite colmatar barreiras e criar estratégias mais eficazes na promoção da amamentação exclusiva. Objetivo:
Este relatório tem como objetivo desenvolver competências na prestação de cuidados especializados de Enfermagem em Saúde Materna e Obstetrícia, descrever e refletir sobre as atividades desenvolvidas e competências adquiridas ao longo do Estágio de Natureza Profissional; contribuir para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados, através da implementação de práticas baseadas em evidência científica; e apresentar os resultados da investigação realizada. O estudo de investigação teve como objetivo mapear o conhecimento científico existente acerca dos fatores que levam à introdução do aleitamento artificial durante o internamento hospitalar. Metodologia:
A prestação de cuidados de enfermagem especializados à mulher, recém-nascido e família, pautou-se pelos pressupostos teóricos de Afaf Meleis com a Teoria das Transições. Foi realizada uma análise crítico-reflexiva das atividades desenvolvidas, com base nas competências comuns e específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica. Para a componente investigativa, recorreu-se à metodologia de Scoping Review, seguindo as diretrizes do Joanna Briggs Institute, com a questão de investigação: “Quais os fatores que influenciam a introdução do aleitamento artificial ao recém-nascido durante o internamento hospitalar após o parto?”. Resultados:
Durante o estágio, foram adquiridas as competências necessárias para a prática especializada de enfermagem em saúde materna e obstétrica. Também o estudo de investigação desenvolveu conhecimentos aprofundados na área da amamentação. Os resultados dos 12 estudos analisados revelaram quatro categorias de fatores associados à introdução do aleitamento artificial:
fatores maternos (perceção insuficiente de leite, ansiedade, idade materna, exaustão e preferência), fatores neonatais (idade gestacional, peso ao nascimento, perda de peso, hipoglicemia, icterícia, dificuldades na pega), práticas hospitalares e apoio profissional (tipo de parto, atraso no contacto pele a pele e não amamentar na 1ª hora de vida) e influência familiar e sociocultural (escolaridade materna, condição socioeconómica e pressão familiar/social). Conclusão:
Os objetivos do estágio foram alcançados, tendo-se verificado um crescimento significativo em competências técnicas, científicas e relacionais na área da enfermagem de saúde materna e obstétrica. O Enfermeiro Especialista desempenha um papel essencial na promoção e apoio ao aleitamento materno, sendo fundamental implementar estratégias que previnam a introdução precoce do aleitamento artificial sem necessidade clínica. Este estudo evidencia a importância da formação contínua dos profissionais de saúde e da implementação de políticas hospitalares que priorizem o aleitamento materno, garantindo uma abordagem baseada na evidência e centrada na família
Introduction:
Maternal Health and Obstetric Nursing requires the Specialist Nurse to act autonomously, with a specialised, independent and/or interdependent intervention. To this end, it is essential that they possess advanced technical-scientific competences, critical and reflective thinking skills, as well as interpersonal, communication and ethical-deontological skills. The Professional Internship was a unique opportunity to apply and deepen the theoretical knowledge acquired throughout the course, allowing the development of essential skills in this area. This report reflects on the students’ experiences during the internship, with an emphasis on the introduction of artificial feeding to the newborn during the postpartum hospital stay. Breastfeeding is widely recommended by the World Health Organisation as the best form of nutrition for the newborn, yet high frequency of introduction of infant formula while still in hospital was observed, a factor that can compromise the continuity of breastfeeding. It is therefore essential to identify the factors that influence the introduction of artificial milk formulas, recognising that, although the relationship is not always direct, understanding these factors helps to overcome barriers and develop more effective strategies to promote exclusive breastfeeding. Objective:
This report aims to develop skills in the provision of specialised Maternal Health and Obstetric Nursing care, to describe and reflect on the activities carried out and skills acquired during the Professional Internship; to contribute to improving the quality of care provided through the implementation of practices based on scientific evidence; and to present the results of the research carried out. The aim of the research study was to map existing scientific knowledge about the factors that lead to the introduction of artificial feeding during hospitalisation. Methodology:
The provision of specialised nursing care to women, newborns and their families was based on the theoretical assumptions of Afaf Meleis and Transitions Theory. A critical-reflective analysis was made of the activities carried out, based on the common and specific competences of the Specialist Nurse in Maternal and Obstetric Health Nursing. For the research component, the Scoping Review methodology was used, following the guidelines of the Joanna Briggs Institute, with the research question: ‘What factors influence the introduction of artificial breastfeeding to the newborn during hospitalisation after childbirth?’.Results:
During the internship, the necessary skills for specialised nursing practice in maternal and obstetric health were acquired. The research study also developed in-depth knowledge in the area of breastfeeding. The results of the 12 studies analysed revealed four main categories of factors associated with the introduction of artificial feeding:
maternal factors (perception of insufficient milk, anxiety, maternal age, exhaustion and preference), neonatal factors (gestational age, birth weight, weight loss, hypoglycaemia, jaundice, difficulties in latching on), hospital practices and professional support (type of delivery, delay in skin-to-skin contact and not breastfeeding in the first hour of life) and family and sociocultural influence (maternal education, socioeconomic status and family/social pressure). Conclusion:
The objectives of the internship were achieved, with significant growth in technical, scientific and relational skills in the area of maternal health and obstetric nursing. The specialist nurse plays an essential role in promoting and supporting breastfeeding, and it is essential to implement strategies that prevent the early introduction of artificial breastfeeding without clinical need. This study highlights the importance of continuous training for health professionals and the implementation of hospital policies that prioritise breastfeeding, ensuring an evidence-based, family-centred approach.
